Você sabe que Koinonia é uma palavra grega, que significa "comunhão", "compartilhar", repartir", "ter parte em", "participar de", "partilhar", "sentir junto"? Esta palavra aparece muito no Novo Testamento e com mais detalhes e enfoques diferentes, mas sempre tocando neste sentido do ter comunhão. Você pode estender estes conceitos no Dicionário Internacional de Teologia de Coernen e Bown, páginas 373 -377, da Vida Nova.
A melhor de todas as experiências, a mais significativa, a mais misteriosa e difícil de explicar (porque não explicamos experiências, não?) é a do encontro com o homem com Deus e com o seu próximo. Esta é uma definição para culto coletivo que quase todos concordam.
Perto da Cruz, debaixo, à sombra da Cruz de Cristo não separaremos a comunhão com meu irmão da minha comunhão com Deus. Pense na cruz. Ela é formada da dimensão horizontal e vertical. Como eu posso apregoar e gritar para todos que amo a Deus, se não amo meu irmão, se não estendo a minha mão para o outro. Cuidado gente que estender a mão não é só encostar aquela mão boba na mão do outro quase caindo, escorregando e deslizando os dedos Isto é irrelevante e desnecessário.
Jesus disse:
“Um novo mandamento lhes dou: Amem-se uns aos outros. Como eu os amei, vocês devem amar-se uns aos outros. Com isso todos saberão que vocês são meus discípulos, se vocês se amarem uns aos outros”. (João 13:34-35 NVI)
Este versículo me incomoda e me enche de emoção. Já pensaram alguém dizendo para outro:
- Sabe aquele pessoal daquela igreja de crentes que existe na rua tal? Eles são cuidadosos uns com os outros. A minha vizinha Maria estava doente e você precisava ver como as pessoas a visitavam, cuidavam dela. Eles se amam mesmo.” Se nada fizéssemos, nenhuma Cruzada ou Congresso, ou metade das atividades que temos em nossas igrejas, ainda assim pelo testemunho de amor entre nós, o Senhor Jesus seria conhecido. Grande desafio.
João disse:
Amados, amemos uns aos outros, pois o amor procede de Deus. Aquele que ama é nascido de Deus e conhece a Deus. Quem não ama não conhece a Deus, porque Deus é amor. Foi assim que Deus manifestou o seu amor entre nós: enviou o seu Filho Unigênito ao mundo, para que pudéssemos viver por meio dele. Nisto consiste o amor: não em que nós tenhamos amado a Deus, mas em que ele nos amou e enviou seu Filho como propiciação pelos nossos pecados. Amados, visto que Deus assim nos amou, nós também devemos amar uns aos outros. (João 4. 7 - 11 - NVI)
Nossos encontros com Deus e com a comunidade, com as pessoas precisam promover saúde de todas as formas, atitude, salvação, renovação, transformação. Só um lembrete - antes de transformação tem que haver quebrantamento.
Afirmamos e apregoamos que a igreja Cristã é um espaço de comunhão, mas precisamos parar e pensar o quanto isto, HOJE, é real. Bem, não vou falar de cesta básica, nem de reuniões nos lares, momentos de oração no templo em rodinhas ou duplas, e nem de bolinhos e cafezinho após os cultos, sequer de festinhas de múltiplas comemorações de coro, da 3ª idade, dos singles, juventude e outros movimentos mais.
Normalmente chamamos a parte ou momento da ordem do culto ou liturgia onde acontece a Celebração da Ceia do Senhor, em memória de Cristo, de COMUNHÃO. Ali, uma vez por mês, no 1ª domingo, orando silenciosamente, somos chamados para olharmos para dentro de nós mesmos e assim conscientemente confessarmos nossos pecados,. Recebemos então os elementos -
pão e vinho -, alguém ora e tomamos todos juntos -
“... em memória de mim" -, como disse Cristo na sua última ceia com os discípulos.
Este ritual em uma igreja batista é ao mesmo tempo com toda a congregação. Esperamos a voz de comando do celebrante, levamos aos lábios de forma individual os elementos, todos juntos, mas
" tu no teu cantinho e eu no meu", como dizia a canção que está no hinário tradicional -
O Cantor cristão.
Este rito nas igrejas chamadas históricas como presbiteriana, metodista, episcopal, luterana é ato individual e é denominada a Santa Ceia. Seja indo à frente para receber do reverendo ou pastor o cálice e o pão, ou seja, sentado mesmo no banco, lado a lado com o irmão, mas ainda fechados , olhando para dentro de nós mesmos. Esta situação ainda considero pior, pois cada pessoa ao receber os elementos coloca logo na boca e " bye, bye, vou para Porto Alegre tchau". Este é o momento de comunhão. (!?) O pior é que muitos saem deste momento acreditando que já fizeram a sua parte, a sua obrigação.
Já presenciei e eu mesma dirigi uma ceia onde pedimos que cada um trocasse o seu cálice com o de outra pessoa confraternizando e ampliando o ritual. Isto é pouco, isto é quase nada, mas nossos ritos se forem imbuídos de significado acionam um pisca alerta dentro de cada um. Uma variação: já vi alguns pedindo ao povo que fizessem isto com quem tenham algum problema. Assim, de cara limpa, ao vivo, no susto e com uma grande multidão de testemunhas, dependendo do tamanho da congregação. Entendo que isto é um pouco constrangedor para uns e um momento de exposição para os que gostam. Precisamos cuidar que nosso movimentos tenham um significado honesto e verdadeiro.
