Aqui neste Blog estarão registradas a História deste Departamento de música da JUERP - divididas em várias partes - que muito fez pela Música Sacra Batista Brasileira e também Evangélica em geral. Esta história está entrelaçada com a vida, com a biografia do missionário Bill Ichter - wichter@suddenlink.net
Neste mesmo blog, no http://blogdawesth.blogspot.com/search?q=bill+icther você poderá encontrar a história dele pesquisada por mim - Westh Ney Rodrigues Luz
Segue a história contada, narrada por William Harold Ichter - o Bill
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Departamento de música da JUERP
por William Harold Ichter
Parte I
Introdução
A minha chamada
Durante os anos de 1950-1953, eu estava servindo como Ministro de Música num grande e vibrante Igreja Batista na cidade de Baton Rouge, Estado de Louisiana. Comecei a sentir como a música estava sendo grandemente usada como um instrumento nas mãos de Deus para atrair pessoas para a pregação da Palavra de Deus, e prepará-las para a mesma. Verifiquei como a música também foi usada para o crescimento espiritual dos coristas. Do Coro Jovem daquela Igreja, nada menos de 10 jovens haviam entregado as suas vidas para o Ministério tanto da pregação da palavra, bem como no Ministério da Música. No meu coração, Deus colocou uma simples pergunta: “Se a música esta sendo usada tão grandemente em nossa igreja, será que não poderia ser igualmente usada no trabalho missionário no Exterior?”
Um dia, um pregador visitante falou sobre o trabalho missionário na Europa. De repente, comecei a sentir que Deus estava mexendo com a minha vida. Pensei que esta chamada poderia ser para Europa. Afinal, havia servido lá durante a Segunda Guerra Mundial, e tinha um razoável conhecimento do Alemão e Frances. Naquela hora de emoção, parecia uma clara Orientação Divina. Mas Deus age de maneiras misteriosas, e hoje dou mil graças a Deus por não ter aberto aquelas portas da Europa que EU estava tentando abrir. Ele tinha planos infinitamente melhores para mim. Apressei-me para entrar em contato com a Junta de Richmond. As minhas mãos tremiam quando falei que sentia a chamada para ser um missionário na Europa usando a música como instrumento principal no meu ministério. Mas o meu quase incontrolável entusiasmo recebeu uma ducha de água fria, pois fui informado polidamente que - “A Junta não tem nenhum pedido para um missionário com especialidade em música, nem na Europa, nem em qualquer outra parte do mundo. Se sentir-se chamado para a obra missionária, terá de fazer três anos de estudo teológico num seminário.”
Naquela época, estava casado com dois filhos, mas mesmo assim pedi demissão da igreja para entrar no Seminário. UM DIA DEPOIS, um Pastor me telefonou dizendo: - “Nos precisamos de um Ministro de Música, mas o irmão pode estudar no seminário. Temos uma casa para a sua família, e o irmão pode pegar um ônibus toda 3ªfeira as 04h30 da manhã, voltando 6ª feira à tarde. De sexta até terça o irmão pode dirigir cinco ensaios além da música nos cultos de domingo.”
Nenhuma vez durante aqueles três anos de estudo, a Junta tinha condições de me oferecer uma palavra encorajadora a respeito de uma oportunidade de trabalhar como um missionário na área da música, mas também em nenhum momento o meu desejo de ser um missionário se arrefeceu. Finalmente, somente uma semana antes da minha formatura do seminário, veio o primeiro raio de esperança: - “Chegou um pedido da Junta de Escolas Dominicais da Convenção Batista Brasileira, através da Missão Batista do Sul para alguém para organizar um Departamento de Música; e se tudo correr bem, os irmãos podem ser nomeados dentro de um ano.”
Interessante como Deus opera! Eu não havia pensado no Brasil. Como muitos americanos, pouco sabia deste Gigante Adormecido, mas logo depois algumas noticias começaram a chamar minha atenção.
A primeira foi uma bela reportagem na Revista Time, sobre o sonho de um presidente brasileiro construir uma nova Capital no meio de um Planalto. Era uma idéia que chamou a atenção dos americanos. Na capa da Revista, estava estampada a foto deste grande sonhador. Foi o presidente Juscelino Kubitschek. Jamais me esqueci, que a Revista no intuito de “ajudar,” ensinou os leitores como pronunciar o nome Juscelino - Hooselino. Não somente não ajudou os leitores, com também mostrou o seu pouco conhecimento da língua portuguesa.
