terça-feira, 5 de novembro de 2019

CULTO CRISTÃO – introdução e orientações para liturgias ou ordens de culto – pensando em igreja cristã, da denominação batista.

                                                         Westh Ney Rodrigues Luz


A Filosofia da CBB – Convenção Batista Brasileira, no item 47.7 e seguintes diz assim sobre Culto:
        

    “Culto é um serviço de adoração a Deus, que lhe é prestado como resultado do reconhecimento do que Ele é, da sua majestade, santidade, poder, glória, honra e bondade, por parte da criatura humana, do crente, do adorador (...) é prestado somente a Deus, havendo nele a participação do homem e de Deus. É a resposta afirmativa à auto revelação de Deus aos homens e a resposta do homem a Deus. O propósito do culto não é propriamente o recebimento das ricas bênçãos de Deus, mas fazer oferta da vida e tudo que ela representa. É também dinâmico e criativo, e é uma experiência transformadora.”

 A Bíblia diz assim em Romanos 12.1 - “Rogo-vos, pois, irmãos pela compaixão de Deus, que apresenteis os vossos corpos como um sacrifício vivo, santo e agradável a Deus, que é o vosso CULTO RACIONAL”. O conselho paulino é para cultuarmos com entendimento, ser racional no sentido de “com entendimento”. E isto é que faz a diferença. Na realidade a expressão seria assim - “... que é o vosso serviço racional ou razoável”, pois a palavra culto que é utilizada neste texto é latréia e o adjetivo logikos, de logos que pode significar racional ou razoável, pois diante do Deus vivo e sua Graça, a resposta lógica do ser humano é um serviço prestado por servos obedientes. A emoção, que é inerente a todo ser humano estará presente como resultado do entendimento do porquê estamos diante do Senhor adorando, louvando, ouvindo a sua voz, obedecendo e o seguindo.

 O culto comum ou coletivo ou público, que é o relacionamento com Deus e com seus irmãos, com seu próximo precisa de uma sequência com estruturas e formas. Neste anexo da Filosofia de Música na Igreja, publicado pela CBB como Documentos batistas com o título Culto e Adoração, abordaremos de forma bem simples um estudo sobre Culto, sugerindo uma estrutura de ordem ou sequência. Nós batistas historicamente e oficialmente não temos uma liturgia rígida ou uma ordem fixa para os cultos coletivos nas igrejas locais, mas utilizamos alguns modelos. Entendo que até uma “não ordem” já é uma ordem. 

 No livro citado abaixo, ao final, nas referências bibliográficas, podemos encontrar em James White nove contribuições de teólogos sobre definições do que é culto. O teólogo Paul W. Hoon, enfatiza na sua definição, a centralidade de Cristo em cada culto, mas dizendo que este deve estar vinculado aos eventos da história da salvação. A definição dele é que o culto cristão é a auto revelação de Deus em Jesus Cristo e a resposta do ser humano. É a ideia de reciprocidade pois DEUS toma a iniciativa dirigindo-se a nós por meio de Jesus e nós respondemos a ele usando uma variedade de emoções com palavras e atos no “ajuntamento solene”. Ele e outros teólogos vão completando no estudo que cada leitor pode fazer, individualmente sobre a definição de culto no capítulo 1. Em outro artigo desenvolverei o tema.

Culto é para Deus, mas realizado por humanos. Não devemos nunca esquecer isto. Somos seres relacionais e precisamos pensar sempre assim pra não deixar de lado o caráter profundamente social e orgânico de um culto. Este nunca será algo solitário. Estou falando sobre o culto comum, ou coletivo ou público onde nos reunimos como família de Deus em um templo ou não.


O culto comum ou coletivo ou público, que é o relacionamento com Deus e com seus irmãos, com seu próximo precisa de uma sequência com estruturas e formas. Neste anexo da Filosofia de Música na Igreja, publicado pela CBB como Documentos batistas com o título Culto e Adoração, abordaremos de forma bem simples um estudo sobre Culto, sugerindo uma estrutura de ordem ou sequência. Nós batistas historicamente e oficialmente não temos uma liturgia rígida ou uma ordem fixa para os cultos coletivos nas igrejas locais, mas utilizamos alguns modelos. Entendo que até uma “não ordem” já é uma ordem.

Para determinar ou estabelecer a ordem de culto (liturgia) precisamos saber qual a ênfase ou tema da mensagem, qual o assunto, a ocasião, o lugar e inclusive a duração. É preciso entender e conhecer a congregação que se reunirá para cultuar junto. A ordem ou liturgia (livre) não deve ser cópia de cultos de outras igrejas sem nenhuma adaptação para as suas realidades. A ordem também não é algo enrijecido, frio e distante dos que a executam.

Como a sua congregação se expressa, o que é relevante para ela? Os membros da sua igreja são mais urbanos, rurais, professores, médicos, operários? A maioria dos membros são adultos ou crianças, jovens ou idosos? Quais as características culturais mais fortes que estão presentes na sua comunidade? Quais os valores que são realmente significativos para ela? Quais os interesses comuns, o cotidiano, os sonhos? O culto que prestamos nas nossas igrejas é para Deus, feito por pessoas diferentes, resgatadas e unidas pelo amor de Deus desejando crescer na comunhão uns com os outros e com o Senhor.

