domingo, 21 de junho de 2020

DUZENTOS ANOS DE FRANCES (FANNY) JANE CROSBY – parte I

 (Putnam, Nova Iorque, EUA, 24/03/1820 e Bridgeport, Connecticut, EUA em 12/02/1915)

                                                                                                 Westh Ney Rodrigues Luz

Os protestantes e os grupos religiosos chamados evangélicos comemoram este ano, em 2020, duzentos anos de nascimento da mais conhecida hinista da música sacra cristã. Poeta, professora, escritora e hinista. Usou mais de 200 pseudônimos e alguns narram ser uma decisão dos editores da época que não queriam repetir os muitos hinos dos mesmos autores/compositores para que não ficassem orgulhosos. Frances Jane van Alstyne é o seu nome de casada e aparece em alguns hinários, assinando alguns hinos. Em certa ocasião, ela e seu esposo tiveram um hinário rejeitado, pois os editores não queriam lançar um hinário de apenas duas pessoas. Escreveu de 8 a 9 mil hinos, além de milhares de poemas evangélicos, seculares, populares e patrióticos.
 

Fanny ao nascer, com seis semanas de vida teve seus olhos inflamados e um remédio danificou seu nervo ótico. Alguns livros afirmam que foi colocado um emplastro de mostarda nos olhos da nenezinha. Nunca mais enxergou. No mesmo ano seu pai faleceu e sua mãe foi trabalhar numa fazenda vizinha. Foi cuidada por sua avó que ensinou tudo que precisava. Descrevia para ela tudo que estava a sua volta, nas árvores, jardins e descrevia os animais cujo som ouvia. Ela a ensinou a decorar a Palavra e a orar. Decorava os Salmos com facilidade. Apesar da cegueira, sua marca foi sempre a alegria.

Mesmo sabendo os livros da Bíblia de cor, teve sua experiência de conversão aos 30 anos ao som do hino de Isaac Watts - Por meus pecados padeceu (HCC 190). Disse ela: “Minha alma inundou-se com a luz celestial”. Então levantou-se e exclamou: Aleluia! Aleluia! Assim entregou sua vida a Cristo. “Pela primeira vez entendi que estava procurando segurar o mundo em uma mão e o Senhor na outra”, disse a poeta.

Aos 38 anos casou com Alexander Alstyne, também cego, músicos e professor na mesma escola onde entrou como aluna e foi também professora. Tiveram uma menina que faleceu ainda bebezinho. Este foi um drama em sua vida. Seu marido ficou muito tempo em depressão

Entre todos os sentimentos e atitudes de Fanny Crosby, em primeiro lugar foi ser uma testemunha de Cristo. Falava sempre e em qualquer lugar do amor de Cristo e do seu perdão. Dedicou sua vida à uma missão em um bairro pobre em Nova York (The Bowery) com muitos bares, pessoas sem abrigo, alcóolatras e locais de prostituição. Ela considerava este trabalho o mais glorioso do mundo, pois dava oportunidade de amar e demonstrar esse amor. Amor é o que todas as pessoas precisam, assim se expressava. Este foi o seu ministério após os 60 anos e onde trabalhou por 25 anos. “Tenho me sentado ao lado de pessoas que tinham nenhuma esperança, entretanto quando o princípio do amor divino foi compartilhado com eles, derramaram lágrimas”, assim dizia.

Por se dedicar a essa missão, aos 76 anos se mudou para o bairro do Brooklin, NY, para ficar mais perto do local do envolvimento. Morava perto do músico Ira D. Sankey, o líder musical das campanhas de evangelismo de Dwight Moody. Nesta época se tornou amiga da Phoebe Palmer Knapp, a compositora da música do seu hino muito amado dos brasileiros - Que segurança sou de Jesus! (417 HCC)

Contribuiu com missões semelhantes. Trabalhou junto aos prisioneiros, aos imigrantes e pregava para eles. Foi conferencista em muitas igrejas pequenas e grandes e em lugares distantes, mas o objetivo sempre primeiro da sua vida era levar pessoas a aceitarem Jesus como Salvador e Senhor das suas vidas.