Mais tarde, fiquei empolgado lendo as palavras deste grande pioneiro quando no dia dois de outubro de 1956 na sua primeira visita ao ermo do Planalto, disse numa explosão de entusiasmo: - “Deste Planalto Central, desta solidão que em breve se transformara em cérebro das mais altas decisões Nacionais, lanço os olhos mais uma vez sobre o amanha do meu país, e antevejo esta alvorada com Fé inquebrantável e uma confiança sem limites no seu grande destino.”Fiquei empolgado com o espírito deste grande sonhador que foi também um realizador. Estas palavras foram do Presidente do povo que Deus estava indicando para investir a minha vida e a da minha família. Mal sabia que mais tarde eu teria o privilegio de visitar aquele lugar de onde o presidente havia falado; e ainda mais teria o privilegio de dirigir um estudo de música que mais tarde resultou na organização do primeiro conjunto coral da nascente Igreja Batista Memorial.
Cada palavra que li sobre este país do meu destino, mais empolgado ficava, e mais grato a Deus, pois Ele sabia onde eu poderia desenvolver melhor o trabalho dos meus sonhos. Os meus primeiros dias no Brasil pude verificar o espírito do seu povo. Povo amigo, cordial e caloroso. Vi logo que não tinha outro país no mundo mais ideal para iniciar o meu trabalho. Não existia nenhum outro país onde um missionário querendo usar a música poderia ser recebido com maior entusiasmo, verificar resultados mais imediatos, e se sentir tão realizado.
Cheguei ao Brasil no dia 19 de setembro de 1956 e imediatamente iniciamos o nosso estudo da língua portuguesa numa pequena escola dirigido por ex-missionários da Igreja Presbiteriana. Foi gostoso pegar o bonde do nosso Bairro (Castelo) ate o centro da cidade.
Estava poucas semanas em Campinas quando conheci o regente do coro da Igreja que estávamos frequentando - a Igreja Batista de Cambuí, cujo pastor era Ernani Sousa Freitas, irmão do Eurico Sousa Freitas que mais tarde se tornaria um grande amigo meu. O nome do regente foi Darcili dos Santos. Naquelas alturas pouco sabia que ele estava dizendo, mas pensei que ele estava me estendendo um convite para cantar no Coral da Igreja. Se realmente foi isto ou não, apareci no próximo ensaio.
Quantas bênçãos recebi durante aquele ano! O coro era bem pequeno, mas muito bom. Eu me lembro como o irmão Darcili ensinou o coro Aleluia, de Handel. Não tivemos a partitura , mas ele levava separadamente os sopranos, contraltos, tenores e baixos para o pequeno harmônio e pacientemente ensinou aquela grande peça coral. Dou graças a Deus por tão boas experiências como membro daquele pequeno conjunto coral. Uma vez, até tomamos um trem para apresentar um concerto na Igreja Batista Zumbi na Ilha do Governador, no Rio de Janeiro.
Durante o meu ano em Campinas conheci o missionario João Tumblin cuja esposa estava estudando, pois ele era nascido no Brasil. Os missionários João e Frances Tumblin (que serviram no Norte do Brasil de 1922-1958), não precisavam estudar o portuquês. João me incentivou a aproveitar alguns cursos que a PUC estava oferecendo.
La fui eu apesar do fato que ainda não entendia tudo. Foi gostoso aproveitar a oportunidade de estudar vários cursos com os próprios autores. Ainda me lembro das palestras e dos seus preletores: Romance Brasileiro com Ligia Fagundes Teles, Hernani Donato, Raimundo de Menezes e Cassiano Nunes. A Música Folclórica do Brasil do musicólogo Rossini Tavares Lima e finalmente uma palestra sobre Música Concreta proferida pelo Prof. Diego Pacheco. (Mais tarde na minha vida missionária, fiz um curso de Regência Coral com o Maestro Isaac Karabtchevsky, sob cuja regência cantei varias vezes como membro da ACC - Associação de Canto Coral, dirigido por Cleofe Person Matos. Este coral foi um dos mais antigos do Brasil.
Dou graças a Deus por todos os meus professores durante o meu ano em Campinas. Um deles foi o grande obreiro Pr. Egidio Gioia. Cheguei mais tarde a escrever um artigo sobre este dedicado servo, na minha coluna Canto Musical em 24 de abril de 1966 (OJB), artigo que mais tarde fez parte do meu modesto livrinho - VULTOS DA MÚSICA EVANGELICA NO BRASIL.
