segunda-feira, 7 de março de 2016

Hinódia Batista Brasileira: 3. A hinista e mestra de todos nós, os músicos brasileiros! Joan Larie Sutton -

“O Cântico reflete a fé, as tradições, os valores, as preferências, as doutrinas, os rumos e a espiritualidade de cada um de nós. Nosso cântico reflete quem somos e onde estamos, na peregrinação cristã.” (Joan Sutton, 1991)


Joan Riffey Sutton Houston (26/07/1930 - 05/03/ 2016) 
Nasceu em Louisville, KY, EUA e em 1935 veio para o Brasil (com 5 anos) acompanhando seus pais que estavam sendo designados como missionários da Junta de Richmond - John e Esther Rifley -, e que serviram em oito estados do Brasil. Seu pai foi diretor do Curso por Extensão do Seminário Teológico Batista do Sul do Brasil, de 1938 a 1954. Sua mãe, D. Esther além do trabalho na Igreja local no Rio foi também autora e compositora para crianças trabalhando no Curso de Obreiras (mais tarde IBER, hoje CIEM). Estudou nos Colégios Batistas de Belo Horizonte e do Rio de Janeiro até o 2º grau, voltando para os EUA para estudar Licenciatura em Violino e Bacharel em Letras e Literatura inglesa e francesa na Baylor University e Mestrado em Música Sacra no Seminário Teológico Batista do Sul dos EUA. 

Viúva bem jovem - com apenas um mês de casada com Stanley Johnson -, conheceu no curso de mestrado em Música Sacra o doce e amado prof. John Boyd Sutton (já nos braços do Pai) com quem ficou casada por 53 anos. Em 1959 volta para nosso país  como missionária, após três anos de trabalho com seu esposo na Carolina do Norte (Hendersonville). Filha de missionários, criada nas cercanias do STBSB, volta, em 1961 leciona música no STBSB e em 1963, junto com seu esposo iniciam o Curso de Música Sacra do Seminário do Sul. John Edwin (1954), Laura (1957) e Cecília (1960, nascida no Brasil), são os três filhos amados deste casal de /músicos/professores/missionários.

Edith Mulhond, no livro Notas Históricas do HCC (pág. 36) escreve: “Bem cedo revelou o seu talento musical. Desde os seis anos estudou piano, adicionando, depois, o violino. Em seu sermão oficial no VI Congresso Nacional da Associação dos Músicos Batistas do Brasil, realizado em Fortaleza, CE, D. Joana recordou a sua formação espiritual e musical. Realçou as suas experiências nos corais da sua igreja e escola, as capelas, os cultos, os orfeões. Sobretudo ela se lembrou dos hinos, que ajudaram a formar esta líder que mais tarde teria forte influência na música sacra brasileira”. 

Após 20 anos abençoados no STBSB, em 1983, seguiu para outro campo missionário no Sul do Brasil, onde prof. Boyd dirigiu o Departamento de música da Convenção Batista do Rio Grande do Sul. Lá, profª Joana continuou sua produção musical como tradutora e assessora de Música da JUERP. 

Muito cooperou com a AMBB – Associação de Músicos Batistas do Brasil e em 1987 foi designada pela CBB como a coordenadora do Projeto HCC – que não era só mais um hinário, mas um projeto com cinco volumes para o auxílio às Igrejas Batistas brasileiras para apoio e uso no Culto Cristão: Um Hinário com harmonização em vozes SCTB; um com Cifras para violão; um sem música e só com letra grandes; um facilitado com 80 hinos do HCC e com Notas Históricas sobre todos os hinos do HCC (autores, compositores, tradutores e arranjadores). Conviver com ela nas mesas lotadas de Hinários de diversos países e denominações, manuscritos, rascunhos, com sua disciplina, fé, perseverança e metodologia de trabalho foi uma pós-graduação para todos da Comissão do Projeto HCC.  Nós, seus alunos (ex), sentíamos grande orgulho de sentar com a mestra em volta da mesa de trabalho. Como aprendemos! Em Janeiro de 1991, entregou à denominação batista brasileira (CBB) o Hinário para o Culto Cristão, sendo oradora oficial nesta mesma Assembleia (72º) sobre “Adoração, Oração e Ação”.

