Gente,
saí zonza e com muita dor de cabeça de uma igreja por causa de agudos excessivos e longos, com muita demonstração de excelente desempenho de destreza, conhecimento e improvisação jazzística (sem necessidade naquele evento, em outro seria bom) em um culto onde o artista, músico cristão, tocou cerca de 6 vezes, além dos cantos da congregação. Todas as apresentações não variavam muito nem em estilo e nem em andamento e rítmo. Compartilhei com meu amigo Isaltino isto entre outras coisas que estão me incomodando em termos de liturgia, e ele respondeu indicando o texto abaixo. Copiei todo o texto para que possa ser comentado neste blog. Deixe seu comentário, mas por favor leia o texto todo e entenda o que ele está querendo dizer. Vamos conversar por este canal. Estou lembrando de uma experiência feita com mamíferos sobre a nossa escuta e o que sentimos com mais conforto, mais isto é outro assunto e em outro momento posterior. O instrumento era um sax tenor e soprano, mas poderia ser qualquer outro.
Comente o texto abaixo.
grande abraço
westh ney
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A FORÇA DA IGNORÂNCIA
Preparado pelo pr. Isaltino Gomes Coelho Filho para o Encontro de Músicos, na PIB de Manaus, 15.11.08
Vivemos mesmo numa época de ignorância, de obscuridade intelectual e de irracionalismo. Infelizmente, a ignorância tem se tornando jóia cultivada neste país, e os mais pensantes são cada vez mais postos de lado. Quando um político de expressão nacional diz que livro é como academia de ginástica: a gente olha e foge, é porque a coisa ficou feia mesmo. O pior é que a ignorância é cultivada com arrogância. Parece que quanto mais ignorante, mais digno de crédito. E a espiritualidade evangélica tem se distanciado do pensar, que tem sido cada vez mais visto como ato carnal, quando não diabólico. A ignorância está em alta. Está difícil ser evangélico, também, hoje, a quem é pensante.
Ouvi no noticiário televisivo: um rapaz de vinte e poucos anos, gaúcho, estudante de Teologia na Bolívia, desapareceu nos Andes, quando fora escalar uma montanha de 6.300 metros. O rapaz não tem experiência alguma de alpinista, e ainda assim foi sozinho porque, segundo a mãe, queria ter uma experiência com o Espírito Santo, queria encontrar o Espírito Santo. Como achou que ele é boliviano e mora nos Andes foi fazer a escalada.
Com todo respeito: o que leva a uma pessoa a sair do Rio Grande do Sul onde há bons seminários, passando pelo Paraná, onde também os há, e ir estudar Teologia na Bolívia? Respeitosamente: desde quando a Bolívia tem expressão em ensino teológico? Este jovem não tinha um pastor que o orientasse? E o que leva alguém, sem experiência alguma, a escalar sozinho uma montanha de 6.300 metros para encontrar o Espírito Santo? De onde lhe veio a idéia de que numa montanha encontraria o Espírito? E como convertido e aparentemente vocacionado, ainda não encontrara o Espírito? O que ensinaram a este jovem na igreja e depois no seminário? Sei que a família está sofrendo e que é hora de consolar, mas não posso deixar de dizer: quanta gente tonta, sem noção das coisas, e usando a espiritualidade como pretexto para a falta de juízo! Mas isto é reflexo do cristianismo que pregamos e cantamos hoje em dia. Cantamos autênticos absurdos teológicos e que se chocam contra a Bíblia, e ficamos por isto mesmo. As pessoas não pensam no que cantam, mas se apenas o ritmo é bom, agitado e as faz sentirem-se bem.
Temos um cristianismo cada vez mais sem Cristo, e cada vez mais com o Espírito Santo, sendo que por Espírito Santo as pessoas entendem uma experiência extra-sensorial. Porque uma experiência com o Espírito aproxima mais de Cristo, pois esta é sua missão. O evangelho está se tornando um ajuntamento de sentimentos, sensações, experiências místicas. Culpo um púlpito que não é exegético e corinhos ingênuos e até tolos. Os muitos corinhos que enxameiam nossa liturgia nos fazem cantar tantas inconveniências que fico abismado que pessoas razoavelmente lúcidas em sua vida secular cantem aquelas letras. Boa parte delas é confusa, sendo difícil ligar uma linha à outra. Pessoas que são professores cantam tantos erros de português, em que “tua” e “sua”, que são pessoas diferentes, se misturam e por vezes nem se sabe quando se fala de Deus ou de alguma outra pessoa. Raramente se fala de Jesus, e quando se fala dá para notar que Jesus é cada vez mais um conceito para dentro qual as pessoas projetam seus sonhos de consumo ou de classe média, que o Redentor e Salvador. A linguagem é horrorosa: mergulhar nos teus rios, beber nos teus rios, voar nas asas do Espírito, subir o monte de Sião, estar apaixonado por Jesus, subir acima dos querubins, uma série de expressões que não fazem sentido algum. Mas os compositores estão acima da crítica, mesmo quando fazem coisas ridículas, como andar de quatro em público. E quem canta os tais corinhos se sente bem. E também não aceita correção. Quem tenta corrigi-los em suas heresias e tolices é vaidoso, carnal, fossilizado, etc. O que vale não é se o que se canta é certo, mas se faz bem. As pessoas querem se sentir bem e ter alguma experiência. O conteúdo do que se canta é irrelevante. Sendo honesto: não agüento mais cantar corinhos! Chamem-me de vaidoso ou pernóstico, que não fará diferença, mas a maior parte dos corinhos, mesmo que na nova semântica se chamem pomposamente de louvor, é uma ofensa a quem sabe ler e interpretar um texto e tem uma noção mínima de conteúdo da Bíblia.
