terça-feira, 25 de agosto de 2009

Pensando junto com Alice

Diálogos do livro Alice no país das maravilhas de Lewis Carrol:

"... A senhora me desculpe, mas no momento não tenho muita certeza. Quer dizer, eu sei quem eu era quando acordei hoje de manhã, mas já mudei uma porção de vezes desde que isso aconteceu. (...) Receio que não possa me explicar, Dona Lagarta, porque é justamente aí que está o problema. Posso explicar uma porção de coisas mas não posso explicar a mim mesma.

.............

"Concordo inteiramente com você - disse a Duquesa. - E a moral disso é:
Seja o que você pareceria ser.
Ou se você preferir isso dito de uma maneira mais simples:

"Nunca se imagine como não sendo outra coisa
do que aquilo que poderia parecer aos

outros que aquilo que você foi ou poderia ter sido
não fosse outra coisa do que o que você poderia ter sido
parecia a eles ser outra coisa'"


- Acho que eu poderia entender isso melhor -
disse Alice de maneira muito educada - se estivesse tudo escrito.
Mas, desse jeito, eu não consigo entender o que você quer dizer .


......................
abraços

Westh Ney
Seminário Teológico Batista do Sul do Brasil - STBSB, Tijuca - Rio
Um lugar onde se aprende a orar, a liderar e a pesquisar.
Cursos de Teologia, Música e Pedagogia

Será que fui eu que mudei à noite?

Um amigo virtual, em uma lista de debates, o prof. e pr. João Pedro Gonçalves de Brasília, citou um diálogo do livro Alice no país das maravilhas de Lewis Carrol
– Quando eu uso uma palavra, – Humpty Dumpty disse com certo desprezo – ela significa o que eu quiser que ela signifique... Nem mais nem menos.

Então me lembrei de grandes desencontros que tenho visto e de conversas e discussões irrelevantes ou mesmo desnecessárias e não pude deixar de lembrar da Alice, perdida em um mundo diferente e estranho ao seu, perdida e não entendendo o seu tamanho e também como se colocar nesta nova situação de mudança . Presa ainda na sua antiga vida e já perdendo o referencial e não entendendo as novas mudanças tão rápidas, diz no capítulo dois assim:

"Meu Deus! Meu Deus! Como tudo é esquisito hoje. E ontem era tudo exatamente como de costume! Será que fui eu que mudei à noite? Deixe-me pensar: eu era a mesma quando eu levantei hoje de manhã? Eu estou quase achando que posso me lembrar de me sentir um pouco diferente. Mas se eu não sou a mesma, a próxima pergunta é: Quem é que eu sou? Ah, essa é a grande charada."

Acho que não devo explicar nada, pois esta fala de uma criança - a Alice - , nesta obra de arte literária, já nos toca. Aliás, esta é a função de uma obra de arte. Ela não precisa de bulas e nem de mapas para sua compreensão.

segunda-feira, 24 de agosto de 2009

ASTOR PIAZZOLLA - Libertango e Cierra tus ojos y escucha

Orquestra típica De Puro Guapos. Tango instrumental brasileiro. http://www.depuroguapos.com...
CD "DE PURO GUAPOS AO VIVO"



...

LiberTango II, Sala Baden Powell, Rio, 21/07/07

Cierra tus ojos y escucha, Astor Piazzola
Estela Caldi(piano), Alexandre Caldi (sopros), Marcelo Caldi (acordeão).
Participações especiais: Nicolas Krassic (violino) e André Santos (contrabaixo).

André Santos (contrabaixo) é da IB Itacuruçá, Tijuca, Rio

Chorinho na Sala Baden Powell



Avenida Nossa Senhora de Copacabana 360, Rio de Janeiro
a.. Telefone: (21) 2548-0421
A Sala Baden Powell, antes chamada Cine Ricamar, recebeu esse nome em homenagem ao grande músico violonista. O lugar hoje é destinado para espetáculos musicais de todos os tipos, desde corais e concertos até teatros musicais. A sala é grande, as poltronas são acolchoadas e há assentos embaixo e em cima. No "hall", cadeiras e mesas para conversar e comer ou beber alguma coisa

domingo, 23 de agosto de 2009

Ouça o Coro Oratório do STBSB

GOSPEL MASS de Robert Ray (1946)


I. Kyrie - Tem piedade, Senhor
Solistas - Cosme dos Santos e Júlia Félix

II. Gloria - Glória a Deus nas alturas
Solistas - Ana Carla Sant’Anna e Joyce Santos

III. Credo - Eu creio em Deus
Solistas - Aline Dantas

IV. Aclamação - Al
eluia! Dai louvor
Solistas - Marcus Gerhard

V. Santo - Santo, Santo é nosso Deus
Solistas - Gabriel Bom

VI. Agnus Dei - Cordeiro de Deus
Solistas - Enoque Verli e Adriana Moraes


Apresentado em nov de 2008, e reapresentado em partes, em recital, nas viagens pelo Coro na Bagagem (STBSB) em alguns lugares do país.www.seminaridodosul.com.br



terça-feira, 18 de agosto de 2009

Coro na Bagagem na PIB de Vitória

Cantaram no domingo pela manhã, dia 16/8 na PIB de Vitória.



















Conjunto de Sinos da Igreja








1.



