Em outubro de 1992, o amado casal missionário, nossos professores da década de 70 e 80 (para quem estudou no STBSB), após trabalhar, servindo durante 33 anos no Brasil, voltou à sua terra natal, onde em 1993, o Prof. Boyd assumiu o Ministério de Música da Igreja Batista de Shaw Creek. Lá em Hendersonville, Carolina do Norte, EUA continuaram a exercer com dignidade o que sempre fizeram neste nosso país – Servir. Após grande enfermidade, o Senhor Deus chamou para si, para seus braços nosso amado professor Boyd. 

Joan Sutton – compositora/autora – e tradutora (músicas para coros e para o ensino de Canto) tem sido considerada por muitos estudiosos como dona de um vasto e importante patrimônio musical sacro no Brasil (e isto é comprovado no material que doou para a mesma Universidade que estudou, a Baylor University). Com todo seu material, - usado, criado e ensinado no Curso de Música do Seminário do Sul, no Rio de Janeiro – estão os manuscritos pessoais, partituras (arranjos musicais e composição), cantatas, papéis com anotações de aulas, materiais de ensino, coleções e outros itens por ela doado, foi então criado na Biblioteca da Universidade a Coleção de Música Sacra Brasileira. Esta homenagem que a Baylor University fez, nos EUA, foi no dia 28 de outubro de 2010, e na ocasião do jantar solene, o ex-missionário e pioneiro na Música Sacra no Brasil, – Bill Ichter – fez um discurso em homenagem à D. Joana, falando do Brasil. Perguntou Bill para D. Joana quanto tempo poderia dispor para falar e ela respondeu: “No máximo 5 minutos”. Impossível isto, mas esta é a Profª Joan - simples, humilde, direta e clara.

D. Joana, como nós brasileiros a chamavam, era perfeita como tradutora - seu excelente dom -, e de uma simplicidade na escrita impressionante, além do seu conhecimento, bem, acho que por isto mesmo era assim. O interessante na vida da professora é que não guardava para si o que sabia, mas prodigamente repartia.  Ela traduziu grandes obras como O Messias, de Handel; Elias e Cristus, de Mendelssohn; Réquiem, de Brahms, As Sete Últimas Palavras de Cristo na Cruz, de Dubois, Glória, de Poulenc e Oratório de Natal de Bach (1º cantata). Sua obra hinológica é vasta e está registrada em alguns hinários e também de forma avulsa. 

Também traduziu cantatas de Natal como Eis! A estrela (Graham) e Um menino nos nasceu (Williams); de Páscoa - Pela manhã vem a alegria (Danner); Missionárias -  Maior amor  e  Eu Vos Envio (Peterson) e Testemunho (Reynolds). Também cantata para adolescentes e jovens Escuta outra vez (Burroughs) e Boas novas (Oldenburg).  Celebração de Buryl Red, fez um sucesso nos anos 70 como um dos primeiros musicais feitos pelo país. Elas são dos anos 70 e foram publicadas pela JUERP.

No HCC temos 52 contribuições entre poesias, metrificação, músicas e traduções (33). “E Habitou entre nós” (SCTB) e “Presente de Natal” (infantil) são duas cantatas publicadas pela JUERP.  A “Trilogia da Vida”, dedicada ao Coro Jovem de Itacuruçá (Igreja batista no Rio) não foi publicada e entreguei os manuscritos que tinha em meus arquivos quando da homenagem em Baylor. Além da música vocal (coro, solo) ela escreveu para violino e piano. Aliás, lá na Coleção de Música Sacra Brasileira, em Baylor University, inaugurado por ela, estão todas as suas obras que valem uma busca minuciosa para registrarmos aqui no Brasil,  para conhecimento dos alunos de hinologia.

No Curso de Música do Seminário do Sul, ela foi a nossa querida professora de coros graduados, hinologia, contraponto, harmonia, composição, arranjo, tradução, forma e análise, violino, piano, órgão e foi também uma conselheira, uma mentora de quase todos que estão espalhados por este país na Educação e no Ministério de música. Muito dela está nos nossos corações, marcas em cada um que teve o privilégio de estudar com ela. Sempre muito exigente, mas também muito competente. Os que não estudaram com ela, receberam dos que tiveram este privilégio, o jeito firme de encarar a obra de Deus, o desejo de fazer um trabalho, bem feito e correto, a amabilidade, o sorriso suave, o esmero em procurar a excelência em tudo.  Uma americana de alma brasileira. 