“Eu tenho a força”, bradava He-Man. Uma força mística, não divina, mas uma energia cósmica. Parece-me que é essa força espiritual que as pessoas buscam. Eles não querem aprofundamento no evangelho nem estudar a Bíblia. Eles querem sensações e experimentar uma força. O evangelho está se diluindo no esoterismo que grassa no mundo atual.
Esta é uma palavra especial aos pastores e ministros de música, que julgo eu, são as pessoas mais responsáveis pelo que acontece e que podem mudar a situação. Quero alinhavar algumas sugestões e lhes peço, respeitosamente, que pensem nelas.
1. FUJAM DO COPISMO
Chacrinha dizia que “na televisão nada se cria, tudo se copia”. No cenário evangélico também. Há uma usina produtora de corinhos, de forma comercial, que massifica nossas igrejas. Nossos jovens cantam as mesmas coisas vazias em todos os lugares. Em várias igrejas se vê a mesma deselegância de adolescentes robustas, saltitando, num monte de véus, no que pretende ser uma coreografia, mas que mostra gestos descoordenados e deselegantes. Chega a ser triste de ver as pessoas saltitando sem habilidade e com uns gestos que nada têm a ver com o ritmo da música. E a gente fica sem saber o que fazer: se olha as jovens pulando, se pensa no que está cantando, se nota as figuras do multimídia, ou os erros de português das letras, ou ainda o embevecimento do chamado “grupo de louvor”, que volta atrás, repete uma estrofe (quando há estrofe), tremelica a voz, faz ar de quem está sentindo dor. Mas é o padrão na maior parte das igrejas. Parece um shiboleth. Quem não faz assim corre risco de ser execrado. Porque os detentores da verdade litúrgica inovadora são fundamentalistas: fora do modelo deles não há louvor nem espiritualidade. Mas eu pergunto: é preciso fazer tudo igual? Convencionou-se que sim, porque ser antiquado é uma ofensa inominável. E para alguns, fora do padrão corinhos e danças tudo é velharia e não há espiritualidade.
Se você é líder e não concorda, diga que não concorda. Não ceda por medo. Há pastores que têm medo de perder o pastorado e cedem a direção do culto aos jovens. Eles cantam, cantam, e depois se sentam e se desligam do resto da atividade, quando não saem do templo. Há um descompasso entre o que se cantou e o que se prega. Porque se canta um evangelho muito diluído. Há pastores que têm medo de perder o rebanho, massificado por este padrão, e o usam. Tenho ido a igrejas em que pastores ficam alheios aos corinhos (recuso-me a chamá-los de “louvor”), mas dizem-me candidamente: “Eu não gosto, mas o pessoal gosta”. Ele deixa de ser o orientador do povo e passa a ser um garçom que serve o que o povo gosta. Ministro de música também age assim. E também está errado. Se estudou música e passou por um seminário deve ter uma proposta de liturgia menos medíocre e que atenda a todas as faixas etárias da igreja. É sua responsabilidade. Nossos cultos estão sendo empobrecidos pelos corinhos. A música é de baixa qualidade e as letras são aguadas. Os corinhos são cada vez mais efêmeros. Ministro de música, não copie a pobreza musical e intelectual dos corinhos. Pensar não é pecado. E ser inteligente também não é. Se os “levitas” podem discordar dos que chamam depreciativamente de “conservadores”, por que nós, conservadores, não podemos discordar dos “mediocrizadores” da música evangélica?
2. O QUE A BÍBLIA DIZ?
Tudo na igreja deve ser submetido ao crivo da Bíblia, inclusive o que se canta. Os compositores não estão escrevendo uma nova revelação e estão sujeitos ao crivo da Bíblia. Devem ser humildes e não pensarem de si como oráculos de Iahweh. Quem queira subir o monte santo de Sião deve ler Hebreus 12.22-29 e ver que ele é um símbolo do evangelho, da igreja de Deus, e que cada crente já está nele. O monte Sião não tem nada para nós. Quem queira subir acima dos querubins deve ler Isaías 14 e verificar que alguém quis fazer isto no passado e foi expulso do céu. Quem cante “Quero ver a tua face, quero te tocar”, deve se lembrar que Deus disse a Moisés: “Não me poderás ver a face, porquanto homem nenhum verá a minha face, e viverá” (Êx 33.20).
As primeiras declarações de fé da igreja foram expressas em cânticos. Muitas afirmações litúrgicas do Novo Testamento foram expressões teológicas que firmaram os cristãos. Lutero firmou a Reforma com suas pregações, seus escritos, mas muito mais com seus cânticos. São cânticos que ficam na mente e muita gente está subindo o monte porque canta isto. A igreja precisa cantar sua fé e sua fé está na Bíblia. Toda letra de cântico deve ser submetida ao crivo bíblico. O certo não é o que a pessoa sente nem se o que ela canta lhe faz bem. O certo é o que está de acordo com a Bíblia.
O conteúdo do evangelho foi muito definido: Cristo crucificado. Mas pouco se cantam Cristo e a sua cruz. Precisamos cantar o ensino da Bíblia. “Doce canto vem no ar com a primavera, Flores lindas vão chegar com a primavera, Lírios, dálias e alecrins, Violetas e jasmins, O sol vai brilhar, passarinhos vão cantar, Com a primavera”. O que isto tem a ver com Cristo, com a salvação, com a segurança dos salvos?