Coro na Bagagem e Westh Ney em fotos - Vila Velha

IGREJA BATISTA DA GLÓRIA EM VILA VELHA

OFICINAS:

1. EQUPE DE LOUVOR - Nadyne Lima












2. CANTO AVANÇADO - Rivelino de Aquino


3.CANTO INICIANTE com Tâmra Suellen, Priscila de Oliveira e Júlia Félix






4. ORQUESTRA com Leonardo Cunha




5. LIDERANÇA - Westh Ney














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RECITAL - sábado dia 15/8







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CULTO CANTADO, domingo, dia 16/08





quinta-feira, 13 de agosto de 2009

AGENDA – Projeto musical Coro na Bagagem do Seminário do Sul (desde 2005)

*****
AGENDA – Coro na Bagagem do Seminário do Sul



AGOSTO
Dias 15 e 16 - Em Vila Velha e Vitória no Espírito Santo


Programação:

1. Sábado - 10h30 / 12h - palestra sobre Liderança - Profa. MM Westh Ney
- 15h até 17h - Oficinas
1) Canto avançado -
Prof. MM Rivelino de Aquino
2) Canto iniciante -
MM Tâmara Suellen e formanda Júlia Félix
3) Banda/Equipe de louvor -
formanda Nadyne Lima
4) Orquestra -
Prof. MM Leonardo Cunha
5) Regência -
MM Luis Armando de Oliveira

- Noite -
Recital, incluindo músicas da Gospel Mass (Liturgia gospel), na IB da Glória -

- Dia 16, domingo, manhã -
PIB VITÓRIA – Participação no culto
19h45 - noite -
Igreja Batista da Glória - Culto cantado

1. IGREJA BATISTA DA GLÓRIA
Pr. Joel Félix
MM Carlos Roberto Berto

Travessa Pr. Armando Negreiros, 61
Glória, Vila Velha ES
Culto: Domingo às 19h45min
CULTO AO VIVO


2. PIB VITÓRIA
Pr. Oliveira de Araújo
MM Alzira de Araújo
Av. Marechal Mascarenhas de Moraes, 595
Centro, Vitória - tel.:(27) 3434.6600
pibv@terra.com.br

CORO - 2009



Aline Dantas Botelho; Ana Claudia de Oliveira; Ana Priscila Lacerda; Cosme dos Santos; Darlei Ramos; Enoque Verli; Felipe Alves; Gabriel Bom; Geremias Pereira; Gisele Cordeiro; Gustavo Germano; Itamar de Abreu; Janaína Coelho; Jobi Pires; Joyce Santos; Júlia Félix; Luis Armando de Oliveira;Lydia Lorenzo; Marco Aurélio Verçosa; Marcus Gerhard; Milena Arca; Miriã Cristini Garcia;Nadyne Lima; Priscila Maia; Ronaldo Peryles; Tâmara Santiago.

CORO NA BAGAGEM

A- Fotos -
1 - http://www.orkut.com.br/Main#Album.aspx?uid=4860619414194545954&aid=1212265616

2 - http://www.orkut.com.br/Main#Album.aspx?uid=4860619414194545954&aid=1222151048

3 - http://www.seminariodosul.com.br/site/index.php?option=com_content&task=view&id=523&Itemid=42

B. Folder, textos -
1 - http://www.orkut.com.br/Main#AlbumZoom.aspx?uid=4860619414194545954&pid=1226892683870&aid=1222151048$pid=1226892687826

2 - http://www.seminariodosul.com.br/site/index.php?option=com_content&task=view&id=645&Itemid=42

3. http://www.youtube.com/watch?v=TrUqDKAUfbo&feature=related

C - OUVIR e VER - vídeos desde 2006

1. http://www.youtube.com/watch?gl=BR&hl=pt&v=g1lz6Du0WxM
2. http://www.youtube.com/watch?gl=BR&hl=pt&v=Tdyzz03ikAA
3. http://www.youtube.com/watch?v=KDiZPGyoz5Y

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O Projeto musical Coro na Bagagem tem como objetivo o treinamento dos alunos e a visita aos campos, onde por certo um dia estarão servindo. Desenvolvem bons relacionamentos interpessoais ao compartilharem quartos, ônibus, alegrias, sonhos, emoções, aprendendo a viver em grupo, juntos na caminhada, convivendo mais de perto com seus professores.

Cantam em igrejas, teatros, casas de cultura, praças e logradouros públicos levando música bem feita, de qualidade e de devoção que fala sobre o amor de Deus e a Graça de Cristo que nos faz irmãos. Em cada lugar que passam dão um bom testemunho do que uma vida vocacionada por Deus e preparada pelo Seminário do Sul pode fazer pelo Reino do Deus. Nos cultos participam não só cantando, mas regendo, orando e testemunhando.

Além das oficinas de música que promovem nas igrejas visitantes, ouvem palestras dos pastores ou ministros de música sobre as necessidades de cada lugar e experiências interessantes. Realizams cultos cantados com mensagens falada e cantada nas igrejas visitadas.

Algumas OFICINAS que promovem, de acordo com as necessidades locais:
Acompanhamento (piano, ) Canto para solistas iniciantes, Canto para solistas avançados, Canto para coristas; Liderança, Musicalização infantil, Bandas ou grupos de condução de cantos, Regência, Culto, Regência congregacional, Técnica vocal em grupo, Administração eclesiástica (tesourarias, secretaria, atas) , Violão, Guitarra, Bateria, Teclado, Violino, Flauta doce e tranversa, além de palestras para casais e jovens.
Estão terminando a gravação do seu 1ºCd.