Parodiando um comercial do xarope Rum creosotado, que vinha no teto ou lateral dos bondes para lermos enquanto ele rodava nos trilhos digo:
Este senhor ou senhora ou criatura que senta ao seu lado tem dores, amarguras, solidão e acredite está quase morrrendo aos poucos, mas não se constranja, não se comprometa, não precisa conversar com ele, nem trocar endereços. Estenda a mão e o cumprimente tão somente (isto é melhor do que dizer para uma pessoa que nunca vi que o amo e ainda chamá-lo de querido irmão, quando em casa alguns nunca disseram isto). Então, voltamos nosso olhar para nós mesmos, abaixamos a cabeça e tomamos nosso cálice individual. Alguns usam o momento final quando os cálices são recolhidos, para que sejam abraçados os que sentam ao nosso lado, ou à frente ou atrás e que se diz meu irmão (muitos que eu não conheço e que até nunca vi mais gordo). Ali então, neste momento nos livramos da culpa e saudamos a cada um com a paz de Cristo ou com qualquer mote eclesiástico, só por formalidade. Os mais
pitiáticos e já neuróticos com sua bi, tri polaridade, limpam as mãos e o beijo que receberam e voltam para sua vidinha mais ou menos boa de cada dia já com a consciência limpa.
Alguns ficarão até bem felizes e acalentados com esta carícia de plástico, pois é a única expressão de calor que receberão nos próximos dias até a 1ª semana do mês seguinte. Bem, antes disso alguns serão abraçados formalmente na porta da igreja por um introdutor, que " só cumpre ordens...", como diria a juíza da Ópera do Malandro de Chico Buarque, que ao ser inquirida por uma injustiça cometida, corre de um lado para outro repetindo este refrão: -
eu só cumpro ordens, eu só cumpro ordens
Ainda bem, que não estou sozinha nestas divagações e inquietações. Ainda bem que alguns já estão fazendo algo diferente e mais significativo. O culto não é para recebermos bênçãos dirão alguns, ele não é antropocêntrico, mas cristocêntrico digo eu e muitos, mas sejamos honestos. Isto não é tudo. Os cultos coletivos em uma igreja ou qualquer outro local são em nome do Senhor Jesus e realizado por e com todos nós - pessoas, humanos - que ali estamos. Não somos almas sem corpos, não somos zumbis, ou mortos vivos (se bem que alguns até parecem). Estamos ali e cada ser humano é convidado pelo apóstolo Paulo para ser a c
arta viva de Cristo, o perfume suave de Cristo para mudar o ambiente que o cerca. Será que exagerei? Bem, se for desta forma, então é melhor ficar cultuando individualmente pela internet.
Na realidade para mim a ceia deveria ser em todos os cultos para trazer a memória de alguns desmemoriados o que ali estamos fazendo. Cada culto deveria ser sempre
um trazer á memória o que Cristo fez na cruz por nós além de enfatizar ou recordar o que cremos que é a esperança da Sua volta.
Saímos do conforto dos nossos lares, com tanto perigo e violência, para ir a uma igreja onde
cantamos, aliás, quando nos deixam ouvir pelo menos a nossa própria voz ou quando o som dos instrumentos ou mesmo da voz está um pouco mais baixo; também
oramos, bem se pelo menos tiver oração silenciosa, sem nenhum instrumento me orientando pode ser que eu até consiga orar do jeito que quero ou sei, sem nenhuma indução.
Ouvimos alguém bem longe de nós, em uma plataforma, em posição de destaque, em nome de Deus, falando quase 40 minutos, algo que não ajudará em nada durante a semana, a vida pessoal, afetiva, relacional, social do povo.
Precisamos de pessoas que falem à nossa alma sedenta, as mesmas palavras que lemos na Bíblia interpretando-a para o SER de hoje do século XXI que precisa da Graça de Deus para fazer um mundo melhor. Não inventem nada, não me ensinem outras filososfias e teorias políticas. Sejam diretos, sem rodeios e falem da mesma mensagem antiga, contem para mim e para meus irmãos caminhantes neste mundo de meu Deus,
a velha história de Cristo e seu amor.
Pessoas tristes e carrancudas, algumas sorridentes até demais, estão conduzindo, guiando as congregações que estão quase (quase?) virando uma massa. Já estou cansada de falar, mas tem mais de 30 anos que digo isto: "Não transformem a congregação de fiéis em massa de manobra, em gado marcado, teleguiada ", principalmente com palavras de ordem ou naquela situação quando um líder para animar grita: Amém irmão! E todos (eu heim Rosa, me tira disto) respondem sem saber o que estão afirmando com este Amém. Aliás, todos sabemos que amém significa concordar com o outro que está falando algo, quer dizer – assim seja! Assim seja o quê, cara pálida!
Eu tenho que parar por aqui, pois está muito grande este post e a preguiça de todo mundo é grande. Leiam e comentem. Depois vou escrevendo mais. Nem sei se adianta alguma coisa, mas pelo menos eu desabafo.