A ordem de culto precisa ser compreendida pelos cultuantes, contribuindo ou facilitando para que a adoração e a comunhão possam fluir. Ao término do culto cada irmão deve sair certo que realmente adorou e glorificou o nome do Senhor Deus, agradecido ao Senhor Jesus pela Sua Graça e amor com a certeza que o Espírito Santo de Deus foi quem esclareceu, convenceu e consolou seu coração de adorador. Cada crente apoiado pelas formas ajustadas e adequadas à realidade local sairá para o encontro com a sociedade onde está inserido, alimentado e confrontado com a Palavra de Deus para ser sal e luz, para ser bênção para si e para os outros.

Algumas igrejas, com algumas variantes, usam estruturas simples com dois ou três cantos congregacionais de exaltação e glorificação ao trino Deus no início (seja hino, cântico ou salmo), leitura bíblica, momento de oração convidando as pessoas para irem à frente, entrega de dízimos e ofertas, mensagem com apelos para conversão ou consagração, encerrando com canto congregacional que será de entrega de dedicação e que reforçará os conceitos ou ensinamentos explanados na mensagem pastoral. Em alguns cultos tem um solo ou coro, algumas vezes testemunhos. Este modelo também é seguido para os chamados Culto Jovem ou da Colheita (reunindo os grupos familiares). Igrejas com ênfase voltada para evangelismo também usam um formato assim um pouco mais enxuto e nesses casos sem a entrega de dízimos e ofertas ou outras partes que possam aumentar muito a liturgia e demorando para o momento da mensagem falada. Tudo dependerá do foco e do tema.

Muitas igrejas, seguem uma ordem ou liturgia mais completa utilizando o padrão baseado na visão do profeta Isaías no capítulo 6, nos versos de 1 a 9ª, ensinados em nossos Seminários da CBB – Convenção Batista Brasileira –, nos cursos de Música Sacra e Teologia. Nessa ordem ou liturgia, que é um pouco mais completa, seguem algumas referências ou exemplos das igrejas reformadas. O coro canta duas ou três vezes, há mais de uma leitura bíblica, há um momento de louvor após a Contrição. Há também o momento de oração pelos que sofrem, e um momento de orações de gratidão pelos que receberam uma bênção que julgam especial, incluindo os aniversariantes - seja batismo, nascimento, aniversário de casamento etc. Ainda há um foco ao final, após a mensagem, com canto congregacional sobre o convite para a Consagração ou Dedicação e com foco no convite à Salvação (apelo). Há oração e bênção e muitas vezes estas cantadas por coro ou congregação.
 

Segue o estudo desse modelo em Isaías 6:

Após a visão do Senhor, Isaías conseguiu ter a visão dele mesmo e ao ouvir a Palavra do Senhor, pôde também ver e perceber o outro, o próximo, recebendo a missão do mesmo Deus –” A quem enviarei?”. Somente após essas visões, veio o chamado do Senhor que evocou a resposta - Eis-me aqui, envia-me a mim. Quem teve a visão grandiosa do Senhor, recebe dele a missão.

Com cerca de 21 anos, Isaías entrou no templo consciente que deveria se aproximar de Deus em um momento tão critico pelo qual passava o povo, quando da morte do rei Uzias. Estava perdido. Morre o rei, quem estará no trono agora? Ao entrar no templo Isaías percebeu a presença do Senhor. Neste momento ele teve a nítida consciência da presença, santidade e grandeza de Deus (v. 1 e 2). Sim, o Senhor é o poderoso. Ele é quem reina. Os serafins clamavam, cantando: "Santo, Santo, Santo é o Senhor dos Exércitos; toda a terra está cheia da sua glória". O ministério destes seres era incessantemente louvar e revelar a glória divina. Isaías agora via realmente de uma forma grandiosa o que ele tinha aprendido desde cedo. Só que agora ele tinha vivenciado, experimentado a presença de Deus. O Senhor se revelara à Isaías em um alto trono – símbolo da soberania de Deus. O templo se encheu de fumaça – símbolo da presença de Deus. Isaías viu a glória do Senhor. Os anjos adoraram a Deus pelo que Ele é, por seus atributos.

Isaías, com a visão da glória de Deus percebe a sua pequenez, suas falhas e seus pecados, pois a presença reveladora de Deus desnuda cada um de nós, cada ser. E este só pode dizer como o profeta: "Ai de mim! Estou perdido! Porque sou homem de lábios impuros, habito no meio dum povo de impuros lábios e os meus olhos viram o Rei, o Senhor dos Exércitos” (v. 5). Isaías teve então a visão dele mesmo. Isaías percebeu a presença de Deus e humilhado, confessa os seus pecados. E Deus, que é justo e perdoador, não deseja que o homem pereça e com uma brasa viva purifica os seus lábios: "Eis que ela tocou os teus lábios; a tua iniquidade foi tirada e perdoado o teu pecado" (v. 6,7)

Neste momento recebe o perdão de Deus! A visão de Deus provoca no homem a consciência da sua indignidade e impureza, faz com que tenhamos a visão de nós mesmos no encontro com o Eterno, mas Deus, misericordioso como é, providencia os meios para a purificação (v. 7).

No versículo 8a Deus apela ao coração do profeta: “A quem enviarei e quem há de ir por nós?” e a resposta vem a seguir: "Eis me aqui, envia-me a mim". Essa foi a resposta do profeta que percebendo toda a grandeza e santidade de Deus, sentiu o seu pecado, recebeu o perdão do Senhor, ouviu a sua Palavra, seu apelo, e consagrou-se para uma missão. O resultado deste encontro ou das visões está na primeira parte do versículo nove, no comissionamento de cada cristão: "Vai dize a este povo”.