Gostaria de lembrar um hino (480 HCC) de protesto que fez em 1965 – Seguir a Cristo não é sacrifício – no primeiro período de férias nos EUA.  Presente em grande assembléia ficava triste quando alguém ao abraçá-la dizia do sacrifício que sua família estava fazendo no campo missionário e em resposta, então ela compôs este hino em inglês e que foi traduzido em 1966. Foi o seu primeiro hino a ser publicado, entrando na Coletânea Vinde, Cantai (1980). Foi também o hino oficial da União Feminina Batista do Brasil em 1985. Diz ela: ”este hino expressa bem como sinto a chamada e a bênção suprema de obedecer a Deus. Gosto muito do estribilho.”  
Não nos promete honras nem riquezas,mas ele diz: Convosco eu estarei.Seguir a Cristo não é sacrifício,
         é triunfar com Deus, é ser feliz. (estrib. do hino 480)

Joan Sutton deixa entre nós a sua linda prole, sua especial família: Três filhos - John Edwin, Laura e Cecília. Cinco (5) netos, filhos do John Edwin: Leslie Sutton Lewis, Lora Lynn Sutton, John Ryan Sutton, Matthew William Sutton; e Samantha Lee Anne Floyd, filha da Laura. Deixa também dez (10) bisnetos: Alexis e Marcus Allison, Shelby, Peyton, e Annalynn Lewis, Madison, James, e William McSwain, e Ava e Grabriella Sutton. Em julho de 2013, aos 82 anos, casou com Reagan (Rick) Houston, e com este vieram também: uma filha Lynn Houston Baskett, duas netas: Heather e Holly Baskett; e um bisneto: Jameson Baskett.

Até 2014, Dona Joana (nós sempre a chamávamos assim) foi membro ativo dos Joy Singers – Cantores da Alegria - em Carolina Village, atuando na Capelania do Hospital e no Coro de Hendersonville. Seu filho John (Jes) Sutton escreveu: “... a vida dela é um exemplo do verdadeiro ministério de encorajamento. Ela tocou a vida de sua família, seus alunos, e amigos de uma tal forma que a influência dela vive através deles. A Deus seja a glória!”.

Os Cultos em Ação de Graças por sua vida foram realizados no dia 11/03/16 na Providence Baptist Church, Hendersonville e no dia 12/03/16 em Carolina Village, Hendersonville onde viveu por alguns anos e serviu ajudando e cantando no coro.

Gostaria que as gerações de hoje ou vindouras a tivessem conhecido, e por isso não quero perder a oportunidade de escrever e deixar registrada a minha gratidão e de tantos irmãos que conviveram com ela e que ainda hoje cantam seus hinos ou arranjos.

Ao Senhor seja a Glória e a honra por sua vida preciosa!
............

Westh Ney Rodrigues Luz, profª da FABAT/ STBSB - Seminário Teológico Batista do Sul do Brasil, assessora da comissão executiva da AMBB, relatora da comissão de Assuntos, Base Bíblica e Organização do HCC e membro da Igreja Batista Itacuruçá, Rio ..............

 REFERÊNCIAS:
. MULHOLLAND, Edith Brock. Notas históricas do Hinário para o Culto Cristão (HCC): Rio de Janeiro: 
     JUERP, 2001
. Hinário para o Culto Cristão. Rio de Janeiro: JUERP, 1991 p.vii (apresentação)
. Dados fornecidos pelos filhos John Sutton (Jes) e Laura Sutton Floyd e  amigo Bill Ichter.

domingo, 6 de março de 2016

Hinódia Batista Brasileira_1. JOAN SUTTON, a Coleção de Música Sacra Brasileira em Baylor University e seus alunos do STBSB, Brasil

Joan Larie Sutton (1930)- filha de missionários foi criada no Brasil e tinha o dom da tradução. O Departamento de Música da JUERP, muito deve a esta irmã pela sua valiosa colaboração em muitas publicações. Ela foi a coordenadora da comissão que preparou o Hinário Para O Culto Cristão e que apresenta 52 contribuições dela: oito letras, uma metrificação, 36 traduções, e sete músicas.(Bill Ichter, missionário pioneiro na área musical no Brasil)