Seu coração bondoso e identificado com o “uns aos outros”, além de se identificar com tantas causas sociais como da causa feminista, dos imigrantes, escravos, pobres e moradores de rua, também serviu como enfermeira durante a epidemia de cólera em New York. Apesar de viver em um período de guerra e epidemia, Fanny Crosby era firme em Cristo. Ele era a sua segurança.

Foi a primeira mulher a se apresentar diante do Senado dos Estados Unidos, aos 23 anos, falando em defesa dos cegos recitando um poema. Apoiou Abraham Lincoln na causa abolicionista e escreveu hinos lutando contra a escravidão e também em defesa do movimento de emancipação feminina.  Mesmo famosa e amada por seus hinos continuava com sua vida simples, pobre e modesta, repartindo com os outros o que recebia.

Como pode alguém escrever tantos hinos? Uma mulher inspirada por Deus e que dele recebeu o talento especial de colocar em poesia/hino os sentimentos e conceitos profundos da Fé cristã. Começou a compor aos 45 anos. Ela diz que seus hinos eram ditados pelo Espírito Santo, sendo resultado de profunda meditação.

É considerada um dos maiores nomes entre os compositores cristãos e com seus hinos presentes em muitos hinários protestantes e em diversos idiomas. São amados por todos os cristãos, pois falam à alma narrando o cotidiano da vida e trazendo esperança e apontando Cristo como Senhor. Eles convidam à uma decisão falando da alegria de um relacionamento com Cristo. Falam do avivamento, do amor de Deus, segurança, contam a história da Salvação em Cristo, trazendo aos aflitos o anseio de um mundo melhor e ainda apontando para o céu.

O Cantor Cristão (CC) e Hinário pra o Culto Cristão (HCC) contêm 46 hinos, sendo 11 desses comuns aos dois. Há também 4 melodias novas no HCC para serem usadas com hinos da Fanny Crosby  - 277, 346, 347, 547.

Segue abaixo uma tabela comparativa com os hinos do CC e HCC, organizada por westh Ney Rodrigues Luz, com autor/compositor e título das melodias. Em vermelho o que está no CC.




 

No HCC – Hinário para o culto cristão (hinário Batista da CBB, 1990) temos 12 hinos, e onze deles estão presentes no CC, menos o 301, Remido, que pertence ao hinário citado. No Cantor Cristão (hinário Batista da CBB, 1891) temos 45 hinos – os 11 comuns ao HCC. Exclusivamente no Cantor Cristão temos 34. São eles: 43, 64, 116, 126, 128, 187, 196, 210, 212, 215, 224, 232, 235, 237,238, 255, 273, 288, 290, 309, 331, 356, 363, 370, 374, 420, 422, 435, 448, 450, 455, 471, 501, 503.

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Westh Ney Rodrigues Luz – Ministra de música, profª do Seminário do Sul (STBSB/FABAT), lecionando Culto Cristão, História da Música e Gestão da música na Igreja onde rege o coro masculino do Seminário do Sul. Membro da Igreja Batista Itacuruçá onde é regente dos Coro feminino Cantares. Formada em Licenciatura em Música (UFRJ), Bacharel em Música Sacra (Seminário do Sul), História (UGF) e pós-graduada em Artes(FIJ).
http://www.blogdawesth.blogspot.com/
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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:

MULHOLLAND, Edith B. Notas Históricas do Hinário para o Culto Cristão (HCC). RJ: JUERP, 2001. 494p. 


JACKSON, Samuel Trevena. Fanny Crosby’s Story of Ninety-four Years, New York, Revell, 1915, p. 33, in: Ruffin, Bernard, Fanny Crosby, Philadelphia, PA, United Church Press, 1976, p. 28.

CROSBY, Fanny Jane. Her eighty-sixth year. Livro autobiográfico. JAMES H. EARLE & COMPANY BOSTON MASSACHUSETTS; 1906, p.280 (Biblioteca pública de NY (1109781)


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Links:

 https://www.luteranos.com.br/textos/frances-jane-fanny-crosby-1820-1915

https://igrejadojubileu.wordpress.com/2016/02/23/fanny-crosby-uma-cegueira-iluminada/


http://www.euvosescrevi.com.br/minha-historia-minha-cancao-fanny-crosby/


http://www.prazerdapalavra.com.br/recursos/historia-do-cristianismo/14725-a-seguranca-de-fanny-crosby
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Texto em construção – parte I

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