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Projeto Coro na Bagagem
http://www.seminariodosul.com.br/site/index.php?option=com_content&task=view&id=510&Itemid=42

contato:2570-1833

Prof. Theógenes de Figueiredo, coordenador do Curso de música e do projeto


Deus abençoe a todos.

abraços
Westh Ney
Seminário Teológico Batista do Sul do Brasil - STBSB, Tijuca - Rio
Cursos de Teologia, Música e Pedagogia
www.seminariodosul.com.br
"O Espírito chama, a igreja separa e o seminário prepara".

SERVIÇOS:


1. CD com canções sacras para o povo cantar.


Ministério de Louvor Adoração e Santidade, Marcelo Neles, a PIB de Parque Anchieta e Cadu Barcelos.

Vejam a gravação no you tube - Marcelo é este jovem (28) de camisa verde no teclado.

A PIB de Parque Anchieta está lançando um CD com canções congregacionais. Será ainda este ano- 2009 - e editoração/musicografia com o Cadu Barcelos - cadubarcelos@gmail.com

O resultado financeiro deste CD será revertido para a obra missionária e para a compra de instrumentos musicais e financiamento de bolsas de estudo para outros que desejam estudar música - da PIB de Parque Anchieta.

A Igreja hoje tem 3 seminaristas de música estudando no STBSB, mas ele foi o pioneiro lá nesta Igreja. Os músicos que tocam na Igreja são frutos do ministério de música do Marcelo Neles, que se formou em 2004 no Seminário do Sul.
São 3 sax, 1 trompete, flauta transversal, 1 baixo acústico, 3 cellos e 12 violinos, elétricos e percussão.

Os metais que tocaram com o Coro Oratório (regente Rivelino de Aquino) no Encontro em Agosto de 2009, da AMBB, são da Igreja dele.

Marcelo tem 28 anos e sempre foi desta Igreja. As composições são suas. Os arranjos também.

Contatos:
MM Marcelo Neles
mmneles@terra.com.br
8799- 6800

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2. REGISTRO DE SUAS MÚSICAS E SEU GRUPO
Texto retirado do http://www.rivelinodeaquino.com.br/first.html

O registro de sua obra (letra, partitura) e do seu nome artístico são importantes para que você se proteja contra eventuais piratarias e uso indevido do seu nome por terceiros.

Colocando sua música na Internet, você já estará relativamente protegido, uma vez que terá que comprovar, parcialmente, ser o seu autor. Contudo, isso não é a maneira legal nem a mais segura para comprovação da titularidade da sua obra.

A maneira legal de se proteger segura e definitivamente de eventuais usurpações, é simples e barata, e garante, inclusive, o direito ao recolhimento do valor correspondente aos direitos autorais, caso um terceiro deseje se utilizar de sua obra.

O controle e recolhimento do valor correspondente aos direitos autorais poderá ser feito pessoalmente ou através de entidades cadastradas do ECAD (enquanto ele existir). Para maiores informações a respeito, o telefone do ECAD é (11) 287-6722 (Av. Paulista, 171 - 4º andar).

No Rio de Janeiro, por exemplo, procure o Escritório de Direitos Autorais (EDA/BN). Ele fica na Rua da Imprensa, 16; 12º andar, salas 1205/10; tel: (21) 220-0039 e fax: (21) 240-9179. Ou a Escola Nacional de Música, que fica na Rua do Passeio, 98 - TEL. (21) 240-1391. Em São Paulo, entre em contato com a Biblioteca Nacional, (011) 825-5249 (Alameda Nothmann, 1058).

Caso você não more em nenhuma dessas localidades, procure se informar sobre o órgão responsável pelo registro no seu Estado.

Veja neste site - http://www.rivelinodeaquino.com.br/9.html - várias dicas sobre:

1. BANDA - Registrar o nome
2. ORDEM DOS MÚSICOS DO BRASIL (OMB)
3. SINDICATO DOS MÚSICOS
4. DIREITO AUTORAL e
5. REGISTRO DE MÚSICAS
6. ASSOCIAÇÕES DE TITULARES DE DIREITOS AUTORAIS E CONEXOS
7. REGISTRO DE BANDAS


Abraços,
Westh Ney
“... dizem que a justiça é lenta, mas eu nunca vi nada mais rápido que a injustiça." Sófocles em Antígona.

quarta-feira, 12 de agosto de 2009

Não se pode perder o foco - Prof. Dionisio Soares

Sermão pregado na Capela do Seminário do Sul - STBSB, em 19/08/2008)

Texto: 1Rs 17 (ciclo de Elias, 17-19)

Introdução:
Contextualização histórica: em 16,29-33 o narrador apresenta o Rei Acabe e sua mulher, a Rainha Jezabel, oriunda de Tiro (país dos fenícios). Ela era filha de um sacerdote da deusa Astarte, o qual havia usurpado o poder em Tiro na mesma época que Amri, pai de Acabe, em Israel. Ambos usurpadores do poder, selaram uma união familiar, cujas conseqüências religiosas são relatadas nos versos finais do capítulo 16 (a introdução do culto a Baal em Israel).
Entretanto, gostaria de concentrar minha atenção na atuação do profeta de Deus, o grande Elias. Assim, destacaremos alguns pontos, brevemente, nesta noite:

1. Elias busca um duelo de poder com o Rei Acabe: é o profetismo de poder

a) Elias anuncia uma seca da qual ele mesmo, depois, se torna vítima. Não há menção da ordem de Deus (apenas a afirmação do profeta acerca de Deus, “a quem sirvo”). Sua pessoa está em destaque: “a não ser quando eu ordenar”.