Joan,  nossa querida professora  de coros graduados, contraponto, hinologia, harmonia, composição, forma e análise,  violino, órgão também era uma conselheira, uma mentora de quase todos que estão espalhados por este país na Educação e no Ministério de música. Muito dela está nos nossos corações, está marcado em cada um que teve o privilégio de estudar com ela. Sempre muito exigente, mas também muito competente. Os que não estudaram com ela receberam dos que  tiveram este privilégio, o jeito firme de encarar a obra de Deus, o desejo de fazer um trabalho, bem feito e correto, a amabilidade, o sorriso suave, o esmero em procurar a excelência em tudo.  Uma americana de  alma e formação brasileira. 


“...fui aluna dessa doce e grande mulher Joan Sutton  nos anos 70 e pude traduzir muitos temas e letras de hinos do espanhol para o português (a seu pedido) e nem sabia eu que Deus iria um dia me chamar para ser missionária na Argentina, e isto me ajudou muito. (...) Tive a honra de ser sua aluna de Composição e aprendi muito. E uma das coisas que tenho bem nítido em minha memória, foi quando me convidou para tomar um chá em sua casa ao saber que ao sair do Seminário eu iria me casar com o Eli, e me deu conselhos de como ser uma esposa amável e também como ser uma esposa de pastor que agrada a Deus. Que privilégio! Jamais esqueci esta atitude e muito contribuiu pra minha vida matrimonial e de ministério. Fui aluna do seu amado esposo professor Boyd Sutton ( de canto) e ainda posso ver seu rosto amável me ensinando com carinho (...) sinto-me gratificada ter conhecido esse casal maravilhoso.” (MM Maria Cristina Correia, organista, São Paulo)

D. Joana, como nós brasileiros a chamavam, era perfeita como tradutora -  seu excelente dom - , e de uma simplicidade na escrita impressionante, além do seu conhecimento, bem,  acho que por isto mesmo era assim. O interessante na vida da professora é que não guardava para si o que sabia, mas prodigamente repartia. MM Heron Duarte, que está em Brasília, relatou o seguinte: ” Sou tradutor de mais de 300 músicas para o português vindas do inglês, alemão, latim, italiano e francês. Dona Joana foi minha primeira orientadora em tradução; foi incrível conhecer a sua técnica e aplicá-la. Sou grato a Deus pelo que ela me ensinou. Devo a ela a facilidade que tenho em tradução e versão”.

Em 1935 veio para o Brasil (com 5 anos) acompanhando seus pais que estavam sendo designados como missionários da Junta de Richmond -  John e Esther Rifley -, e que serviram em oito estados do Brasil. Seu pai foi diretor do Curso por Extensão do Seminário Teológico Batista do Sul do Brasil, de 1938 a 1954. Sua mãe, D. Esther além do trabalho na Igreja local no Rio foi também autora e compositora para crianças trabalhando no Curso de Obreiras (mais tarde IBER, hoje CIEM). Estudou nos Colégios Batistas de Belo Horizonte e do Rio de Janeiro até o 2º grau, voltando para os EUA para estudar Licenciatura (Pedagogia) em Violino, Mestrado em Música Sacra  e Bacharel em Letras e Literatura inglesa e francesa.

Viúva casou com o doce e amado prof. Boyd Sutton (já nos braços do Pai) e volta para nosso país em 1959 como missionária, após três anos de trabalho com seu esposo na Carolina do Norte. Filha de missionários, criada nas cercanias do STBSB, volta, em 1961 leciona música no STBSB e em 1963, junto com seu esposo iniciam o Curso de Música Sacra do Seminário do Sul. John Edwin (1954), Laura (1957) e Cecília (1960), são os três filhos amados deste casal de /músicos/professores/missionários.