Esse texto traz a experiência do preparo de Isaías pra ser comissionado pelo Senhor. Após essa experiência ele profetizará por mais de 60 anos. Foi ali no encontro, o preparo para abraçar a missão.  Só poderia estar preparado quem percebeu a visão da glória de Deus (Is 6. 1-3), a visão dele mesmo (Is 6. 5), e a visão do outro com a pergunta: A quem enviarei? (Is 6. 8).

Por isso a valorização desse texto para trabalharmos as partes do culto. É no culto que tudo acontece. No encontro do homem com Deus e também com sua comunidade acontece o preparo para a Missão de Deus para a vida do cristão.

Segue o modelo baseado no texto explicado acima.

Modelo de culto baseado em Isaías 6. 1 – 9a
 

Processional ou Entrada (entrada dos participantes do culto)
Saudação pastoral (avisos, apresentação de visitantes)

ADORAÇÃO E LOUVOR

Prelúdio, instrumentos (orando e percebendo a presença do Senhor)
Oração
Leitura bíblica em uníssono:
(referente ao tema)
Cantos congregacionais (HCC, CC ou cântico avulso)
Oração de adoração
Solo


CONFISSÃO E PERDÃO

Leitura bíblica: (sobre confessar os pecados, as falhas e a certeza do perdão)
Coro
Oração silenciosa
Oração
Canto congregacional
(cânticos ou estribilhos de hinos conhecidos que falem sobre a alegria cristã que vem da certeza do perdão de Cristo)

INTERCESSÃO ou GRATIDÃO

Leitura bíblica: 
Canto congregacional
(HCC, CC ou cântico avulso)
Momento de intercessão e gratidão
(pode ser feito junto ou em dois momentos)
Coro


PROCLAMAÇÃO ou EDIFICAÇÃO ou COMUNHÃO ou EXORTAÇÃO

Mensagem


CONSAGRAÇÃO (parte corrigida e não está no livreto original dos Documentos batistas)

Canto congregacional (HCC, CC ou cântico avulso)
Dedicação: (consagração das nossas vidas e ofertas ao Senhor e/ou apresentação de bebês)
Bênção
Poslúdio, instrumentos – (sentados, orando e consagrando a vida ao Senhor)
Recessional ou Saída(saída do culto transformados para servir em nome do Senhor)


Variações no modelo acima:


•    Algumas igrejas usam os avisos ao final do culto, após a oração e bênção.

•    A dedicação das ofertas ao final do culto leva o cristão ao entendimento que este momento é o resultado de tudo o que aconteceu em sua vida durante o culto. Algumas igrejas preferem no início como uma forma ou expressão de louvor.

•    No 1º domingo, tradicionalmente ou na maioria das ocasiões, em cada igreja batista acontece a Celebração da Ceia do Senhor, em memória do que Cristo fez na cruz em nosso lugar, redimindo-nos do pecado e abrindo assim as portas da eternidade com Deus para aquele que o confessa como Salvador e Senhor. O momento é chamado de COMUNHÃO quando orando silenciosamente, somos chamados para olharmos para dentro de nós mesmos e assim conscientemente confessarmos nossos pecados. Recebemos então os elementos - pão e vinho (suco de uva) -, e após orações tomamos todos juntos - “... em memória de mim" -, como disse Cristo na sua última ceia com os discípulos registrado em Lucas 22. 19 e seguindo a orientação doutrinária Batista.

•    Batismo – culto de testemunho público de fé que deveria ser feito mais frequentemente não esperando um grande número de pessoas. Este é um momento de muita alegria e regozijo espiritual. A Igreja pode cantar enquanto cada irmão é batizado com hinos que falem da experiência de conversão. Algumas igrejas cantam trechos dos cantos sacros preferidos de cada novo convertido. Tem igrejas que também usam apenas uma música instrumental.

•    Tenha o tema ou a ideia da mensagem pastoral ou sermão pense nas partes do culto e elabore as ordens para a sua igreja. Pense sempre de uma forma pedagógica para alcançar com harmonia todos os participantes.  No dia dos pais, das mães, do pastor, das crianças - não permitam que o culto se transforme em um evento semelhante aos programas vários que a sociedade promove, mas que seja um culto de gratidão ao Senhor por esses que têm um dia de homenagem especial pelo calendário escolar ou comercial.

•    Algumas ordens de culto começam pela Confissão seguida dos louvores (cantos, orações, leituras bíblicas) pela certeza do perdão que Cristo oferece. Alguns chamam essa parte de Contrição. Alguns líderes começam o culto pela mensagem. São variações não corriqueiras, mas atendendo a uma necessidade pontual da igreja. Não esquecer nunca de glorificar e exaltar o grande Deus Pai, o Redentor Jesus e o Consolador e Ajudador que é o Espírito Santo de Deus

•    Cultos fúnebres podem seguir a mesma orientação, aliás qualquer reunião que desejam chamar de culto: Glorificar e exaltar o trino Deus, louvores de gratidão em formas de textos bíblicos e cantos. No caso o culto fúnebre ou memorial será sempre um culto em Ação de graças pela vida do que partiu para a eternidade, além do consolo para familiares e amigos. Mensagens bíblicas de esperança e gratidão serão escolhidas, assim como os cantos que sigam a mesma tônica. Na Igreja Batista Itacuruçá, Tijuca, Rio há um culto anual chamado Culto do Conforto onde no convite é anunciado “um culto para intercedermos juntos pelos que sofreram a perda de seus entes queridos e agradecermos a Deus pela vida dos nossos irmãos e amigos que partiram”.