b) A seca desafiava o poder de Baal: é sabido que essa divindade Cananéia era o mais importante dos deuses, associado à agricultura, à chuva e à fertilidade dos rebanhos. Elias coloca Iahweh em condição de rivalidade com Baal, numa disputa de poder.

c) Claro está que Iahweh é diferente de Baal: mas é esta diferença, ou seja, ser mais poderoso, que Deus quer revelar? Creio que não.

d) Interessante é observar a ruptura que se dá no verso 2: Deus o manda para longe do centro de poder, para Sarepta, à casa de uma viúva, vítima, por seu ato, da seca, com seu filho morto: nada mais forte para representar a fragilidade.

e) Um dos possíveis significados da palavra Sarepta é “purificar”.

2. Elias e seu período em Sarepta

a) É para Sarepta que Deus envia Elias: lá ele entra em contato com as situações corriqueiras do povo: é para isso que ele foi chamado. E nós? A tentação da estrutura de poder é muito forte. É necessário que não percamos o foco. Para que estamos aqui?

b) Como se perde o foco? Por exemplo, quando se adota as mesmas armas do inimigo, suas mesmas estratégias. Elias equiparou Deus a Baal nesta disputa. Não é essa diferença (o ser mais forte) que Deus precisa revelar. Por exemplo, quando você usa a ética situacionista, ou quando se coaduna aos padrões de nossa sociedade secularizada..., ou quando dá um jeitinho para escapar de certas situações... Isso não seria falta de honestidade? Ética? Adotar as mesmas armas do inimigo?

c) Você, estudante: você perdeu o foco? Seu ministério começa aqui; você já é o ministro chamado por Deus. Entretanto, você não pode perder o foco disso. Você não passará a ser ungido a partir do ritual de consagração: você já é ungido, ou não é.

Por exemplo, alunos que entregam atividades que não efetuaram, como se as tivesse efetuado. Isso não seria falta de honestidade? Ética? Adotar as mesmas armas do inimigo?

Como você ensinará ética e honestidade aos seus liderados, aos seus filhos?

O professor que não prepara sua aula (despeja o que está na cabeça), ou passa trabalhos não os lê (dar as notas aleatoriamente), ou o funcionário que não desempenha bem a sua função, mas no dia do pagamento esbraveja pelo seu salário...

Talvez você considere tudo isso uma bobagem, coisas sem importância, mas uma passagem nos Evangelhos afirma que se você não é fiel no pouco, não o será no muito; se você não é honesto com dez reais, não acredito que o será com um milhão!

d) Em Sarepta Elias desempenha o papel de servo autêntico de Deus, reconhecido por uma simples viúva, como Deus queria, diferentemente da resposta do Rei (silêncio): cf. 17, 1 e 24.

e) E o que aconteceu a Elias após a purificação de Sarepta? Voltou às estruturas de poder. Após dois anos, Deus chama Elias e diz que quer mandar chuva sobre a terra.

3. Elias pós-Sarepta

a) O profeta age sozinho novamente: provoca um duelo entre Deus e Baal sem a ordem daquele. Reúne o povo, estabelece um palco: como os profetas que praticam o profetismo de poder gostam de um palco, gostam de aparecer? Como é bom estar na televisão, no rádio... Mas estar num cantão, com uma viúva e um menino morto...

b) Conseqüência: Deus é tentado, manda o fogo desafiado pelo profeta, e este promove uma carnificina por conta própria, nos moldes da Rainha Jezabel (havia exterminado vários profetas de Israel). Mas uma vez, ele se iguala à família real: perde o foco.

4. Elias finalmente se rende à vontade de Deus: reencontra seu foco

a) Elias vai do Carmelo (o monte da disputa pelo poder) ao Horeb, o monte de Deus: refazer a caminhada do Êxodo (inclusive no número: 40), e, escondido numa caverna, finalmente encontra a real vontade de Deus (como já havia ocorrido, no Êxodo, com Moisés).

b) O diálogo com Deus é revelador: após as manifestações violentas da natureza (típicas de Baal, como a tempestade), Deus se manifesta numa brisa suave e leve, mostrando ser diferente daquele deus de Jezabel e Acabe, mas não na força (demonstração de poder), mas em essência.

c) Após provar o gostinho do poder e não se satisfazer (ter perdido o foco), Elias está arrasado, e então consegue ouvir a voz de Deus. Agora sim, Elias está pronto para recuperar o foco.

Conclusão:
É necessário não perdermos o foco:[

a) Não buscarmos o profetismo de poder;

b) Não adotarmos as mesmas armas do inimigo: eu diria hoje, os mesmos valores da sociedade que nos rodeia, a qual não tem compromisso com Deus, mas sim com os Baals da pós-modernidade: ética, honestidade, amor ao próximo acima de tudo...

c) Sigamos o exemplo do próprio Cristo, o qual em nenhum momento buscou o profetismo de poder, mas de simplicidade e humildade.

d) Para isso, é mister largarmos o Carmelo, nos purificarmos em Sarepta, e fazermos a caminhada para o Horeb, para Deus, onde deve estar o nosso foco: é preciso não perder o foco.