Assim se expressou a Profª Magali  Cunha (membro na comissão de textos do HCC e profª do IBER e STBSB por muitas décadas), por ocasião do falecimento do nosso amado professor Boyd Sutton em março de 2006: 


“Quando tudo estava muito díficil no HCC. D. Joana trouxe a serenidade e a firmeza do  professor Boyde assim concluímos o HCC. No ano passado , quando fazia minha neta dormir, lembrei de uma música que D. Joana compôs para homenagear as mães para a 2ª série do Colégio onde Jess, seu filho estudava.  Eu cantava pra Letícia e troquei a palavra mãe por vovó: “A vovó é meu tesouro, a vovó é meu amor, por ela farei tudo, tudo o que possível for. Hoje sou tão pequenina, amanhã grande sere .mas a minha vovozinha nunca, nunca esquecerei... Assim será com o professor Boyd, nunca esquecerei o que aprendi com ele e se fiz alguma coisa que prestasse musicalmente, foi porque deixei que ele me lapidasse e que  consertasse aquilo que eu pensava saber.  O meu carinho a  familia  Sutton,  D.Joana,  Jess, Laura e Cecília”.

Como hinista – compositora/autora – e  tradutora ( músicas para coros e para o ensino de Canto) tem sido considerada  por muitos estudiosos como dona de um patrimônio musical sacro no Brasil (e isto é comprovado no material que doou para a mesma Universidade que estudou, a Baylor University. Com todo seu material -  manuscritos pessoais, partituras, papéis, materiais de ensino e outros itens será criado na Biblioteca da Universidade  a Coleção de Música Sacra Brasileira.

Edith Mulholland, no livro Notas Históricas do HCC (pág. 36) escreve: “Bem cedo revelou o seu talento musical. Desde os seis anos estudou piano, adicionando, depois, o violino. Em seu sermão oficial no VI Congresso Nacional da Associação dos Músicos Batistas do Brasil, realizado em Fortaleza, CE, D. Joana recordou a sua formação espiritual e musical. Realçou as suas experiências nos corais da sua igreja e escola, as capelas, os cultos, os orfeões. Sobretudo ela se lembrou dos hinos, que ajudaram a formar esta líder que mais tarde teria forte influência na música sacra brasileira”. 

Gostaria de lembrar um hino (480 HCC) de protesto que fez em 1965 – Seguir a Cristo não é sacrifício – no primeiro período de férias nos EUA.  Presente em  grande assembléia ficava triste quando alguém ao abraçá-la dizia do sacrifício que sua família estava fazendo  no campo missionário e em resposta, então ela compôs este hino em inglês e que foi traduzido em 1966. Foi o seu primeiro hino a ser publicado, entrando na Coletânea  Vinde, Cantai (1980). Foi também o  hino oficial da União Feminina Batista do Brasil em 1985. Diz ela: ”este hino expressa bem como  sinto a chamada e a bênção suprema de obedecer a Deus. Gosto muito do estribilho.”  
        Não nos promete honras nem riquezas,
mas ele diz: Convosco eu estarei.
Seguir a Cristo não é sacrifício,
é triunfar com Deus, é ser feliz. (estribilho do hino 480)

Após 20 anos abençoados no STBSB, em 1983, seguiu para outro campo missionário no Sul do Brasil, onde prof. Boyd  dirigiu o Departamento de música da Convenção Batista do Rio Grande do Sul. Lá, a profª Joana continuou sua produção musical como tradutora e assessora de Música da JUERP. Muito cooperou com a AMBB – Associação de Músicos Batistas do Brasil e em 1987 foi designada pela CBB como a coordenadora do Projeto HCC – que não era só mais um hinário, mas um projeto com cinco volumes para o auxílio às Igrejas Batistas brasileiras para apoio e uso no Culto Cristão: Um Hinário com harmonização em vozes SCTB; um com Cifras para violão;  um sem música e só com letra grandes;  um facilitado com 80 hinos do HCC e com Notas Históricas sobre todos os hinos do HCC (autores, compositores, tradutores e arranjadores). 

 “ Essa irmã soube, pela direção de Deus, descobrir os elementos nacionais e missionários, homens e mulheres para se tornarem garimpeiros da inesgotável mina dos tesouros musicais. Ela soube reunir os pendores, a formação técnica, a consagração pessoal de cada um, a prerícia e a arte de todos, para formar uma equipe singular, que  se houve com maestria no presentear- nos com um Cântico Novo”. (Pr. Joaquim de Paula Rosa , na apresentação do HCC, 1990) 

Em  outubro de 1992, o amado casal missionário, nossos professores da década de 70 ( para quem estudou no STBSB), após trabalhar, servindo durante  33 anos no Brasil, voltou à sua terra natal, onde em 1993, o Prof. Boyd assumiu o Ministério de música da Igreja Batista  de Shaw Creek. Lá em Hendersonville, Carolina do Norte, EUA continuaram a exercer com dignidade o que sempre fizeram neste nosso país – Servir. 