•    Use uma ordem com as partes acima exemplificadas bem marcadas, para que haja maior entendimento, mas faça também mudanças:

         1.    Use algumas ordens sem as divisões, mas mantendo o sentido de cada parte.   Não faça do culto algo partido em fatias, mesmo que as partes estejam indicadas. Ao dirigir o culto faça as ligações sem muito falar, e sem muito anunciar os números dos hinos, principalmente se a ordem estiver impressa. Anunciar o número em voz alta não tem nada de inspirativo. Pense em uma base bíblica para falar e anunciar o hino.

         2.     Use estrofes de hinos, versículos bíblicos ou poéticos encadeados, ligados por temas ou subtemas, use alguns pontos ou partes retiradas do próprio sermão. Aproveite uma data comemorativa do Calendário social, litúrgico ou denominacional e chame a atenção dos fiéis para o conteúdo da ordem do culto.

               Por exemplo:

            a)    Páscoa:

      CRISTO, CORDEIRO DE DEUS QUE TIRA O PECADO DO MUNDO

          1. Agradecidos e alegres exaltamos Deus que enviou Jesus
          2. Contritos, reconhecemos que só em Cristo somos redimidos
          3. Ouvindo a Palavra e ajudados pelo Santo Espírito 

              decidiremos crescer na Graça do Senhor

Sigam a mesma ideia com Natal, Ação de Graças, Missões etc.

Em cada culto é preciso ter a consciência que este é e deve ser cristocêntrico e não antropocêntrico e por isto Deus deverá ser sempre exaltado, glorificado. Nossa adoração, que é o reconhecimento dos atributos de Deus ou o entendimento de quem ele é, deve ser o que moverá nosso louvor. Louvor é tudo que um adorador faz. Não somente cantar, mas tocar, confessar pecados e confessar com a vida e com os lábios quem é Deus e o que ele tem feito em nossas vidas. A obra redentora de Cristo precisa ser sempre enfatizada em cada culto de uma igreja cristã. 


Jean Jacques von Allmen define culto cristão que acho definitiva e completa. O Culto Cristão é ao mesmo tempo: ameaça de juízo e  promessa de esperança para o próprio mundo.  
              “O culto resume e confirma sempre de novo a história da salvação cujo ponto  culminante se encontra na  intervenção encarnada do Cristo. Neste resumo e confirmação reiterados, o Cristo continua sua obra salvadora  por meio do Espírito Santo.”

Para ele, o culto cristão contesta a justiça humana, aponta para o dia em que todas as conquistas  e fracassos  serão julgadas  e oferece a esperança e promessa  pela afirmação de que,  em última análise, tudo  está nas mãos de Deus.

Em cada culto devemos agradecer ao Senhor pelos seus feitos poderosos, pela salvação em Cristo Jesus e pela certeza de que seu Santo Espírito nos guia na verdade e no consolo. Além do exame de nós mesmos, sendo sempre desafiados para sermos relevantes para Deus, nossa família e mundo em que vivemos.


BIBLIOGRAFIA SUGERIDA SOBRE O ASSUNTO:


AMORESE, Rubens Martins. Celebração do evangelho. São Paulo: Editora Abba.
 

FREDERICO, Denise C. de Souza. O que é liturgia? RJ: MK, 2004. 86p
 

___________________________. Cantos para o culto cristão. São Leopoldo, RS: Editora Sinodal. 414 p.
 

LUZ, Westh Ney e GUSMÃO, Leila. Culto Cristão – contemplação e comunhão. RJ: JUERP, 2003. 204p. 
 

KIRST, Nelson. Nossa liturgia: das origens até hoje.S. Leopoldo: Sinodal, 2000.19p
 

SHEDD, Russel P. Adoração Bíblica. SP: Vida Nova, 1987. 170 p.
 

MULHOLLAND, Edith B. Notas Históricas do Hinário para o Culto Cristão (HCC). RJ: JUERP, 2001. 494p.
 

WHITE, James. Introdução ao Culto Cristão. S. Leopoldo: Sinodal, 1997.267p
_______________________

*O texto escolhido foi publicado na série Documentos Batistas, 2011 com o título Culto e Adoração e segue com algumas correções e adaptações feitas pela autora. Editado originalmente nos documentos batistas, no portal da CBB.  http://www.batistas.com/images/pdfs/cultoadoracao.pdf

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Westh Ney Rodrigues Luz – Ministra de música, profª do Seminário do Sul (STBSB/FABAT), lecionando Culto Cristão, História da Música e Gestão da música na Igreja. Membro da Igreja Batista Itacuruçá e regente dos Coros feminino Cantares e masculino do Seminário do Sul. Redatora da revista de música Louvor, da CBB. Formada em Licenciatura em Música (UFRJ), Bacharel em Música Sacra (Seminário do Sul), História (UGF) e pós-graduada em Artes (FIJ).  http://www.blogdawesth.blogspot.com/





quinta-feira, 3 de outubro de 2019

BILL ICHTER - William Harold Ichter (EUA, 11/12/1925 – 29/08/2019)

 Em 2009, em conversa com Bill Ichter, nosso 1º primeiro missionário de música enviado ao Brasil, em 1956, pedi-lhe que deixasse para nós, músicos brasileiros, uma palavra, um conselho. Ele assim respondeu:

1. Mantenha-se firme na Fé.

2. Procure ter um bom relacionamento com o pastor com quem você trabalha. Não se esqueça que ele é o líder espiritual da igreja.

