quinta-feira, 23 de outubro de 2008

Qual a função de um regente coral?

Eduardo Lakschevitz, diz em um artigo seu que está à disposição no site da Oficina coral que

" ... a idéia de transmissão de mensagens do regente para seu grupo soma-se à capacidade de liderança como a principal função do regente.

Em O ócio criativo, texto no qual procura mostrar o fim da sociedade industrial e início de uma nova era dita pós-moderna, Domenico de Masi (2000) apregoa uma mudança radical nas relações de trabalho. A figura do gerente como supervisor do processo criativo não seria mais necessária uma vez que, através de uma série de mudanças que já podemos perceber em nossa sociedade, o próprio executor do trabalho seria capaz de fazê-lo diretamente, cortando, assim, pelo menos uma camada hierárquica nas instituições. De todos os focos de resistência a esse processo de mudança, um dos mais fortes seria o corporativismo. Seguindo o autor, gerentes não abrirão mão facilmente de seus postos, mesmo cientes de sua potencial inutilidade (Masi,1999).

Se imaginarmos a situação acima no microcosmo de um grupo coral, onde o regente se equipara ao gerente descrito, poderemos chegar a uma ótica mais aproximada da função real do regente. Perceberemos que este deve se esforçar constantemente para identificar quais de seus procedimentos são absolutamente necessários no exercício de sua liderança, tornando, assim, sua presença um fator imprescindível ao funcionamento de sua comunidade, o coro. É a atitude oposta ao abuso de autoridade.

“O melhor regente é o não-regente”, costuma dizer o Prof. Gary Hill7 aos seus alunos de regência, que, num primeiro momento, recebem a informação com um misto de indagação e até mesmo espanto. “O regente nunca é neutro: ele necessariamente está ajudando ou atrapalhando a produção da boa música”, continua ele, insistindo na importância da liderança. “Qualquer gesto seu, voluntário ou não, tem grande influência no produto final”.

Durante os concertos do III Simpósio da IFCM (International Federation for Choral Music), acontecido em Vancouver, Canadá, em 1993, chamou-me a atenção o grande número de coros cujos regentes pareciam cautelosos quanto aos “excessos” de sua atividade. Alguns até mesmo retiravam-se da frente de seu grupo, evitando, assim, quaisquer tipos de movimentos supérfluos."

Leia mais em http://www.oficinacoral.org.br/ , no site entre em CANTADOR e depois em artigos.


*Eduardo Lakschevitz - mestre em Regência Coral pela Universidade de Missouri-Kansas City (EUA). Prof. na UNIRIO. Desde 1991 atua como regente, professor e palestrante em diversos cursos e simpósios no Brasil e nos Estados Unidos. É doutorando em Educação Musical pela UNIRIO. É regente do Coro FENASEG, e do Coral da TV Globo. É pesquisador do fenômeno da liderança associado à atividade do regente coral, tema sobre o qual há dois anos realiza palestras e treinamentos. Seus arranjos e composições corais têm sido publicados e gravados no Brasil, Estados Unidos, Venezuela e Eslovênia.

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