Temos abandonado a Bíblia como fonte de doutrina, trocando-a por revelações e sonhos de gurus. Temo-la abandonado como inspiradora de modelo gerencial para a igreja, assumindo padrões de administração humana. Muita pregação, mesmo com ela sendo lido, é apenas emissão de conceitos culturais, e sendo ela mero pretexto para o discurso. E temo-la deixado de lado como balizadora do que cantamos. A função do cântico não é distrair as pessoas nem fazê-las sentir-se bem no culto, mas ensinar as grandes verdades de Deus. O culto deve ser doutrinador, sim. Preguei num congresso de jovens em Manaus, e deselegantemente, o dirigente tomou a palavra após minha fala e disse: “Não me interesso por doutrina, e sim por Jesus”. Pedi o microfone de volta e fiz uma pergunta: “Sem doutrina, que Jesus você tem?”.
Com nossos cânticos atuais, não temos Jesus. Em muitos deles temos um espírito de grupo, uma cultura grupal ou um Espírito que mais se parece com a Força de He-Man que com o Espírito Santo. É preciso subordinar tudo ao crivo da Bíblia. O evangelho está se tornando cada vez menos bíblico e mais sentimental. Porque está faltando Bíblia.
3. NÃO DESPREZE SUA HERANÇA TEOLÓGICA E LITÚRGICA
O terceiro aspecto que abordo é este: não despreze sua herança teológica e litúrgica. Há uma tradição que engessa e que fossiliza. Mas há uma tradição que enriquece e que dá balizamento. O evangelho não começou agora. A igreja não surgiu há alguns poucos anos. Os momentos de louvor e adoração não foram criados agora. Muitos deles, no passado, deixaram marcas profundas de avivamentos que impactaram a sociedade.
Até agora caí de tacape e borduna nos corinhos, sem abrir espaço para reconhecer que alguns sejam bons. Foi de propósito. Creio que consegui um pouco de atenção. Creio que há cânticos bons e que trazem conceitos espirituais seguros. São coerentes, biblicamente falando. E respeitam a herança teológica do protestantismo. Porque este critério também tem valor: os cânticos estão reafirmando nossa fé ou modificando a nossa fé? Infelizmente, a maioria me deixa desconfortado: não os canto porque não expressam minha fé, a fé em que fui criado, a “bendita fé de nossos pais”, como diz um hino.
Nós temos um passado e não podemos fugir dele. A ignorância do passado leva a cometer os mesmos erros cometidos. Houve uma longa luta para firmar o cânon do Novo Testamento, e precisamos lembrar que é ele que interpreta o Antigo. Muita gente tem cantado o Antigo Testamento, mas nós somos cristãos. Nós cantamos a fé em Cristo. Se o Antigo Testamento é pregado, deve ser interpretado pelo Novo. Se o Antigo é cantado, deve ser interpretado pelo Novo. Estão querendo rejudaizar o evangelho, questão que a igreja já resolvera em Atos 15 e contra a qual Paulo escreveu a sua mais dura carta, a epístola aos gálatas. Somos filhos do Novo Testamento, e não do Antigo. Somos filhos dos evangelhos e das epístolas, e não de Salmos, embora Jesus os usasse. Mas seu próprio jeito de usar os salmos nos orienta: ele os reinterpretou em sua pessoa. Cantemos Jesus, cantemos a fé cristã e não meras sensações, cantemos a cruz, o túmulo vazio, o perdão dos pecados. Cantemos a Igreja, e não Israel. Somos cristãos e não judeus. Cantemos que “a cruz ainda firme está e para sempre ficará”.
Somos salvos pela graça por meio da fé em Cristo. Não somos salvos pelo Espírito Santo nem por uma experiência litúrgica. O Espírito é uma pessoa e não sensações: “O Espírito Santo se move em você com gemidos inexprimíveis” é algo sem sentido. Ele geme por nós, em oração, com gemidos inexprimíveis (Rm 8.26). Mas não se move dentro de nós, com gemidos. O ponto central do evangelho é Cristo e sua cruz. Este é nosso tesouro teológico, herança à qual devemos nos agarrar. Qualquer cântico que deslustre isto, que diminua Jesus, que esmaeça a cruz, é blasfêmia. Não quero cânticos de auto-ajuda. Quero Jesus e sua cruz. Quem tem Jesus não precisa de muletas emocionais. Quero cânticos bíblicos, de acordo com a fé que uma vez foi entregue aos santos (Jd 3).
CONCLUSÃO
Sei que foi uma palestra dura. Não vou me desculpar porque o que eu disse é o que eu creio. Sim, estou cansado da ditadura litúrgica que me parece associada a um fundamentalismo: só nós sabemos o que é espiritual e vocês estão fora, são do passado, são frios, são formais. Eu me recuso a cantar bobagens com roupagem espiritual. E desafio vocês a restaurarem a liturgia com conteúdo, com ensino. Desafio-os a não cederem à força da pobreza litúrgica que nos avassala.
Há algo mais comovente e com mais conteúdo que “Castelo Forte”, “Aleluia”, “Amazing Grace”? Por que a ditadura dos corinhos? Por que, no natal, sou obrigado a cantar que quero voar nas asas do Espírito? Que os compositores de corinhos componham música de boa qualidade com letras de conteúdo, e ajustada às épocas, também. Os corinhos são monocromáticos. Dizem sempre a mesma coisa. Nunca ouvi um exortando à confissão de pecados, falando do natal, da dedicação de crianças, da semana da paixão, de missões, da Bíblia como Palavra de Deus. Tudo é igual: louvar, adorar, contemplar, sentir-se bem. Não permitam a monocromia, que é sinal de pobreza.