3. Não esqueça que o ministério da música deve tentar ser significativo para todas as idades.

4. De uma maneira ou outra, procure dar mais ênfase na mensagem da música. A mensagem e de suma importância e a música, o instrumento que Deus para comunicar a mensagem.

5. Seja "adaptável." Vivemos num mundo de mudanças, mas no seu desejo de adaptar, não comprometa os seus ideais. Os americanos têm uma expressão - Quando jogar fora a água do banho, não jogue fora o nenê.


Bill Ichter é quase um brasileiro. Aliás, ele sempre foi conhecido como o mais brasileiro de todos os missionários, todos que o conheceram dizem a mesma coisa. Torcia pelo Vasco, time carioca de futebol, com camiseta e tudo, e ainda frequentava os jogos no Estádio do Maracanã com seus filhos.

No ano de 2019, Bill Ichter completou 70 anos de ministério dedicado à Cristo. Dia 09/10/08 perguntei-lhe por e-mail, o que trazia mais saudade ao seu coração de todas as suas realizações e criações aqui no Brasil. Respondeu-me assim: 
  
          
   - De tudo que Deus permitiu que fizesse e realizasse durante os meus 35 anos no Brasil, eu sinto mais a falta dos brasileiros, a sua camaradagem, o seu calor humano, as suas amizades. É a resposta que dou para todos que por aqui perguntam.

Foi compositor, arranjador, escritor, compilador e editor. Escreveu muitos livros, organizou clinicas de música, compôs hinos, trabalhou incessantemente organizando, ensinando e ensaiando coros nas igrejas, formando assim grandes corais para as Cruzadas de evangelização que grassavam pelo país. Na Cruzada Billy Graham, em 1974, Bill regeu lindamente um fantástico coro - uma multidão no Maracanã, Rio de Janeiro, RJ. Eu estava lá.



 

Em 1943, quando cursava Pré-Medicina na Faculdade, tem o encontro com Cristo, como seu Salvador pessoal. Foi para a guerra (Segunda Guerra Mundial) onde foi condecorado. Era um veterano e todos os anos na Convenção Batista Brasileira, por meio da CONFRATEX, dirigida pelo Pr. João Filson Soren (capelão na Itália na mesma guerra), fazia parte do desfile dos ex-combatentes brasileiros que serviram na Segunda Guerra. Entrava garbosamente, e com muito orgulho com a bandeira americana.

Fez o curso de Bacharel em Artes, com especialização em Música, na Universidade Batista de Louisiana e o mestrado em Música Sacra no Seminário Teológico Batista de Nova Orleans, em 1955. Estudou regência com maestros importantes no exterior e no Brasil, mesmo em meio suas atividades como missionário músico percorrendo o país. Estudou com os maestros Diogo Pacheco e Isaac Karabtchevsky e professor Rossini Tavares Lima (música folclórica). Fantástico ver a vontade do Bill em estudar a cultura do povo onde ele investiu sua vida.

Foi o pioneiro em muitas áreas da Música Sacra no Brasil quando aqui chegou com sua querida, meiga e doce Jerry Catron Ichter (casados em 1949), e dois filhos pequenos Alana e Alan. Seus filhos Nelson e Carlos nasceram no Rio, RJ, Brasil. Tem duas noras brasileiras e três netos nascidos também no Brasil. Tem neto nascido na Korea; uma neta nascida na Alemanha; quatro bisnetos nascidos na Itália, e duas bisnetas nascidas no Kenya. Isto é fantástico. Uma vida nas mãos do Senhor, onde a pátria é o mundo.

Começou lecionando música, em classe, para os alunos de Teologia com aulas de teoria musical e regência no STBSB/Seminário do Sul. O Curso de Música Sacra, onde muitos dos ministros de música foram formados desde 1963, sob a liderança do casal Sutton – Joan e Boyd, ainda não existia. Bill foi a semente do curso, que hoje abriga a FABAT/ Faculdade Batista do Rio de Janeiro, pois com ele e suas experiências em viagens pelo país ficaram evidenciadas as necessidades que tínhamos na área da música para formação de liderança musical no Brasil. Disse ele sobre esse tempo:
        

“Gostei das minhas aulas porque todos os alunos foram obrigados a estudar, e assim pude deixar sugestões para os futuros pastores."

Bill Icther, organizou e coordenou a música no Brasil por meio do Departamento de Música da Junta de Escolas Dominicais e Mocidade, que mais tarde ficou conhecido como Superintendência de Música da JUERP. Ali foram publicadas coletâneas para coros infantis, coros de jovens e coros mistos (SCTB, vozes femininas e masculinas) e que ainda são usadas no país. Publicou diversas cantatas sazonais. Publicou o oratório O Messias de Haendel, resultado do trabalho com uma comissão de notáveis tradutores e regentes.

Também publicou livros como o conhecido e amado – Se os hinos falassem (4 volumes). As lindas histórias dos hinos mais amados pelos batistas nos animavam e assim, o povo cantava com entendimento e alegria. Publicou um pequeno livro – Vultos da Música Sacra evangélica no Brasil – que trouxe uma contribuição à hinologia. Compilou o livro Música e seu uso nas igrejas, abordando vários temas pertinentes sobre o ministério musical, pois como realizava tantas clínicas pelo país, percebia a necessidade de um livro didático. Essas coleções e livros ainda hoje ajudam muitos líderes.