Após grande enfermidade , o Senhor Deus chamou para si, para seus braços nosso amado professor Boyd. A irmã Joana esteve doente, mas graças a Deus, hoje, restabelecida e ainda criando será alvo desta linda homenagem que a Baylor University, nos EUA, fez no dia 28 de outubro de 2010, pela doação de manuscritos pessoais, papéis, materiais de ensino e outros itens às Bibliotecas e por isto será lançada a Coleção de Música Sacra Brasileira. Na ocasião do jantar solene , o ex-missionário por muitos anos no Brasil – Bill Icther – fará um discurso em homenagem à D. Joana e falando do Brasil. Perguntou Bill para D. Joana quanto tempo poderia dispor para falar e ela respondeu: “No máximo 5 minutos”. Impossível isto, mas esta é a Profª Joan - simples, humilde,  direta e clara.

“Dona Joana é uma pessoa de múltiplos talentos e, somada à fantástica experiência de tê-la como professora em diversas matérias, pude acompanhar de perto seu trabalho no Centro de Traduções do Curso de Música Sacra do STBSB, hoje inativo. Sua capacidade de organização e documentação muito me influenciaram no que sou hoje, nos trabalhos que desenvolvi como Assessora do Curso e, posteriormente, à frente da Revista Louvor. 
Preocupada com a proliferação de diferentes traduções para o mesmo hino e na falta de registro dos diversos trabalhos de tradução que eram produzidos nos Cursos de Música Sacra do Brasil, organizou o Centro de Traduções para servir como um acervo e referencial que ajudasse aos cursos dos outros seminários, bem como aos missionários e musicistas do Brasil e também do exterior. Esse acervo serviu, por muito tempo, como fonte para as publicações da JUERP na área da música, como centro de pesquisa e consulta de Comissões de hinários de diferentes denominações. Ainda hoje podemos encontrar obras traduzidas que nunca foram publicadas por qualquer editora, mas que alguns ministros de música tiveram a oportunidade de conhecer e ensaiar seus coros.
Certa vez, impressionada por um acontecimento, comentei com Dona Joana que era uma ‘coincidência’ divina. Ela, sempre sábia e zelosa, me chamou a atenção para considerar o fato de ser uma ‘providência’ divina, pois Deus sabe de todas as coisas e de tudo o que precisamos. Essa lição e a sua figura meiga e, ao mesmo tempo, de uma firmeza de caráter, jamais sairão da minha mente. Assim, a distância geográfica não é sentida porque as lembranças falam mais alto.” (Leila Gusmão - membro na Comissão de textos do HCC, secretária, assessora, professora, responsável pela Biblioteca e Centro de Traduções do Curso de Música STBSB e redatora da Revista Louvor)

Quando precisei parar o STBSB, faltando apenas um ano para a formatura (estava grávida de meu 1º filho), D. Joana ficou triste, preocupada e, olhando nos meus olhos, disse: “Tenho medo que você não volte. Você não vai voltar”. Essa palavra ficou ecoando nos meus ouvidos e, após  quatro anos, com os dois filhos já no maternal, voltei e foram momentos maravilhosos com essa educadora que olhava para nós como pessoas inteiras, totais. 

Tive o privilégio de caminhar mais tempo com a D. Joana após minha formatura quando da construção do grande Projeto do HCC  durante alguns anos. Ela confiou em mim e me convidou para trabalhar como relatora da Comissão do HCC de assuntos, índices, bases bíblicas e organização.  Foi meu maior prêmio esta convocação. Conviver com ela nas mesas lotadas de Hinários de diversos países e denominações, manuscritos, rascunhos, com sua disciplina, fé, perseverança e metodologia de trabalho foi uma pós-graduação.  Nós, seus alunos, sentíamos grande orgulho de sentar com a mestra em volta da mesa de trabalho. Como todos nós aprendemos!