Escrevi, tempos atrás, um artigo intitulado “Quero uma igreja velha”. Esta palestra é um desabafo e um pedido de ajuda: “Socorro, quero um culto velho”. Com a Bíblia exposta, com solenidade, com cânticos com nexo, com os grandes hinos de nossa fé, com Cristo e sua cruz brilhando. Sim, estou cansado da liturgia atual, que é pobre e alienante.
.....................................................................Ouvi no noticiário televisivo: um rapaz de vinte e poucos anos, gaúcho, estudante de Teologia na Bolívia, desapareceu nos Andes, quando fora escalar uma montanha de 6.300 metros. O rapaz não tem experiência alguma de alpinista, e ainda assim foi sozinho porque, segundo a mãe, queria ter uma experiência com o Espírito Santo, queria encontrar o Espírito Santo. Como achou que ele é boliviano e mora nos Andes foi fazer a escalada.
Com todo respeito: o que leva a uma pessoa a sair do Rio Grande do Sul onde há bons seminários, passando pelo Paraná, onde também os há, e ir estudar Teologia na Bolívia? Respeitosamente: desde quando a Bolívia tem expressão em ensino teológico? Este jovem não tinha um pastor que o orientasse? E o que leva alguém, sem experiência alguma, a escalar sozinho uma montanha de 6.300 metros para encontrar o Espírito Santo? De onde lhe veio a idéia de que numa montanha encontraria o Espírito? E como convertido e aparentemente vocacionado, ainda não encontrara o Espírito? O que ensinaram a este jovem na igreja e depois no seminário? Sei que a família está sofrendo e que é hora de consolar, mas não posso deixar de dizer: quanta gente tonta, sem noção das coisas, e usando a espiritualidade como pretexto para a falta de juízo! Mas isto é reflexo do cristianismo que pregamos e cantamos hoje em dia. Cantamos autênticos absurdos teológicos e que se chocam contra a Bíblia, e ficamos por isto mesmo. As pessoas não pensam no que cantam, mas se apenas o ritmo é bom, agitado e as faz sentirem-se bem.
Temos um cristianismo cada vez mais sem Cristo, e cada vez mais com o Espírito Santo, sendo que por Espírito Santo as pessoas entendem uma experiência extra-sensorial. Porque uma experiência com o Espírito aproxima mais de Cristo, pois esta é sua missão. O evangelho está se tornando um ajuntamento de sentimentos, sensações, experiências místicas. Culpo um púlpito que não é exegético e corinhos ingênuos e até tolos. Os muitos corinhos que enxameiam nossa liturgia nos fazem cantar tantas inconveniências que fico abismado que pessoas razoavelmente lúcidas em sua vida secular cantem aquelas letras. Boa parte delas é confusa, sendo difícil ligar uma linha à outra. Pessoas que são professores cantam tantos erros de português, em que “tua” e “sua”, que são pessoas diferentes, se misturam e por vezes nem se sabe quando se fala de Deus ou de alguma outra pessoa. Raramente se fala de Jesus, e quando se fala dá para notar que Jesus é cada vez mais um conceito para dentro qual as pessoas projetam seus sonhos de consumo ou de classe média, que o Redentor e Salvador. A linguagem é horrorosa: mergulhar nos teus rios, beber nos teus rios, voar nas asas do Espírito, subir o monte de Sião, estar apaixonado por Jesus, subir acima dos querubins, uma série de expressões que não fazem sentido algum. Mas os compositores estão acima da crítica, mesmo quando fazem coisas ridículas, como andar de quatro em público. E quem canta os tais corinhos se sente bem. E também não aceita correção. Quem tenta corrigi-los em suas heresias e tolices é vaidoso, carnal, fossilizado, etc. O que vale não é se o que se canta é certo, mas se faz bem. As pessoas querem se sentir bem e ter alguma experiência. O conteúdo do que se canta é irrelevante. Sendo honesto: não agüento mais cantar corinhos! Chamem-me de vaidoso ou pernóstico, que não fará diferença, mas a maior parte dos corinhos, mesmo que na nova semântica se chamem pomposamente de louvor, é uma ofensa a quem sabe ler e interpretar um texto e tem uma noção mínima de conteúdo da Bíblia.
“Eu tenho a força”, bradava He-Man. Uma força mística, não divina, mas uma energia cósmica. Parece-me que é essa força espiritual que as pessoas buscam. Eles não querem aprofundamento no evangelho nem estudar a Bíblia. Eles querem sensações e experimentar uma força. O evangelho está se diluindo no esoterismo que grassa no mundo atual.
Esta é uma palavra especial aos pastores e ministros de música, que julgo eu, são as pessoas mais responsáveis pelo que acontece e que podem mudar a situação. Quero alinhavar algumas sugestões e lhes peço, respeitosamente, que pensem nelas.