Contribuiu também escrevendo na coluna chamada Canto musical, no O Jornal Batista, onde escreveu durante 10 anos e isso foi de grande valor para a formação da liderança musical brasileira. Não tínhamos ainda uma revista especializada como temos hoje – a Revista Louvor - e muitos músicos recortavam aquelas colunas, catalogavam e guardavam como preciosidade, pois traziam conselhos e informações para uso no ministério. Fiz muito isso e tenho ainda alguns recortes. Nestes tempos de pioneirismo e formação ainda bem que tínhamos o Bill Ichter, que sozinho saía pelas igrejas promovendo clínicas de música, ensinando em várias áreas musicais e regendo grandes coros nas Cruzadas evangelísticas que tínhamos pelo Brasil – mais precisamente Maracanã e Maracanãzinho. Estive em algumas delas e vivenciei aqueles momentos preciosos de comunhão e unidade batista.
 


Como foi citado acima, foi professor de música no Seminário do Sul, no IBER e no antigo Curso de Obreiras no Colégio Batista, dirigiu a música da CBC – Convenção Batista Carioca, além de membro da Igreja Batista Itacuruçá. Sempre no Rio.

Escreveu muitos hinos para diversas campanhas das nossas juntas missionárias, mas não queria que seu nome aparecesse em demasia, pois eram hinos missionários e ele achava melhor um nome de autor brasileiro. Usou muitos pseudônimos – Nelson Mariante, Severino Parente, Jana Oliveira, Jason Oliveira, Carlos Leite, Alana Silva, Nala Silva, Jeremias Oliveira, Ronaldo Oliveira. Era uma época difícil, pois não tínhamos tantos compositores como hoje. Esses hinos estão publicados em muitos hinários de campanhas de evangelização e material de promoção missionária. No Hinário para o culto Cristão temos duas cooperações do Bill Ichter. Na harmonização do 603 – Minha pátria para Cristo (439 CC – Cantor Cristão) e na música do hino 526 – Cristo, a única esperança (581 CC - Cantor Cristão).

No livro Notas Históricas do HCC – Hinário para o Culto Cristão,  podemos encontrar muitos dados interessantes sobre sua atuação nos arranjos e revisão das fontes do CC – Cantor Cristão, onde Bill Ichter foi o coordenador da comissão juntamente com a professora Joan Sutton e seus alunos do Seminário do Sul. Trabalharam arduamente nos detalhes e informações históricas necessárias. As notas estão inseridas nas histórias dos hinos 526 e 603 no livro Notas Históricas do HCC, escrito por Edith Mulholland.

Bill recebeu o Prêmio Arthur Lakschevitz em 1988, oferecido pela Associação dos Músicos Batistas do Brasil – AMBB. Também recebeu mais dois prêmios na área musical:  o Hines Sims Award em 1980, pela Associação dos Músicos Batistas da Convenção Batista do Sul (EUA); e em 1990, o Distinguished Service Award oferecido pela Escola de Música do Seminário Teológico do Sudoeste de Fort Worth, Estado de Texas. Por serviços prestados ao Rio de Janeiro, recebeu em 1984 a medalha  Cidadão Honorário do Estado do Rio de janeiro, além de medalhas militares.

Durante dez anos, antes de se aposentar, trabalhou na Junta de Missões Mundiais como redator da revista O campo é o mundo e também coordenando o trabalho pela Ásia, África e América do Norte, sendo um assessor dedicado do pr. Waldemiro Tymchak, o executivo da mesma junta acima mencionada.

Gostaria muito que todos os que chegam agora e estão se empenhando pela boa música e seu melhor uso na igreja, espalhados por esse Brasil, pudessem ler isso e entender que tudo que fazemos hoje, é fruto de quem veio antes e nos deixou esse legado. Nossos professores nos seminários brasileiros e os músicos líderes nas igrejas, aprenderam com professores, que aprenderam com estes pioneiros.
O que será que vamos deixar para as futuras gerações?

Em agosto de 1990, ele e sua esposa, a querida e doce irmã Jerry, agora aposentados, voltaram para seu país de origem. Durante algum tempo serviram como “Missionários locais”, no Centro de Treinamento Missionário da Junta de Richmond.

Foi ministro para pessoas de terceira Idade, na Primeira Igreja Batista de Minden, Louisiana e dirigiu o coro desse grupo. Com o coro viajou, cantou em diversas reuniões levando também um conjunto de sinos e um pequeno conjunto de Dulcimers. Nessa igreja serviu como diácono, cantou em dois coros e dirigia a música congregacional quando convidado. Sobre esse ministério assim narrou:


“No início do meu ministério na igreja em Minden, comecei a telefonar para todos da terceira Idade, no dia do seu aniversário. Para os homens, somente  uma palavra, mas para as mulheres, cantava "Parabéns pra você," em português. Mesmo aposentado da igreja agora, continuo esta pratica porque temos muitas  senhoras viúvas, que moram sozinhas e aguardam ansiosamente este cântico”.

Ainda, na sua aposentadoria, nos EUA, Pr. Bill foi capelão do Hospital local por doze anos, onde visitava os enfermos diariamente. Orava com todos que iriam se submeter a cirurgias.  E após seu serviço como capelão do Hospital, ainda serviu dois anos como capelão da polícia do estado de Louisiana, deixando essa função somente quando sua querida Jerry foi acometida do Mal de Alzheimer. 


Em sua última viagem ao Brasil (2013), com sua querida Jerry, estivemos juntos no lar do Pr. Ebenézer Ferreira e Noemí Lucília para um momento de bom convívio. Quanta saudade. Também esteve na Igreja Batista Itacuruçá onde falou e regeu. Foi uma festa para a igreja onde ele serviu por muitos anos. Falou para os alunos do curso de música do Seminário do Sul, onde foi o professor pioneiro, como relatado acima. Contou histórias e aconselhou com seu jeito alegre e divertido de ser. Para a maioria, era a primeira vez que ouviam falar desse grande homem, servo de Deus. Os alunos que lá estiveram foram impactados por suas histórias e conselhos. Falam até hoje sobre aquele momento.

