Dietrich Buxtehude (c.1637-1707) - "... representa o climax da escola do norte da Alemanha dó séc. XVII, tendo exercido forte influência sobre J.S.Bach." Grove - a bíblia
da música segundo os críticos. Estou nessa madrugada ouvindo cantatas deste excelente músico.
Conheci Buxtehude e sua obra somente aos 20 anos quando fui estudar Música Sacra no Seminário do Sul,no Rio de Janeiro anos 70. Lá foi minha grande escola de formação musical e onde aprendi muito sobre a vida e espiritualidade . Tive outras - algumas importantes, outras nem tanto.
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Lembro com saudade do Colégio Anderson (lembra Lêda Maya?). Ali foi um divisor de águas na minha vida e calmaria do meu coração que brigava na ruas do centro da cidade do Rio, nos movimentos políticos e estudantis. Ali minha alma inquieta aprendeu que vale mais a justiça do que muitos movimentos sobre paz ou liberdade. Sem justiça não há nem uma nem outra. Grandes diretores e professores como Leão e Joaquim influenciaram nossas almas jovens nos turbulentos final dos anos 60 e início dos 70.
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Minha alma, coração, entranhas sempre foram barrocas desde minha adolescência nos discos que ouvia com meu pai e nos bancos da Igreja batista Itacuruçá onde meus sonhos eram construídos ao som do órgão que Yara Curvacho tocava (Bach, naturalmente) e nas músicas que cantava no coro da igreja (mesmo adolescente) regido por Elza Lakschevitz.
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É muito ingrato, para não dizer ignorância ou desconhecimento, creditar e pensar só nestes lugares e pessoas. Somos em suma o resultado de tudo que ouvimos, vimos, sentimos, lemos, cantamos, escrevemos. Trazemos pela vida as marcas de todos que passaram por nós. Elas são de tudo que vivemos, de bom ou ruim.
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Por isto é difícil encontrar alguém que entenda todas as marcas que trazemos, impossível isto. Elas são somente nossas, mesmo vivendo as mesmas experiências e sendo da mesma geração. Nossos ouvidos e olhos ouvem e veem o que o cérebro seleciona e registra na nossa mente, coração, alma... as impressões são únicas.
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Reside aqui então, a dificuldade que temos durante a vida toda se não nos amarmos, se não gostarmos de conviver conosco na solitude necessária ao equilíbrio emocional e mental. Se nos bastarmos, se gostarmos de nossa companhia haverá um caminhar maravilhoso com o outro.
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Nós somos plural,
somos muitos,
somos únicos.
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Comecei por Buxtehude e iria escrever sobre ele, mas de uma forma catártica me derramei enquanto escutava esta seleção - Lindos estes novos tempos, mas não seria assim se não tivesse atravessado vales e montanhas.
Boa madrugada para todos e principalmente para aqueles que sabem realmente que é neles que estou pensando enquanto escrevo.
Westh Ney, 30/07/17
https://youtu.be/4ms61jYEBVU?list=RD4ms61jYEBVU
https://www.youtube.com/watch?v=4ms61jYEBVU&list=RD4ms61jYEBVU#t=0
domingo, 30 de julho de 2017
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