Ah, como eu gostaria que meus alunos a tivessem conhecido,  e por isso não quero perder a oportunidade de escrever e deixar registrada a minha gratidão e de tantos irmãos que conviveram com ela e que ainda hoje cantam seus hinos ou arranjos. 

Ela traduziu grandes obras como O Messias, de Handel; Elias e Cristus, de Mendelssohn; Réquiem, de Brahms; As Sete Últimas Palavras de Cristo na Cruz, de Dubois; Glória, de Poulenc e Oratório de Natal de Bach (1º cantata) entre outras. Sua obra hinológica é vasta e está registrada em alguns hinários e também publicadas em avulso. Este precisa ser outro trabalho de levantamento e registro de toda sua obra em outra ocasião ou artigo. 

Profª Joan  ensinou à nós ex-alunos e amigos muitos fundamentos importantes. Assim desejamos entender e caminhar com estas palavras desta serva do Senhor:
“ O Cântico reflete a fé, as tradições, os valores, as preferencias, as doutrinas, os rumos e a espiritualidade de cada um de nós. Nosso cântico reflete quem somos e onde estamos, na peregrinação cristã.”


“O Departamento de Música da JUERP, muito deve a esta irmã pela sua valiosa colaboração em muitas publicações. Ela foi a coordenadora da comissão que preparou o Hinário Para O Culto Cristão e este hinário apresenta 52 contribuições dela: oito letras, uma metrificação, 36 traduções, e sete músicas. (Bill Ichter, missionário pioneiro na área musical no Brasil)

Ao Senhor seja a Glória e a honra, e aos nossos ex-missionários e professores no Brasil em nossas Instituições, nossa eterna gratidão.

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Westh Ney Rodrigues Luz, profª da FABAT/ STBSB - Seminário Teológico Batista do Sul do Brasil, assessora da comissão executiva da AMBB,  relatora da comissão de Assuntos, Base Bíblica e Organização do HCC e  membro da Igreja Batista Itacuruçá, Rio
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Depoimentos de ex-alunos e amigos colocados ao final do artigo e coletados por mim (Westh Ney ): 

1. “Gostaria de destacar lembranças das aulas de Harmonia e Contraponto, ou as aulas de Hinologia ou principalmente, a orientação que ela nos dava em sua casa, quando levava os alunos do último ano para fazer traduções de músicas para uso de nossos coros e congregações. Falar de D. Joana, é lembrar de sua garra e determinação em relação a qualidade e excelência que devemos ter no trabalho em nossas igrejas. É também falar na  postura e elegância de uma grande mulher. Ela é um exemplo.” (Marilene Coelho, ex-aluna do STBSB e regente do Coro Novo Canto, Igreja Batista Itacuruçá).

2. “ Fiquei muito feliz com essa homenagem, pois a Profa. Joana é mais do que merecedora desse reconhecimento pelo que ela tem feito, começando no Brasil e, pelo que percebo, continua fazendo nos Estados Unidos. Espero que essa homenagem não seja somente por causa das doações que ela está fazendo, mas pela sua capacidade, criatividade. (...) Lembro que cheguei no Seminário com o objetivo de desenvolver a técnica de composição, na verdade, o objetivo era aprender a compor. Só que meu conhecimento da Teoria Musical era bastante limitado, e precisei fazer essa disciplina no 1o. ano. Essa deficiência, automaticamente me teria tirado do programa do curso, isto é, terminar o Curso de Bacharel em Música Sacra, com um Recital de Composição; pois deveria iniciar o curso fazendo a disciplina de Harmonia. Com isso no 3o. ano, quando deveria ingressar na disciplina de Composição I, estava ainda fazendo Harmonia II. 

Aí é que entra a capacidade e o conhecimento de descobrir os talentos nos alunos (...) E aí volto a pensar no meu desenvolvimento e aprendizado que recebi da D. Joana, pois ela acreditou que poderia juntar os dois períodos de composição I e II em um ano, e concluir o Curso com a apresentação do Recital em Composição  com o Coro da 1a. Igreja Batista de Mesquita- RJ, cantando a  "A Criação" ( minha primeira cantata),  além de outras que tinha composto. 