Minha vontade é narrar toda a saga desta família após Bill e Jerry. É linda a história. Impressionante como quase todos os netos estão envolvidos com missões em diversas partes do mundo. Os frutos de amor e compaixão desta linda família estão espalhados por três gerações.

UM POUCO SOBRE SEUS FILHOS:


 
 
1. Alana chegou com seus pais ao Brasil e já tinha seis anos. Estudou no Colégio Batista e Escola Americana, foi para seu país natal, América, e é formada em Sociologia. Ela e seu esposo, Ronald Greenwich, trabalharam 32 anos em Santa Catarina. Fizeram um excelente trabalho. Dirigiram a Casa de Amizade em Florianópolis, depois trabalharam na implantação de igrejas e vários projetos sociais em regiões menos favorecidas. Em cada igreja, Alana sempre atuou na área da música além das outras áreas. O casal tem quatro filhos: Jason, Jeremy, Jana e Joel e doze netos.

2. Alan chegou com seus pais e fez como sua irmã, como normalmente acontece com todos os nossos missionários, voltam e cursam universidade no país natal. O que é muito interessante com os filhos do Bill é que sempre acabam voltando para o Brasil e servem aqui por algum tempo ou por toda a vida. Alan e Barbara se casaram em 1981, ela brasileira e membro da PIB de Copacabana, igreja onde Bill congregou e serviu por muitos anos. Alan morou na Korea e hoje está em Dallas trabalhando com marketing. O casal tem dois filhos: William e Michael e dois netos.

3. Nelson, carioca, estudou no Colégio Batista, na Escola Americana do Rio e na Faculdade Batista Carioca. Após a ida do Bill para os EUA, aposentado, ele continuou no Brasil por alguns anos. Em 1998 migrou para os Estados Unidos com a família. Janilda estudou e lecionou no IBER e STBSB e a família dele hoje é ativa na Prestonwood Baptist Church, em Plano, Texas, EUA. Cantam no coro, Janilda é líder do ministério Mães Unidas em Oração, no Texas e professora da EBD na língua portuguesa e Nelson diretor da classe. É casado com Janilda há trinta e dois anos (32) e tem um filho – Philippe, casado com Lindsey.

4. Carlos, carioca, estudou no Colégio Batista, na Escola Americana do Rio, formou-se em música, na Universidade Batista de Ouachita, com bacharelado em Educação Musical e no Seminário Teológico Batista do Sudoeste, com mestrado em Música. Casado com Shannon foram morar no Texas, onde estudou em Fort Worth. Foi ministro de música em Dallas, mas sentindo chamada de Deus para missões, vieram para o Brasil, pela mesma Junta que enviou os seus pais e irmã, a Alana. Foram trabalhar na Bahia, onde organizou o departamento de música da Convenção Batista da Bahia. Eu vi este seu trabalho, estava lá no acampamento da Convenção, como palestrante. O evento foi muito bom e é comentado até hoje entre os músicos baianos. Transferido para a Alemanha, usou da mesma estratégia: organizou os músicos batistas alemães, e ajudou a plantar uma igreja na Bavária. Após oito anos, voltaram para os Estados Unidos, para ser ministro de música da PIB de Nova Orleans onde ficaram até o furacão Katrina. Carlos foi um plantador de igrejas por treze anos no Brasil e na Alemanha liderando e realizando conferências e workshops. Atuou na faculdade de música da University of Central Arkansas e como especialista em música e adoração na Convenção Batista do Estado de Arkansas de 2006 a 2010. Foi ministro de música no Texas, Louisiana e Arkansas. Atualmente está na Tallowood Baptist Church, Houston, Texas, EUA como pastor de música e adoração. Interessante como o caçula do casal Ichter tem um ministério semelhante ao do seu pai – além do pioneirismo, sempre organizando e estruturando a música por onde passa. O casal tem 3 filhos: Leslyn, Christian e Daniela e dois netos.

 

OS NETOS DO BILL E JERRY: São 10 netos e 16 bisnetos.
 


Seus netos são ativos e muitos já estão no ministério.
 

 ⦁    Um foi missionário na Itália pela Junta de Richmond e com os Atletas de Cristo durante 15 anos.
⦁    Outro foi técnico de futebol (brasileiro) e professor de Espanhol, em uma escola cristã, em Nairobi, Kenya e hoje é missionário em um país muçulmano;
⦁    Uma trabalhou em um Centro de adoção e hoje, junto com seu marido e filhos, é missionária na Itália. 
⦁    Um neto cursou seminário e participou de viagens missionárias para lugares como Índia, Korea, Equador, Canadá e Brasil e hoje tem doutorado em pedagogia e trabalha com jovens menos favorecidos. 
⦁    Um foi militar e hoje atua no campo médico como dosimetrista.
⦁    Outro serve a Deus como missionário em outra vila africana na tradução da Bíblia para aquele povo que não tem acesso à Palavra de Deus.
⦁    Uma neta é professora de música em uma escola, onde tem recebido vários prêmios pela excelência em ensino. 
⦁    Outro é ministro de música na igreja New Life, em Conway, Arkansas. 
⦁    Outra neta se forma na Baylor University, em 2020 em música. 
⦁    Outro neto, trabalha na área financeira em Dallas. 
                                     

Que vida abençoada, a do querido Bill Ichter.Trabalhou muito, investiu sua vida no Reino de Deus, fez muitos amigos, muitos discípulos, deixou saudade por onde andou e não perdeu a sua família. Deus seja louvado por ele e por toda a sua descendência. Graças Senhor por Jerry e Bill, pelo coração de servos submissos e pelo amor e carinho para o nosso povo brasileiro.  Ao nosso Deus e Pai amado a glória e a honra para sempre.
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Westh Ney Rodrigues Luz – Ministra de música, profª do Seminário do Sul (STBSB/FABAT), membro da Igreja Batista Itacuruçá, redatora da Revista de música Louvor e regente dos Coros feminino Cantares e masculino do Seminário do Sul/FABAT.