Sou especialmente grato por uma professora D. Nelsie Mariante. Ela tinha a reputação de ser ‘durona.” Tivemos vários professores durante aquele ano. Eu me lembro quando um aluno havia chegado a um ponto razoável no seu estudo e alguns disseram,: - “Mas o senhor fala bem o português - bem PARA UM AMERICANO.” Ela não. O seu desejo era que o aluno falasse COMO UM BRASILEIRO. Que eu saiba somente um dos seus alunos chegou a este ponto, sendo este, o Pastor Malcolm Tolbert que atuou em São Paulo e Belém. Ate hoje mantenho contato com aquela professora, através de cartas e telefonemas.
Infelizmente o período que tinha para estudar a língua de Camões estava terminando, um ano de estudo que era suficiente para mostrar, não o que aprendi, mas sim o muito que ainda não havia aprendido. Chegou a hora para começar o trabalho para o qual havia sido convidado.
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Um dia, um pregador visitante falou sobre o trabalho missionário na Europa. De repente, comecei a sentir que Deus estava mexendo com a minha vida. Pensei que esta chamada poderia ser para Europa. Afinal, havia servido lá durante a Segunda Guerra Mundial, e tinha um razoável conhecimento do Alemão e Frances. Naquela hora de emoção, parecia uma clara Orientação Divina. Mas Deus age de maneiras misteriosas, e hoje dou mil graças a Deus por não ter aberto aquelas portas da Europa que EU estava tentando abrir. Ele tinha planos infinitamente melhores para mim. Apressei-me para entrar em contato com a Junta de Richmond. As minhas mãos tremiam quando falei que sentia a chamada para ser um missionário na Europa usando a música como instrumento principal no meu ministério. Mas o meu quase incontrolável entusiasmo recebeu uma ducha de água fria, pois fui informado polidamente que - “A Junta não tem nenhum pedido para um missionário com especialidade em música, nem na Europa, nem em qualquer outra parte do mundo. Se sentir-se chamado para a obra missionária, terá de fazer três anos de estudo teológico num seminário.”
Naquela época, estava casado com dois filhos, mas mesmo assim pedi demissão da igreja para entrar no Seminário. UM DIA DEPOIS, um Pastor me telefonou dizendo: - “Nos precisamos de um Ministro de Música, mas o irmão pode estudar no seminário. Temos uma casa para a sua família, e o irmão pode pegar um ônibus toda 3ªfeira as 04h30 da manhã, voltando 6ª feira à tarde. De sexta até terça o irmão pode dirigir cinco ensaios além da música nos cultos de domingo.”
Nenhuma vez durante aqueles três anos de estudo, a Junta tinha condições de me oferecer uma palavra encorajadora a respeito de uma oportunidade de trabalhar como um missionário na área da música, mas também em nenhum momento o meu desejo de ser um missionário se arrefeceu. Finalmente, somente uma semana antes da minha formatura do seminário, veio o primeiro raio de esperança: - “Chegou um pedido da Junta de Escolas Dominicais da Convenção Batista Brasileira, através da Missão Batista do Sul para alguém para organizar um Departamento de Música; e se tudo correr bem, os irmãos podem ser nomeados dentro de um ano.”
Os primeiros conhecimentos do Brasil
e contatos com os brasileiros e a sua música.
e contatos com os brasileiros e a sua música.
Interessante como Deus opera! Eu não havia pensado no Brasil. Como muitos americanos, pouco sabia deste Gigante Adormecido, mas logo depois algumas noticias começaram a chamar minha atenção.
A primeira foi uma bela reportagem na Revista Time, sobre o sonho de um presidente brasileiro construir uma nova Capital no meio de um Planalto. Era uma idéia que chamou a atenção dos americanos. Na capa da Revista, estava estampada a foto deste grande sonhador. Foi o presidente Juscelino Kubitschek. Jamais me esqueci, que a Revista no intuito de “ajudar,” ensinou os leitores como pronunciar o nome Juscelino - Hooselino. Não somente não ajudou os leitores, com também mostrou o seu pouco conhecimento da língua portuguesa.
Mais tarde, fiquei empolgado lendo as palavras deste grande pioneiro quando no dia dois de outubro de 1956 na sua primeira visita ao ermo do Planalto, disse numa explosão de entusiasmo: - “Deste Planalto Central, desta solidão que em breve se transformara em cérebro das mais altas decisões Nacionais, lanço os olhos mais uma vez sobre o amanha do meu país, e antevejo esta alvorada com Fé inquebrantável e uma confiança sem limites no seu grande destino.”Fiquei empolgado com o espírito deste grande sonhador que foi também um realizador. Estas palavras foram do Presidente do povo que Deus estava indicando para investir a minha vida e a da minha família. Mal sabia que mais tarde eu teria o privilegio de visitar aquele lugar de onde o presidente havia falado; e ainda mais teria o privilegio de dirigir um estudo de música que mais tarde resultou na organização do primeiro conjunto coral da nascente Igreja Batista Memorial.
