quarta-feira, 4 de novembro de 2009

Deixe-me Adorar! Fabiano Rocha

Há um tempo atrás, este foi o título de uma pastoral em um *boletim dominical; feita em uma ocasião em que os membros da igreja talvez não estavam compreendendo como deveriam ser suas atitudes nos momentos de cultos. O pastor, dizia que as pessoas, suas ovelhas, o estavam atrapalhando no momento do culto coletivo. Sentavam e saiam do santuário a todo momento; conversas paralelas; o pessoal do “fundão” rindo de tudo o que estava acontecendo, as crianças com seus brinquedos e lanchinhos fazendo a festa! DEIXE-ME ADORAR! Parecia mais um grito de socorro daquele pastor.

Hoje, grito também!

DEIXE-ME ADORAR!!!


Mas, não adianta. Nem gritando as pessoas podem me ouvir.

Porque a maioria dos musicistas cristãos pedem uma amplificação alta? Parece que tenho 150 anos de idade falando sobre isso. Mas, minha preocupação é com o meu ouvido, do jeito que as coisas estão, com 40 anos estarei surdo! Um volume agradável é a primeira atitude em que uma pessoa que se diz músico deve ter ao transmitir as outras pessoas o seu “som”. E nós cristãos, não estamos transmitindo uma mensagem qualquer, estamos transmitindo uma mensagem salvadora e transformadora. Ao invés disso, deixamos os crentes (sem contar os vizinhos) estressados, impacientes, pois, ficam orando para culto terminar logo, pois, o barulho é insuportável, e cada minuto a mais parece ser uma eternidade.


Algumas reflexões:

Aumentar o volume - é um truque barato para aumentar a energia do ambiente. Pra muitos tocar animado, brilhante, sei lá, é tocar alto! Existe uma comédia “ This is Spinal Tap”, que mostrou todos os absurdos truques de som utilizados para compensar a falta de talento. Se existe alguém que tem direito de tocar alto, é aquele que toca muito bem, mas, geralmente quem toca muito bem, sabe que tocar alto não agrada a ninguém, apenas a si próprio. (será que a maioria dos músicos de uma banda/equipe de louvor/equipe instrumental percebem que estão tocando em conjunto? Já observei vários grupos instrumentais, na maioria deles, todos eram solistas ao mesmo tempo. Isso é falta de musicalidade.


Quando falta afinação – vamos dizer a verdade, a maioria dos cantores e instrumentistas não estão próximos de tom perfeito, se é que posso dizer assim. Certa ocasião o irmão da bateria disse: Fabiano, vamos tocar bem alto quando o irmão fulano for cantar (solo), pois, ele é meio desafinado, temos que encobrir a voz dele. Outro episódio muito interessante eu presenciei há alguns anos atrás e sempre que lembro acho muito engraçado. Domingo de manhã, o irmão da guitarra chega pro irmão do baixo e diz: Já afinou seu baixo? Não! Não precisa, eu afinei na quarta-feira .


Exclusão – devemos sempre considerar que podemos estar excluindo as pessoas; não só as idosas, pois, dizem que volume alto incomoda apenas os idosos, isso não é verdade. Uma vez passei na porta de uma igreja, que não era batista, graças a Deus, e pensei que o “Guns N’ Roses” estava na igreja, era muito alto; depois que a polícia chega pra averiguar o que está acontecendo os crentes começam a dizer que é coisa do diabo, é perseguição contra a igreja.


Nos tempos em que a música se desenvolveu com Palestrina, no século XVI, tornou-se muito requintada e adornada para cantores comuns. Então os cristãos iam à igreja para ouvir um padre e um coral.


A Reforma Protestante tirou a música sacra dos profissionais e colocou-a de volta aos bancos da igreja. Lutero compôs hinos baseados em melodias populares, inclusive “drinking songs” (músicas para serem ouvidas enquanto se bebe algo). Calvino insistiu nas letras baseadas em Salmos. Esta foi uma música da qual quase ninguém podia participar. O problema hoje, certamente, é a raridade de músicas elaboradas. Nós poderíamos utilizar um pouco mais de arte, na verdade, do que normalmente conseguimos, com a simplicidade e formatos musicais repetitivos de muitas músicas de adoração contemporâneas.


O contraste com a Reforma é a insistência dos dias modernos de que as pessoas sejam o centro das atenções. Nós fazemos isso ao permitir que uma banda com seis membros faça mais barulho do que uma congregação lotada. Mas o culto na igreja não é um concerto no qual o público canta com os cantores principais. Musicistas – cada um deles, incluindo os cantores – acompanham o louvor da congregação. Eles deveriam estar misturados ao som o suficiente apenas para fazer a sua parte, conduzindo e apoiando a congregação.

Palestrina é bom, e um bom rock cristão também. Então, músicos das igrejas, se vocês querem apresentar uma boa música, isto requer uma maior habilidade com os instrumentos, em todos os sentidos.

Mas quando vocês estiverem nos liderando (congregação) nos cânticos, então, levem-nos a cantar. E baixe o volume, senão não conseguiremos ouvir vocês – ou pior – estaremos lutando contra vocês. Eu sei que não é isso o que vocês querem que aconteça. Mas eu estou dizendo a vocês o que está acontecendo.

Gente, o povo esta clamando:

“DEIXE-NOS ADORAR”.



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Nota do autor:
o título é de uma pastoral, do pastor Romildo Nunes Mendes, da PIB de Foz do Iguaçu. Ele a fez quando eu ainda trabalhava nesta igreja. Algumas das reflexões do texto, 2º parágrafo, foram baseados em um livro de John Stackhouse Jr.

Fabiano Rocha da Silva - fabianorocha_dasilva@live.com
4º período de licenciatura em música - STBSB

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Fabiano é aluno do 2ª de música do STBSB -Seminário do Sul.
É casado, tem 26 anos, toca teclado tbém. É pianista e regente

2 comentários:

  1. Ele é nossso e temos orgulho disso!
    Parabéns Fabiano(Timoteoooo)! o texto é tremendo! Deus continue te abençoando! bjos
    a Djulie é sua esposa e nossa amigona tbém amamos este lindo e abençoado casal! saudades!!
    com amor: Ana, Cláudio e Nicole.

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  2. Fabiano, que saudades... quanto tempo!
    Mande notícias pra gente, você é muito especial, temos muitas novidades.... quando aparecer em Curitiba^nos procure... você sabe, estará em casa...
    Beijo grande.

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