1. FUJAM DO COPISMO
Chacrinha dizia que “na televisão nada se cria, tudo se copia”. No cenário evangélico também. Há uma usina produtora de corinhos, de forma comercial, que massifica nossas igrejas. Nossos jovens cantam as mesmas coisas vazias em todos os lugares. Em várias igrejas se vê a mesma deselegância de adolescentes robustas, saltitando, num monte de véus, no que pretende ser uma coreografia, mas que mostra gestos descoordenados e deselegantes. Chega a ser triste de ver as pessoas saltitando sem habilidade e com uns gestos que nada têm a ver com o ritmo da música. E a gente fica sem saber o que fazer: se olha as jovens pulando, se pensa no que está cantando, se nota as figuras do multimídia, ou os erros de português das letras, ou ainda o embevecimento do chamado “grupo de louvor”, que volta atrás, repete uma estrofe (quando há estrofe), tremelica a voz, faz ar de quem está sentindo dor. Mas é o padrão na maior parte das igrejas. Parece um shiboleth. Quem não faz assim corre risco de ser execrado. Porque os detentores da verdade litúrgica inovadora são fundamentalistas: fora do modelo deles não há louvor nem espiritualidade. Mas eu pergunto: é preciso fazer tudo igual? Convencionou-se que sim, porque ser antiquado é uma ofensa inominável. E para alguns, fora do padrão corinhos e danças tudo é velharia e não há espiritualidade.
Se você é líder e não concorda, diga que não concorda. Não ceda por medo. Há pastores que têm medo de perder o pastorado e cedem a direção do culto aos jovens. Eles cantam, cantam, e depois se sentam e se desligam do resto da atividade, quando não saem do templo. Há um descompasso entre o que se cantou e o que se prega. Porque se canta um evangelho muito diluído. Há pastores que têm medo de perder o rebanho, massificado por este padrão, e o usam. Tenho ido a igrejas em que pastores ficam alheios aos corinhos (recuso-me a chamá-los de “louvor”), mas dizem-me candidamente: “Eu não gosto, mas o pessoal gosta”. Ele deixa de ser o orientador do povo e passa a ser um garçom que serve o que o povo gosta. Ministro de música também age assim. E também está errado. Se estudou música e passou por um seminário deve ter uma proposta de liturgia menos medíocre e que atenda a todas as faixas etárias da igreja. É sua responsabilidade. Nossos cultos estão sendo empobrecidos pelos corinhos. A música é de baixa qualidade e as letras são aguadas. Os corinhos são cada vez mais efêmeros. Ministro de música, não copie a pobreza musical e intelectual dos corinhos. Pensar não é pecado. E ser inteligente também não é. Se os “levitas” podem discordar dos que chamam depreciativamente de “conservadores”, por que nós, conservadores, não podemos discordar dos “mediocrizadores” da música evangélica?
2. O QUE A BÍBLIA DIZ?
Tudo na igreja deve ser submetido ao crivo da Bíblia, inclusive o que se canta. Os compositores não estão escrevendo uma nova revelação e estão sujeitos ao crivo da Bíblia. Devem ser humildes e não pensarem de si como oráculos de Iahweh. Quem queira subir o monte santo de Sião deve ler Hebreus 12.22-29 e ver que ele é um símbolo do evangelho, da igreja de Deus, e que cada crente já está nele. O monte Sião não tem nada para nós. Quem queira subir acima dos querubins deve ler Isaías 14 e verificar que alguém quis fazer isto no passado e foi expulso do céu. Quem cante “Quero ver a tua face, quero te tocar”, deve se lembrar que Deus disse a Moisés: “Não me poderás ver a face, porquanto homem nenhum verá a minha face, e viverá” (Êx 33.20).
As primeiras declarações de fé da igreja foram expressas em cânticos. Muitas afirmações litúrgicas do Novo Testamento foram expressões teológicas que firmaram os cristãos. Lutero firmou a Reforma com suas pregações, seus escritos, mas muito mais com seus cânticos. São cânticos que ficam na mente e muita gente está subindo o monte porque canta isto. A igreja precisa cantar sua fé e sua fé está na Bíblia. Toda letra de cântico deve ser submetida ao crivo bíblico. O certo não é o que a pessoa sente nem se o que ela canta lhe faz bem. O certo é o que está de acordo com a Bíblia.
O conteúdo do evangelho foi muito definido: Cristo crucificado. Mas pouco se cantam Cristo e a sua cruz. Precisamos cantar o ensino da Bíblia. “Doce canto vem no ar com a primavera, Flores lindas vão chegar com a primavera, Lírios, dálias e alecrins, Violetas e jasmins, O sol vai brilhar, passarinhos vão cantar, Com a primavera”. O que isto tem a ver com Cristo, com a salvação, com a segurança dos salvos?
Temos abandonado a Bíblia como fonte de doutrina, trocando-a por revelações e sonhos de gurus. Temo-la abandonado como inspiradora de modelo gerencial para a igreja, assumindo padrões de administração humana. Muita pregação, mesmo com ela sendo lido, é apenas emissão de conceitos culturais, e sendo ela mero pretexto para o discurso. E temo-la deixado de lado como balizadora do que cantamos. A função do cântico não é distrair as pessoas nem fazê-las sentir-se bem no culto, mas ensinar as grandes verdades de Deus. O culto deve ser doutrinador, sim. Preguei num congresso de jovens em Manaus, e deselegantemente, o dirigente tomou a palavra após minha fala e disse: “Não me interesso por doutrina, e sim por Jesus”. Pedi o microfone de volta e fiz uma pergunta: “Sem doutrina, que Jesus você tem?”.
Com nossos cânticos atuais, não temos Jesus. Em muitos deles temos um espírito de grupo, uma cultura grupal ou um Espírito que mais se parece com a Força de He-Man que com o Espírito Santo. É preciso subordinar tudo ao crivo da Bíblia. O evangelho está se tornando cada vez menos bíblico e mais sentimental. Porque está faltando Bíblia.