Diversas vezes parei pra pensar e analisar, como foi que a Profa. Joana conseguiu me preparar, e preparar um repertório para um Recital de uma hora?  Essa visão e capacidade de ensino da D. Joana, influenciou a minha visão na área de educação até hoje, porque isso provou que, não existe aluno ruim, se por trás desse aluno estiver um professor ótimo. Eu creio que é exatamente isto que aconteceu comigo. Tive a alegria e o privilégio de ter uma ótima professora (...)o estilo contemporâneo da Profa. Joana ficou bem explícito na minha primeira cantata.

A segurança dela nas correções e no ensino continuaram me influenciando ainda depois da formatura. Lembro que, vários anos depois de formado, já trabalhando na 1a. Igreja Batista de Ijui- RS, cada composição que fazia, eu levava à D. Joana para fazer as correções. Até que um dia ela me disse com toda firmeza: "Verner, você não precisa mais me trazer as composições pra eu corrigir, você já está formado e já sabe o que quer fazer nas composições". Na hora me senti até um pouco triste, e quase que desamparado, porque sabia que dali para a frente eu deveria aprender a "voar sozinho". Isso aconteceu quando o casal já estava morando em Porto Alegre.”
(MM Verner Geier, compositor com hinos no HCC e servindo na Igreja Presbiteriana de Brasília)

3. “ Os Batistas brasileiros muito devem a esta musicista norte-americana que, depois de mais de 30 anos de fecundo trabalho no Brasil. Foi o elemento catalisador de talentos musicais nativos e alienígenas na elaboração do "Hinário para o Culto Cristão", para o qual contribuiu com traduções, que revelaram hinos de autores contemporâneos - Carmichael, LeFevre, Terrell, Grecn, McClardPeterson, Reynolds, Skillings, Wolfe, Ward, Tomes”.  (Roberto Torres Holanda, ver: " Nassáu", p.l66).

4. “  Grandes, preciosas e edificantes recordações. Dona Joana é exemplo de fé, dedicação e amor. Mestra, educadora, professora, amiga, amorosa, conselheira, escritora, compositora, evangelista e além de tudo isso e muito mais, serva do Senhor comprometida com o Reino de Deus. Seja arranjando, cantando, compondo , contraponteando,  melodiando, fraseando, "accelerando", "ritardando", "a tempo" ou mesmo "prestíssimo" sempre soube em "harmonia", "reger" família e profissão e cumprindo com eficiência tão sublime ministério - o da Música Sacra. Sua sempre aluna, Rosaléi Curty, MM da Igreja Batista Vale da Esperança, no Rio.

5. “ Eu era regente do Coro Feminino da Igreja Batista de Acari e este cantava meus arranjos.Ousei mostrar um tal arranjo para Da. Joana. Ela quis saber se eu tinha mais. Disse que sim, mas queria que ela revisasse. Ela pediu que os levasse à sua casa e me convidou para almoçar com eles. Olhava cuidadosamente cada arranjo e me surpreendia seus comentários, pois ela era um ícone para mim, jovem musicista, ainda inexperiente.  Suas palavras foram tudo de bom para minha vida ministerial, impulsionand-me a  produzir mais e com confiança em mim mesma. Ela procurou o editor da Revista Louvor daquela ocasião e recomendou meu trabalho. Alguns foram publicados. Por seu incentivo e orientação, comecei a fazer também arranjos para as vozes masculinas porque ela dizia serem escassas as publicações para este grupo também. Com os estreitamento de nossa amizade pude recebê-la em minha casa e também para falar na Igreja de Acari e tocar violino (seu instrumento), num dos encontros sobre musicalização infantil. Também recebi de suas mãos traduções de obras inéditas em português para Coro Feminino, que tive a alegria de apresentar.Lembro-me com saudade de minha querida professora! Bom seria se viesse ao Brasil mais uma vez! (Neaci Pinheiro,  profª de música no Rio de Janeiro)
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REFERÊNCIAS:

MULHOLLAND, Edith Brock. Notas históricas do Hinário para o Culto Cristão (HCC): Rio 
     de Janeiro: JUERP, 2001
Hinário para o Culto Cristão. Rio de Janeiro: JUERP, 1991 p.vii (apresentação)
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 Artigo para a Revista Louvor (ano 34, nº 126 - 1T11), por Westh Ney Rodrigues Luz