Abraços,
Dionísio - dionisiosoares2001@yahoo.com.br

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Prof. Dionisio O. Soares do STBSB, está fazendo seu doutorado “sandwiche” em Yale.
Researcher Fellow
Yale University
Divinity School
409 Prospect St.
New Haven, CT 06511

terça-feira, 4 de agosto de 2009

A missão da igreja e a capacitação ministerial

Pr. Isaltino Gomes Coelho Filho, preparado para a Aula Inaugural do CCC ABAME, na Região Metropolitana de Belo Horizonte, dia 3 de agosto de 2009

INTRODUÇÃO
Inverti os termos que me deram. O tema era “A capacitação ministerial e a missão da igreja”. Primeiro discutirei a missão da igreja, e depois a capacitação ministerial. Porque a capacitação é para o ministério da igreja. A missão dada ao Senhor Jesus foi à igreja, não aos líderes ou a instituições. Começo por aqui porque isto tem sido esquecido. Há líderes que pensam que a missão foi entregue a eles ou à sua instituição. Há muita gente realizando ministério solo, fazendo carreira individual, sem noção de grupo. Há pastores se colocando acima da denominação a que pertencem e que investiu neles, e se colocam também acima da igreja local, que também neles investiu.

A igreja local é a pedra de toque do reino de Deus. Todos estamos debaixo da sua autoridade. Os pastores não são executivos, donos ou acionistas majoritários das igrejas. Cuidam delas, mas são membros delas, e subordinados a elas. A igreja é maior do que nós. E não apenas a igreja universal, a militante, mas a igreja local. Quando Paulo escreveu à igreja de Corinto ele disse que aqueles crentes eram o corpo de Cristo: “Ora, vós sois corpo de Cristo, e individualmente seus membros” (1Co 12.27). A igreja local não é uma faceta do corpo de Cristo, mas cada igreja local é corpo de Cristo. Por isso que organizar igreja é algo sério. E por isso, muito negócio chamado de igreja não é igreja. Porque igreja não é evento social, mas é teológico. É sempre um grupo de pessoas convertidas a Jesus Cristo, salvas pelo seu sangue, batizadas após crerem. Somos a igreja e ao mesmo tempo estamos subordinados à igreja.

É bom lembrar isso porque as instituições denominacionais muitas vezes se portaram de maneira imperial com as igrejas. Há um hiato muito grande entre as igrejas e as instituições denominacionais porque as coisas foram confundidas. A estrutura se viu como a denominação e via as igrejas como suas servas. Muito executivo tratou pastor de igreja local como subordinado. Houve muito executivo imponente e autoritário. Fui falar com um deles, uma vez, ele puxou a manga da camisa, olhou o relógio e disse que eu tinha dois minutos para dizer o que queria. Fui embora, até mesmo porque não sou pedinte. Quem faz o reino avançar é a igreja local. É nela que há conversões, é nela que se levantam ofertas. São elas que oram e pregam. O pastor de igreja local precisa ser respeitado, bem como a igreja local. Esta deve ser respeitada e amada. A instituição denominacional não é de nenhum executivo (termo muito impróprio; ele não é executivo, é servo), mas das igrejas locais. Precisamos devolver a denominação às igrejas e tirá-las de pessoas e grupos que se apossaram dela.

A denominação verdadeira são as igrejas e o que elas constroem para auxiliá-las em sua missão. Não são as convenções e as juntas. Convenções e juntas são instituições pára-eclesiásticas, ou seja, andam ao lado das igrejas. O que chamamos de pára-eclesiástico, como ABU, Missão Vida e outros, na realidade é pára-denominacional. Quando se organizou a CBB, em 1907, já havia igrejas batistas no Brasil, desde 1879. A denominação batista no Brasil não surgiu em 1907, mas em 1879. Os batistas surgiram antes da Convenção, porque eles é que são a denominação.

1. QUAL É A MISSÃO DA IGREJA?
Precisamos definir agora a missão da igreja, já que ela é a denominação e ela é a senhora de todo o processo denominacional. Aí saberemos o que devemos fazer e por onde andaremos. A principal missão da igreja não é evangelização e missões, mas adoração. Se a evangelização ou missões fossem a missão principal da igreja, no céu não haveria igreja, pois lá não perdidos por salvar. Mas no céu haverá igreja porque haverá Deus. O primeiro olhar da igreja é para Deus e não para o mundo.

Antes que me chamem de antimissões ou anti-evangelismo, digo que esta é a posição oficial da Convenção Batista Brasileira. O Programa de Educação Religiosa, livro que traz a estrutura de educação religiosa da Convenção Batista Brasileira, alista quatro funções da Igreja. Eis a ordem, em forma decrescente, para efeitos de gravação mental: 4º.) ministrar; 3º.) educar; 2º.) anunciar as boas-novas, e em 1º.) cultuar a Deus. Não faço distinção entre adorar e cultuar. Até porque os dois termos são dados como sinônimos nos melhores dicionários. A CBB dá o cultuar a Deus como atividade primeira da igreja. Cito outro livro de nossa editora oficial, O Evangelho da Redenção, de Conner, no seu tópico “A Principal Função da Igreja”. Diz o teólogo norte-americano: “A principal obrigação, portanto, de uma igreja não é o evangelismo, nem missões, nem beneficência; é a adoração… O cristianismo moderno em toda a sua extensão tem sido demasiado propenso a subordinar Deus ao homem. Nossas igrejas têm sido modeladas de acordo com o padrão de uma corporação de negócios organizados para terem eficiência em seus negócios. A voz de Deus se tem perdido no tumulto da maquinaria e no barulho da organização.