3. NÃO DESPREZE SUA HERANÇA TEOLÓGICA E LITÚRGICA
O terceiro aspecto que abordo é este: não despreze sua herança teológica e litúrgica. Há uma tradição que engessa e que fossiliza. Mas há uma tradição que enriquece e que dá balizamento. O evangelho não começou agora. A igreja não surgiu há alguns poucos anos. Os momentos de louvor e adoração não foram criados agora. Muitos deles, no passado, deixaram marcas profundas de avivamentos que impactaram a sociedade.
Até agora caí de tacape e borduna nos corinhos, sem abrir espaço para reconhecer que alguns sejam bons. Foi de propósito. Creio que consegui um pouco de atenção. Creio que há cânticos bons e que trazem conceitos espirituais seguros. São coerentes, biblicamente falando. E respeitam a herança teológica do protestantismo. Porque este critério também tem valor: os cânticos estão reafirmando nossa fé ou modificando a nossa fé? Infelizmente, a maioria me deixa desconfortado: não os canto porque não expressam minha fé, a fé em que fui criado, a “bendita fé de nossos pais”, como diz um hino.
Nós temos um passado e não podemos fugir dele. A ignorância do passado leva a cometer os mesmos erros cometidos. Houve uma longa luta para firmar o cânon do Novo Testamento, e precisamos lembrar que é ele que interpreta o Antigo. Muita gente tem cantado o Antigo Testamento, mas nós somos cristãos. Nós cantamos a fé em Cristo. Se o Antigo Testamento é pregado, deve ser interpretado pelo Novo. Se o Antigo é cantado, deve ser interpretado pelo Novo. Estão querendo rejudaizar o evangelho, questão que a igreja já resolvera em Atos 15 e contra a qual Paulo escreveu a sua mais dura carta, a epístola aos gálatas. Somos filhos do Novo Testamento, e não do Antigo. Somos filhos dos evangelhos e das epístolas, e não de Salmos, embora Jesus os usasse. Mas seu próprio jeito de usar os salmos nos orienta: ele os reinterpretou em sua pessoa. Cantemos Jesus, cantemos a fé cristã e não meras sensações, cantemos a cruz, o túmulo vazio, o perdão dos pecados. Cantemos a Igreja, e não Israel. Somos cristãos e não judeus. Cantemos que “a cruz ainda firme está e para sempre ficará”.
Somos salvos pela graça por meio da fé em Cristo. Não somos salvos pelo Espírito Santo nem por uma experiência litúrgica. O Espírito é uma pessoa e não sensações: “O Espírito Santo se move em você com gemidos inexprimíveis” é algo sem sentido. Ele geme por nós, em oração, com gemidos inexprimíveis (Rm 8.26). Mas não se move dentro de nós, com gemidos. O ponto central do evangelho é Cristo e sua cruz. Este é nosso tesouro teológico, herança à qual devemos nos agarrar. Qualquer cântico que deslustre isto, que diminua Jesus, que esmaeça a cruz, é blasfêmia. Não quero cânticos de auto-ajuda. Quero Jesus e sua cruz. Quem tem Jesus não precisa de muletas emocionais. Quero cânticos bíblicos, de acordo com a fé que uma vez foi entregue aos santos (Jd 3).
CONCLUSÃO
Sei que foi uma palestra dura. Não vou me desculpar porque o que eu disse é o que eu creio. Sim, estou cansado da ditadura litúrgica que me parece associada a um fundamentalismo: só nós sabemos o que é espiritual e vocês estão fora, são do passado, são frios, são formais. Eu me recuso a cantar bobagens com roupagem espiritual. E desafio vocês a restaurarem a liturgia com conteúdo, com ensino. Desafio-os a não cederem à força da pobreza litúrgica que nos avassala.
Há algo mais comovente e com mais conteúdo que “Castelo Forte”, “Aleluia”, “Amazing Grace”? Por que a ditadura dos corinhos? Por que, no natal, sou obrigado a cantar que quero voar nas asas do Espírito? Que os compositores de corinhos componham música de boa qualidade com letras de conteúdo, e ajustada às épocas, também. Os corinhos são monocromáticos. Dizem sempre a mesma coisa. Nunca ouvi um exortando à confissão de pecados, falando do natal, da dedicação de crianças, da semana da paixão, de missões, da Bíblia como Palavra de Deus. Tudo é igual: louvar, adorar, contemplar, sentir-se bem. Não permitam a monocromia, que é sinal de pobreza.
Escrevi, tempos atrás, um artigo intitulado “Quero uma igreja velha”. Esta palestra é um desabafo e um pedido de ajuda: “Socorro, quero um culto velho”. Com a Bíblia exposta, com solenidade, com cânticos com nexo, com os grandes hinos de nossa fé, com Cristo e sua cruz brilhando. Sim, estou cansado da liturgia atual, que é pobre e alienante.
O Isaltino Coelho, o autor, é natural do Rio de Janeiro – RJ. Bacharel em Teologia pelo STBSB - Seminário do Sul, em Filosofia e Mestre em Teologia com especialização em Antigo Testamento. Autor de vários livros: Isaías; Jonas - nosso Contemporâneo; Teologia dos Salmos ; Obadias e Sofonias – nossos Contemporâneos; Ageu, nosso contemporâneo; Habacuque,nosso contemporâneo; O Pentateuco; A ética dos profetas e sua implicação para nossa época ; Neopentecostalismo, uma avaliação pastoral; Casamento, vale a pena acreditar; À igreja, com carinho.
Visite o seu site: http://www.isaltinogomes.com/ . Tem muitos artigos, estudos mensagens e documentos.