Cada palavra que li sobre este país do meu destino, mais empolgado ficava, e mais grato a Deus, pois Ele sabia onde eu poderia desenvolver melhor o trabalho dos meus sonhos. Os meus primeiros dias no Brasil pude verificar o espírito do seu povo. Povo amigo, cordial e caloroso. Vi logo que não tinha outro país no mundo mais ideal para iniciar o meu trabalho. Não existia nenhum outro país onde um missionário querendo usar a música poderia ser recebido com maior entusiasmo, verificar resultados mais imediatos, e se sentir tão realizado.
Cheguei ao Brasil no dia 19 de setembro de 1956 e imediatamente iniciamos o nosso estudo da língua portuguesa numa pequena escola dirigido por ex-missionários da Igreja Presbiteriana. Foi gostoso pegar o bonde do nosso Bairro (Castelo) ate o centro da cidade.
Estava poucas semanas em Campinas quando conheci o regente do coro da Igreja que estávamos frequentando - a Igreja Batista de Cambuí, cujo pastor era Ernani Sousa Freitas, irmão do Eurico Sousa Freitas que mais tarde se tornaria um grande amigo meu. O nome do regente foi Darcili dos Santos. Naquelas alturas pouco sabia que ele estava dizendo, mas pensei que ele estava me estendendo um convite para cantar no Coral da Igreja. Se realmente foi isto ou não, apareci no próximo ensaio.
Quantas bênçãos recebi durante aquele ano! O coro era bem pequeno, mas muito bom. Eu me lembro como o irmão Darcili ensinou o coro Aleluia, de Handel. Não tivemos a partitura , mas ele levava separadamente os sopranos, contraltos, tenores e baixos para o pequeno harmônio e pacientemente ensinou aquela grande peça coral. Dou graças a Deus por tão boas experiências como membro daquele pequeno conjunto coral. Uma vez, até tomamos um trem para apresentar um concerto na Igreja Batista Zumbi na Ilha do Governador, no Rio de Janeiro.
Durante o meu ano em Campinas conheci o missionario João Tumblin cuja esposa estava estudando, pois ele era nascido no Brasil. Os missionários João e Frances Tumblin (que serviram no Norte do Brasil de 1922-1958), não precisavam estudar o portuquês. João me incentivou a aproveitar alguns cursos que a PUC estava oferecendo.
La fui eu apesar do fato que ainda não entendia tudo. Foi gostoso aproveitar a oportunidade de estudar vários cursos com os próprios autores. Ainda me lembro das palestras e dos seus preletores: Romance Brasileiro com Ligia Fagundes Teles, Hernani Donato, Raimundo de Menezes e Cassiano Nunes. A Música Folclórica do Brasil do musicólogo Rossini Tavares Lima e finalmente uma palestra sobre Música Concreta proferida pelo Prof. Diego Pacheco. (Mais tarde na minha vida missionária, fiz um curso de Regência Coral com o Maestro Isaac Karabtchevsky, sob cuja regência cantei varias vezes como membro da ACC - Associação de Canto Coral, dirigido por Cleofe Person Matos. Este coral foi um dos mais antigos do Brasil.
Dou graças a Deus por todos os meus professores durante o meu ano em Campinas. Um deles foi o grande obreiro Pr. Egidio Gioia. Cheguei mais tarde a escrever um artigo sobre este dedicado servo, na minha coluna Canto Musical em 24 de abril de 1966 (OJB), artigo que mais tarde fez parte do meu modesto livrinho - VULTOS DA MÚSICA EVANGELICA NO BRASIL.
Sou especialmente grato por uma professora D. Nelsie Mariante. Ela tinha a reputação de ser ‘durona.” Tivemos vários professores durante aquele ano. Eu me lembro quando um aluno havia chegado a um ponto razoável no seu estudo e alguns disseram,: - “Mas o senhor fala bem o português - bem PARA UM AMERICANO.” Ela não. O seu desejo era que o aluno falasse COMO UM BRASILEIRO. Que eu saiba somente um dos seus alunos chegou a este ponto, sendo este, o Pastor Malcolm Tolbert que atuou em São Paulo e Belém. Ate hoje mantenho contato com aquela professora, através de cartas e telefonemas.
Infelizmente o período que tinha para estudar a língua de Camões estava terminando, um ano de estudo que era suficiente para mostrar, não o que aprendi, mas sim o muito que ainda não havia aprendido. Chegou a hora para começar o trabalho para o qual havia sido convidado.
continua...
Que bom saber um pouco deste grande homem de Deus.Parabens Westh Ney pela linda iniciativa.
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