A igreja moderna tem vendido a sua alma por causa da eficiência. Vamos à igreja ouvir uma ‘pessoa dinâmica’ que, do púlpito, antes estimula os seus irmãos a levar ao fim um programa, em vez de ouvir a voz de Deus falando-nos das realidades eternas. Nossos seminários teológicos preparam homens para serem administradores de igreja, em vez de pregadores da Palavra. O ministro moderno dedica-se às reuniões de comissões e aos jantares oferecidos nas igrejas” (p. 228).

Cito outra obra da JUERP: Elementos de Teologia Cristã, de Ureta: “Nas reuniões das comunidades, quando as igrejas se reuniam para edificação dos fiéis, eram criadas as condições que faziam de cada cristão uma testemunha, de cada cristão um evangelista, um missionário, no sentido pleno do termo” (p. 190). O culto era a base de tudo. Ele criava condições para a evangelização e missões. A adoração precede o testemunho, portanto, nestas citações de publicações da nossa editora oficial.

Embora não seja calvinista (tenho dúvidas se Calvino era calvinista) aceito sua idéia de que a igreja já existia no Éden porque no Éden já existia gente criada para adorar a Deus. A igreja existe em função de Deus e para Deus.

Mas o que se vê em algumas igrejas não é adoração. Adoração é uma coisa e liturgia é outra. Adoração é uma coisa e manipulação é outra. Uma coisa é adoração e outra é catarse, a liberação de emoções. Vamos definir adoração. Não é apenas culto nem um momento de cantar corinhos ingênuos, de teologia equivocada e música manca, ao som de bateria sendo espancada. Mas o que é adoração? Na sua excelente obra Adoração na Igreja Primitiva, Ralph Martin declara que um dos termos hebraicos mais comuns para “adoração” significa “curvar-se”. Segundo ele, “enfatiza o modo apropriado de um israelita pensar na sua aproximação à santa presença de Deus” (p. 15). Diz ele, ainda, que outro termo bastante empregado, vem da mesma raiz da palavra escravo. No conceito grego, escravo era algo vil, baixo. No conceito hebreu, era a mais alta designação que um israelita podia fazer de si: uma pessoa destinada a servir a Deus. Adorar era declarar-se servo de Deus. Era comprometer-se com o serviço a Deus.

A adoração é um ato de curvar-se diante de Deus, reconhecendo sua grandeza, sua majestade, que ele é o Totalmente Outro. É a demonstração da disposição do adorador, curvado, de servir a Deus. A adoração bíblica difere da oriental na linha da tradição hindu, linha que aparece em muitas igrejas hoje, por influência do movimento nova era, que invadiu nosso arraial. Não é para o adorador se diluir no Adorado, num transe místico, em que a objetividade deixa de existir. Não é misticismo. É a permanência da consciência do adorador, a manutenção de seu caráter volitivo. É a adoração que permite ao adorador fazer declarações como a de Isaías: Eis-me aqui, envia-me a mim. A verdadeira adoração produz desejo de servir, de evangelizar e fazer missões.

Adoração é o “temor do Senhor”, do Antigo Testamento, o ato de se colocar respeitoso, temente, submisso diante de Deus. Adorar não é cantar. Adorar é colocar-se diante de Deus em dependência, reverenciá-lo, submeter-se, dispor-se a obedecê-lo. Para nós, amar é dizer. Amor, para nós, são palavras e declarações. Na Bíblia, amar é fazer. “Deus amou o mundo de tal maneira que deu…” (Jo 3.16). Amar é dar e doar-se. A verdadeira adoração é dar-se a Deus, mais que dar palavras a ele. E concluo com as palavras de Tozer, que cito de cor: “É um equívoco presumir que a missão da igreja é proclamar o evangelho; sua missão é ser digna de proclamá-lo”. Ela só é digna se é mesmo igreja, se vive na presença de Deus, se o ama, se o honra, se adora com vida, mais que com palavras.

2. AS IMPLICAÇÕES DESTA POSIÇÃO
Há algumas implicações desta posição. A primeira é a necessidade que a igreja tem de vida espiritual, de andar diante de Deus com temor. Há muito culto que não é adoração. É entretenimento. A igreja contemporânea é mestre em entretenimento espiritual. Seus cultos não produzem quebrantamento, não produzem santos, mas uma euforia artificial, baseada em cânticos e pregações de auto-ajuda. A igreja deve se fortalecer na fé e ir ao mundo. Adoração não é cantoria num prédio, mas vida espiritual séria diante de Deus.

Há muito entretenimento espiritual mostrado hoje em dia como culto e adoração. É uma grande diversão espiritual, em que a finalidade principal é manter as pessoas satisfeitas, alegres e ocupadas com uma coisa saudável. Então se canta, canta, canta, fazem-se gestos, coreografia, ocupa-se as pessoas, depois todas saem para um lanche de confraternização e os casais saem para o namoro habitual (algo muito bom, diga-se). Mas vêem-se poucas vidas transformadas, seriamente marcadas pela presença de Deus. Em algumas vezes é possível ver-se que o período chamado por alguns de louvor tornou-se um fim em mesmo. Já falei em tantos cultos em tantos lugares, com o mesmo cenário: uma hora de louvor, de autêntico entretenimento. Depois, o estudo bíblico. Uma quantidade mui pequena de participantes (e até mesmo dos dirigentes de louvor, uma estranha função, para mim) está com sua Bíblia. Numa ocasião, num culto em que preguei, as seis pessoas do grupo de louvor estavam sem suas bíblias. Ficou-me a nítida impressão de que queriam um momento de recreação, mas não de comunhão com Deus. Como pretendiam comunicar-se com ele, sem estarem dispostas a ouvir a sua Palavra?
Evangelização e missões são produto de vida consagrada, de ato de culto, e não resultado de campanhas publicitárias de alguma junta. Foi quando a igreja de Antioquia estava em culto que Deus lhe mostrou um programa missionário, como lemos em Atos 13. Foi em ato de culto que Isaías se ofereceu para o serviço do Senhor.