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É bom demais relembrar o que nos trouxe até aqui: a cruz e não um monte de cânticos que me emocionam ou me fazem bem. A nova geração precisa ser ensinada a cantar segundo o crivo bíblico, ou ficarão sempre querendo voar até as nuvens...
ResponderExcluirCanto profético??!! Que ser isto? Improviso de letra na hora em que se canta pra mim não demonstra atuação do Espírito. A atuação dele se dá quando após um cântico, desses tenebrosos, vem o pastor e o corrige à luz da bíblia. Isto é viver segundo o Espírito, com autoridade para reconhecer erros crassos da teologia que se faz em forma de cânticos... E sem temer os crentes "dodói" ou mesmo aqueles que acabaram de liderar a congregação naquele "corinho". Não vejo mal nos "corinhos" bem elaborados, fundamentados na bíblia e, portanto, inspirados por Deus, mas eles são raros e se perdem nessa massa de composições que duram três horas para serem cantadas (como já li em um blog de um compositor evangélico...--?!). Que haja graça superabundante como Asaph Borba escreveu brilhantemente -- e é uma delícia fazer os gestos que acompanham este cântico! Tudo porque há relevância, aquela que o Espírito traz!
Beijos, amada Mestra!!
HAHAH
ResponderExcluirpuxa, vc é rápida mesmo. Estava ainda dando um revisão geral e vc já escreveu. Muito obrigada por me ler. Vou enviar seu comentário para o Isaltino. OK?
Sabe o problema é apobreza de alguns. Deveríamos incentivar mais composições novas que abordassem toda a teologia e aspectos da vida cristã.
Outro problema é só cantar um estilo. Sabe, naquele culto eu chorei de tristeza.
bjs
continuemos...
Ola irmã
ResponderExcluirLi o artigo todo, alias melhor "bebi" as palavras escritas pelo pastor Isaltino. Vou fazer copias (se for permetido) e mandar para os pastores da minha convenção, começando com o meu pastor, alias ele ainda é mais conservador, só que não fala, tem medo de "magoar".
Dou meus parabéns ao Pr. Isaltino,que Deus continue dando forças ao irmão para batalhar pela pureza e firmeza doutrinária.
Um excelente artigo.
Obrigada irmã Westh Ney, por compartilhar esta "perola"
Concordo com a abordagem do texto.
ResponderExcluirGostaria apenas de enfatizar a parte em que o Pastor Isaltino diz que isto que vivemos hoje é uma herança do passado. Reflito e levo todos a refletirem não apenas no uso desconexo de cânticos (corinhos), mas também do Cantor Cristão, Hinário para o Culto Cristão e textos bíblicos.
Lembro que há letras em nossos Hinários que nos fazem cantar algo que não vivemos ou que não nos cabe afirmar. Expressões que manifestam saudades de lugares em que nunca estivemos, experiências que nunca passamos, palavras da língua portuguesa que não fazem mais parte do uso cotidiano... Precisamos ter cuidado quanto ao uso destes tipos de cânticos, bem como utilizar passagens bíblicas de forma alegórica, tentando abordar contextos que fogem do sentido original... Devemos evitar misturar os conceitos de “adoração” e “louvor”.
Lembro que sempre há pessoas que ainda não conhecem Cristo, ou que o aceitaram recentemente, e que necessitam de clareza para entender a mensagem de nossas músicas e culto. Jargões cristãos, como por exemplo simplesmente “a Palavra”, podem não ser claros para quem ainda não está habituado com o ambiente eclesiástico e, por consequência, não podem atingir o objetivo da compreensão da mensagem.
Na igreja em que congrego, nosso Ministério de Louvor tomou o compromisso de, sempre antes dos ensaios, realizar o momento devocional e estudar letras de músicas, buscando textos bíblicos que as embasem. Se não achamos, não cantamos. Também buscamos sempre a conexão das músicas com os textos bíblicos usados durante o culto, bem como evitamos as longas reflexões (chamadas de “ministrações” pela maioria) antes dos cânticos.
Nosso culto deve ser racional. E, assim como o Pastor Isaltino, compartilho o desejo de ainda poder fazer nossas igrejas pensarem... E mais: agirem. Falta-nos seriedade na prática da vida cristã, estudo da Palavra de Deus e compromisso com a Casa do Senhor. Enquanto isso não ocorrer, não podemos esperar que haja racionalidade em nossos cultos e manifestações coletivas.
Busquemos pensar, enquanto ainda temos a liberdade de culto em nosso país.
Desejo a Paz de Cristo a todos.
Wagner Salles, Rio de Janeiro/RJ
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ResponderExcluirAmada, sempre leio seu blog...E, a invés de rápida, eu diria à toa, rsrsrsrs...
ResponderExcluirSabe qual foi o hino que marcou o início da minha caminhada? "Bem-aventurado é aquele" - 407HCC, de Verner Geier. Salmo 1, bem bíblico! Eu comecei bem mas há muitos que não tiveram esse prazer...
Aproveitando, diga ao meu caríssimo pastor que também coloquei o texto dele no meu humilde blog. Se ele não o quiser, avisem-me. Entendo as questões de direitos autorais...
Westh, querida amiga,
ResponderExcluirComo sempre o Pastor Isaltino é contundente e verdadeiro. Gostaria de poder contestá-lo, mas as palavras dele retratam o caos que tenho observado no evangelicalismo superficial dos nosso dias, e contra o qual também me posiciono.
Obrigado por compartilhar.
Professora West, deixo aqui com ousadia a minha escrita.