Bibliografia consultada:
•    Mulholland, Edith – Notas históricas do HCC. Rio de Janeiro: JUERP, 2001
•    Correspondência por e-mail, em outubro de 2008, entre Bill Ichter e autora do artigo.
•    Correspondência por e-mail com seus filhos Alana Ichter Greenwich e Carlos Ichter e com sua nora Janilda Ichter.

terça-feira, 24 de setembro de 2019

MÚSICA NA IGREJA É ARTE FUNCIONAL - PENSANDO EM COROS


                                                                                                         Westh Ney Rodrigues Luz, 2019

          
“A palavra de Cristo habite em vós ricamente, em toda a sabedoria; ensinai-vos e admoestai-vos uns aos outros, com salmos, hinos e cânticos espirituais, louvando a Deus com gratidão em vossos corações.” (Colossenses 3.16).

Música na igreja é arte funcional. Não é arte pela arte simplesmente. É cantar a Palavra alcançando os corações com os textos bíblicos ou poéticos que servirão para reafirmar princípios bíblicos ou doutrinas fixando na memória a mensagem falada. Música na igreja serve para consolar, edificar e ensinar. Música na igreja é ministério. Nos cultos temos música instrumental como bandas, orquestras, duos, trios, solos em processional, prelúdios, poslúdio, recessional, interlúdios. Temos música vocal como solos, duetos, trios, quartetos e coros em grupos de diversas faixas etárias.

O coro não existe para enfeitar, apresentar hinos “especiais” ou divertir. A música vocal por meio do grupo coro deve ser a expressão da igreja nos momentos de culto. O coro na igreja tem pelo menos duas grandes importantes funções: profeta e sacerdote. Quando o coro canta hinos de adoração, louvor, confissão e consagração com textos em forma de oração, ele é intérprete do povo, como no Antigo Testamento. O sacerdote (o coro) leva até o Senhor Deus as orações do povo. A congregação precisa saber isso. O coro exerce a função profética quando canta hinos, que seriam como uma interpretação da Palavra de Deus. São os hinos de exortação, desafios, apelos e ensino. Quando um coro na igreja compreende estas duas funções, o comportamento, as atitudes, a responsabilidade, o amor e a dedicação se farão presentes. A congregação não mais ficará como espectadora, mas absorverá cada palavra, cada texto, orando junto, entendendo a Palavra e aplicando as verdades cristãs para o cotidiano de suas vidas. O coro durante o culto, ora e intercede pela vida de cada visitante – principalmente se ele está localizado de frente para a congregação e consegue visualizar todos que chegam para o culto. Ele está na igreja para ser um apoiador da congregação, para sustentar e dirigir o canto congregacional.

Quando se canta em um coro, um dos requisitos importantes é não deixar de ouvir a voz do outro, sob pena de uma sobressair mais que outra. Quando alguém canta mais forte destrói a harmonia do grupo e o canto deixa de ser homogêneo, equilibrado e ajustado. O integrante do coro compreende que ele deve cantar a sua parte e ao mesmo tempo ouvir o outro e  ele estará levando este princípio para a sua vida diária. Necessitamos ouvir o outro em sociedade, igreja, emprego ou família.

As pessoas procuram organizar um coro na igreja por todos os motivos acima relacionados e mais ainda pelo significado espiritual que dele flui. Um coro que se encontra regularmente para aperfeiçoar o louvor  ao Senhor precisa estar consciente da importância e grandeza deste ministério. A existência de vários desses grupos na igreja é de grande importância. Eles servem para integrar, edificar e expandir o Reino de Deus. Trabalham com sentimento, emoção e sensibilização. Pessoas podem encontrar por meio dos coros um canal para veicularem seus anseios e encontrarem um equilíbrio podendo desfrutar da bênção e ao mesmo tempo ser bênção para a vida da igreja.

Coro é uma experiência afetiva forte e carregada de significados. É uma experiência de desenvolvimento individual e coletivo atuando no crescimento intelectual e emocional do participante. Cantar no coro, além de uma atividade de integração, representa muito mais quando o grupo serve a um mesmo propósito. O coro precisa ser um organismo vivo para seus integrantes!

       Termino com uma pequena fala do reformador Lutero:
“Não quero que ninguém cante e entoe nada além de Cristo, no qual tão somente eu tenho tudo. Somente ele eu proclamo, apenas ele eu glorifico, pois ele se tornou minha salvação, isto é: minha vitória.” (Obras de Lutero 16. p.129)


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                       Westh Ney Rodrigues Luz, 2019 –– Ministra de música e prof.ª no 
Seminário do Sul/FABAT ; membro da Igreja Batista Itacuruçá, Tijuca, Rio; redatora da Revista de Música Louvor, da CBB.