Uma segunda implicação é que se a igreja é senhora da instituição de preparo ministerial e envia pessoas para as instituições, ela tem direito sobre a instituição e deve dizer o que quer que seja ensinado. Temos ouvido que educação teológica ou ministerial (termo que prefiro) é coisa de especialistas. Que tipo de especialista? Em educação secular ou em igreja? Em educação secular ou em vida espiritual? Em desconstrução da fé ou de afirmação da fé? Paulo recomendou a Timóteo: “E o que de mim ouviste de muitas testemunhas, transmite-o a homens fiéis, que sejam idôneos para também ensinarem os outros” (2Tm 2.2). A marca mais forte da educação ministerial e do professor em seminário, faculdade, instituto ou centro ministerial deve ser o seu caráter espiritual. A igreja envia pessoas às casas de ensino para que elas sejam preparadas para o serviço, não para se especializarem em divagações sociológicas e negação dos elementos da fé cristã.

A educação ministerial deve estar a serviço da igreja e não a serviço de teorias de iluminados. Alguém me questionou sobre isto, perguntando onde fica a liberdade de cátedra. Disse-lhe que instituição de preparo ministerial é casa de ensino confessional. O professor tinha limites dentro dos quais deveria se manter. Ele não concordou. Perguntei-lhe se ele concederia liberdade de cátedra ao professor de sua filha, no segundo grau, para que ele dissesse que ela podia manter relações sexuais com qualquer um, fora do casamento, e que poderia viver como desejasse. Se o seu filho adolescente ouvisse de um professor, dentro da liberdade de cátedra, que ele podia usar drogas, tornar-se homossexual, e se recusar a entrar na sociedade competitiva, e viver vida marginal à sociedade. Como os vendedores de artesanato da Praça da República, em S. Paulo. Viver na rua, morar na rua, e se recusar a ser massificado pela sociedade de consumo. Ele concordaria? Meu argumentador, professor de seminário, queria liberdade para dizer o que quisesse, contornando a autoridade da igreja, mas não dava essa liberdade aos professores de seus filhos. Um problema para os intelectuais é que eles têm dificuldades de conviver com o resultado de seus pressupostos. Já viram como os intelectuais de esquerda querem liberdade para dizer o que querem e uma vez no poder tentam restringir a liberdade dos outros? Larry Rother quase foi expulso do Brasil… Artistas brasileiros que se posicionaram contra o regime militar, sendo contra a ditadura, aplaudem a ditadura gerontológica de Cuba.

A instituição de ensino ministerial não é uma confraria de livres pensadores, mas uma casa que prepara pessoas para servir a Deus através da igreja. Foi a igreja que Deus estabeleceu no mundo para cumprir o propósito dele. Lemos em Efésios 3.10: “Para que agora seja manifestada, por meio da igreja, aos principados e potestades nas regiões celestes”. A igreja não aprende de seres angelicais, mas ensina-lhes. E é por meio da igreja que Deus estabelece seu propósito. Ele escolheu a igreja. Ele amou e ama a igreja. Ninguém tem o direito de sabotar a igreja.

A instituição de ensino ministerial é para fortalecer a fé dos crentes e prepará-los para o serviço, como cristãos. Ela deve preparar homens e mulheres para servir e não para apedrejar a igreja. Quem não ama a igreja e não é servo da igreja não deve lecionar em instituição de preparo ministerial. É servo da igreja e a primeira missão desta é crescer no relacionamento com Deus.

3. O LUGAR DA INSTITUIÇÃO DE ENSINO MINISTERIAL E PORQUE ENSINO MINISTERIAL
Agora apertemos a caminhada. Prefiro o termo educação ministerial à educação teológica porque não prepararmos teólogos, mas ministros, no sentido restrito do termo, que é servos. Particularmente, não sou um teólogo nem tenho condições intelectuais de ser um. Mas sou servo. Acho estranho o sujeito que se forma no seminário, fazendo um bacharelado em Teologia e imprime um cartão de visita se apresentando como “teólogo”. Deveria se mostrar como servo. E isto não se põe em cartãozinho, mas se mostra na vida.
A função primordial da instituição de ensino ministerial não é formar teólogos nem mesmo servos. Como todo o edifício denominacional, como tudo que a igreja faz, sua primeira função é glorificar a Deus, é adorar a Deus. Este é seu alvo primeiro. Ela também existe em função de Deus. É bom ter isto em mente. Muita instituição denominacional é conduzida sem o temor de Deus. Tudo nosso é para Deus e tudo que fazemos é para glória dele.