ResponderExcluirCopiei do meu blog: http://henripib.blogspot.com/
Henri.
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Música para adorar.
Canto quando a música é de adoração a Deus.
O meu espírito sabe e reconhece porque o Espirito de Deus me diz. Sei que tenho as minhas preferências mas quando uma música é de adoração nós percebemos. Ela nos enleva e cria em nós o desejo de adorar e obedecer. Ela está paralela com o que diz a bíblia. Ela honra a Deus.
Uma música pode servir para muitos objetivos mas aquela usada no momento de louvor só poderá servir para adorar a Deus. Como nós não temos um momento de louvor a música que cantamos só pode ser aquela que expressa o nosso louvor.
Continuo insistindo que é a Deus que devemos louvar.
Cuidado com essa economia imensa que estão fazendo quando para economizar letras tiram o "D" e o "s" e acabam louvando a "eu".
E temos muitas músicas com essa finalidade e que são cantadas dentro das igejas como se fossem louvor a Deus. Quando isso acontece, a intenção é a de se sentir agradado e qualquer música serve. Qualquer barulho serve. O que importa é que "eu" me sinta bem!
A bem da verdade, nem toda a música serve, porque aquela que tem a função de adoração não serve. E essa é desprezada nos tais momentos de "louvor". E é isso que temos percebido, não é verdade?! Precisa ser uma música que me deixe pra cima, que me convença de que sou "cabeça e não rabo!"
Para que gastarmos tanto tempo com a leitura e meditação na bíblia se podemos cantar? Afinal, diz o ditado, "quem canta seus males espanta". E o que eu quero é me sentir bem. Quero sair da igreja revigorado e pronto para enfrentar mais uma semana até o próximo domingo à noite. Sim, domingo à noite porque na parte da manhã estou cansado demais para ir à EBD e também o "momento de louvor" é muito fraquinho!
Por isso é que à noite, quando o culto "bomba", eu preciso cantar coisas que me façam sentir invencível, poderoso, determinado, especial, rompedor de quaisquer barreiras, etc...E então, a mensagem tem de ser conforme a música.
E na realidade há muitos pastores pregando (dançando) conforme a música! Público cativo de coisas, comendo bolotas para saciarem a sua fome.
Por que eu cantaria algo que declarasse minha imperfeição, pecado, afronta, precisão, debilidade, dependência, pequenez, necessidade de amparo e incapacidade de realizar algo por mim mesmo?
E então, a mensagem poderia ser inquisitiva sobre a minha vida com Deus. E mostrar-me que só com Ele é que poderei alcançar vitória!
Cantar é louvar a Deus.
E é para louvar a Deus que temos a única possibilidade para abrir a nossa boca com música.
É o nosso serviço que continuamente fazemos com alegria mas que nunca somos dispensados dele. Estamos sempre diante do nosso Deus que deseja o nosso serviço louvor com alegria. A nossa adoração!
Foi para isso que Deus criou a música!
Do contrário, melhor é que fiquemos com a boca fechada. Até mesmo dentro da igreja.
Diácono Henri.
Olá!
ResponderExcluirMuito interessante essa discussão aqui!
O texto do Pr. Isaltino acaba esclarecendo que a questão é mais complexa, que vai muito além do âmbito musical. É, essencialmente, se o entendi bem, uma questão de conhecimento bíblico e de solidez teológica. Ok!
Refletindo sob outro ângulo, e considerando a realidade que se apresenta em quase todo lugar (as equipes de louvor estão aí, os grupos de dança, de teatro), e ainda que não estejamos juntos, sem fechar os olhos para as diferenças de conteúdo e de forma, a questão, ou talvez, algumas questões são: o que fazer? Vamos proibir a galera de tocar o que querem? Qual é a parcela de responsabilidade dos pastores e líderes na formação bíblica dos músicos? Será que achamos que a herança (da boa tradição musical e litúrgica protestante) é passada geneticamente?
Não estou defendendo uma postura permissiva. Não. Defendo uma postura que ensine, e que seja sensível às necessidades das pessoas (os de dentro e os de fora da igreja). Uma postura que flexibilize o que dá pra flexibilizar, e que seja firme (mas paciente e didática) no tratamento das questões de conteúdo bíblico.
Abraços,
Cesar
Se até o Vaticano já reabilitou a missa em latim (que agora pode ser celebrada em qualquer lugar, sem ter de pedir autorização expressa ao Bispo) em resposta aos católicos que se recusavam a admitir a sacralidade das missas pós Vaticano II, por que não podemos também nós reclamar nossos hinos antigos e uma certa liturgia que nos devolva a seriedade e a centralidade da Cruz de Cristo?
ResponderExcluirQuem quiser bricar de roda, que espere a hora do recreio.
Querida Profa Westh Ney,
ResponderExcluirÉ primeira vez que visito seu blog.Meus sinceros parabéns!!!
O Pr. Isaltino tem sido uma benção para todos nós!
Peço a Deus que nos dê graça e coragem para nos posicionarmos biblicamente diante desse quadro terrível que temos presenciado em nossas igrejas. Também compartilho do mesmo sentido expresso pelo amado pastor...Tenho saudades de cantar Jesus,seu amor,seu sacrifício na cruz, sua ressurreição, seus ensinos desafiantes, sua coragem ante os fariseus, seu perdão, sua humildade, seu poder...Sinto saudades!!! Deus nos faça ver os "cânticos novos" porque creio que eles existem, mas não "vendem", nao agradam as massas consumidoras...
Deus abençoe cada vez mais!