O alvo secundário, este sim, é preparar servos. O seminário, particularmente, tem sido chamado de “casa de profetas”. Os alunos gostam disso. O profeta não tinha patrão nem líderes, nem dava satisfações a ninguém. Dizia o que quisesse. O profeta era um free lance, sem vínculo com ninguém, a não ser Deus. Muita gente tem seus planos, suas idéias, atribui-os a Deus, diz o que quer, magoa, machuca, racha igrejas e se diz profeta. Esquece-se de Efésios 4.15, que nos diz para seguir a verdade em amor. Seminário não deve preparar profetas, mas servos de Deus e das igrejas. Digo isto porque parece que ser profeta, hoje, é ser desaforado e cair de tacape na igreja. Aliás, como há articulistas evangélicos parecem só saber falar mal das igrejas e dos evangélicos. Nunca edificam e sempre criticam. Nunca têm uma palavra boa, de amor, mas apenas palavras de ressentimento. Um deles disse que tinha mágoas porque era muito criticado. Via-se como a banda ética e aos demais como banda podre. Magoou, feriu, entrou na arena, esfolou e quis sair sem arranhão. Não pensou em quanta gente ele magoou. Mas não somos chamados para nos magoarmos mutuamente e sim para nos servirmos.
Mas, também, a capacitação ministerial é para serviço, e não para diletantismo. É, como os dons, para proveito geral, e não para uso próprio, em deleite pessoal. A casa de capacitação ministerial deve glorificar a Deus e o faz quando seu produto final, o aluno formado, sai com consciência de servo, sai mais espiritual, e mais fortalecido como cristão. Quem deseja ir para uma instituição de ensino ou capacitação só para aprender um pouco mais errou de alvo. O alvo cristão é o amor a Deus e o serviço a ele.

4. A NECESSIDADE DE SABER O QUE AS IGREJAS PRECISAM
Tanto o administrador quanto os professores da casa de ensino ministerial devem ser pessoas engajadas nas igrejas, amando-as, vendo-se como servos delas. Professor que zomba da igreja, que a ironiza e diz que “igreja já era” é uma pessoa desonesta. Perdeu a fé, perdeu o amor, e só fica na instituição por causa do sustento. É mercenário. É mais decente vender fruta no semáforo do que insistir em continuar no ministério e no magistério quando se deixou de amar a Deus e à sua igreja.

Vejo conteúdos programáticos de disciplinas que me fazem perguntar para que elas servem. A instituição existe para preparar servos para as igrejas, mas ela insiste em ensinar a alta crítica, a escola de Welhausen, as teorias de teólogos alemães de oitenta anos atrás, que não têm mais consistência, o desconstrucionismo de Derrida como se fosse hermenêutica, ou inutilidades para o ministério. As igrejas precisam mesmo de obreiros que conheçam bem o pensamento de homens sem Deus mais que de homens que conheçam a Deus?

Desagradarei muita gente, mas afirmo com segurança: as escolas de capacitação precisam perguntar às igrejas o que elas querem aprender, o que elas têm como necessidade maior, e que tipo de obreiro querem. Burocratas distanciados da linha de fogo da batalha que a igreja trava pretendem saber mais que elas, no conforto do seu gabinete, o que elas precisam. Por isso, quem trabalha na educação ministerial precisa ser pessoa fechada com a igreja e com a linha da igreja. Há muito tiro no próprio pé. O magistério não pode ser de teólogos dissociados da igreja. Alguém disse que “a teologia é uma coisa muito importante para ser deixada nas mãos dos teólogos”. Ela é um patrimônio da igreja como um todo, e a voz da igreja precisa ser ouvida. É falsa a dicotomia de que o pastor de igreja é um burro de carga, uma toupeira teológica, sem preparo acadêmico, e o professor de teologia é um gênio, um intelectual. O melhor professor de teologia é o que ama e serve a igreja. Não é o do gabinete, isolado da igreja, mas o da linha de frente.

Muitos seminários estão se privando de ter homens e mulheres assim por privilegiarem o academicismo oco sobre a vida espiritual. As igrejas precisam de amantes e não de apedrejadores. De servos e não de adversários. Ela já tem um muito forte, Satanás. Os estudantes ministeriais devem ser fortalecidos no amor à igreja. Devem ser fortalecidos no amor ao Senhor. É disto que a igreja precisa. Esta é a maior capacitação teológica. E é sua essência. Não é a formação de pensadores, ou de críticos ou de combatedores do sistema eclesiástico. Precisa de servos dedicados.

5. E UMA PALAVRA FINAL
E uma palavra final aos estudantes e aos seus professores. A verdadeira teologia aproxima de Deus. O que distancia de Deus é a soberba. É o pecado. Lembro que a primeira vez que alguém falou de Deus como “ele” e não como “tu”, foi a serpente, no Éden. Deu no que deu. O verdadeiro teólogo ou, no caso que hoje estamos tratando, o verdadeiro capacitado não é aquele que fala de Deus na terceira pessoa, mas na segunda. Ninguém falará de Deus com autoridade se não falar com ele, primeiro.

Sejam homens e mulheres tementes a Deus. Sejam homens e mulheres de oração. Sua maior capacidade nunca virá do seu ensino recebido de homens, mas do que vivem diante de Deus. Que vocês digam de vocês mesmos o que Paulo disse a seu próprio respeito: “Não que sejamos capazes, por nós, de pensar alguma coisa, como de nós mesmos; mas a nossa capacidade vem de Deus” (2Co 3.5). Que a maior capacitação de vocês venha de Deus. E que este centro de capacitação ministerial os firme cada vez mais nas suas convicções cristãs e serviçais.
Para a glória dele. Tenho dito.

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