“O Cântico reflete a fé, as tradições, os valores, as preferências, as doutrinas, os rumos e a espiritualidade de cada um de nós. Nosso cântico reflete quem somos e onde estamos, na peregrinação cristã.” (Joan Sutton, 1991)
Joan Riffey Sutton Houston (26/07/1930 - 05/03/ 2016)
Nasceu em Louisville, KY, EUA e em 1935 veio para o Brasil (com 5 anos) acompanhando seus pais que estavam sendo designados como missionários da Junta de Richmond - John e Esther Rifley -, e que serviram em oito estados do Brasil. Seu pai foi diretor do Curso por Extensão do Seminário Teológico Batista do Sul do Brasil, de 1938 a 1954. Sua mãe, D. Esther além do trabalho na Igreja local no Rio foi também autora e compositora para crianças trabalhando no Curso de Obreiras (mais tarde IBER, hoje CIEM). Estudou nos Colégios Batistas de Belo Horizonte e do Rio de Janeiro até o 2º grau, voltando para os EUA para estudar Licenciatura em Violino e Bacharel em Letras e Literatura inglesa e francesa na Baylor University e Mestrado em Música Sacra no Seminário Teológico Batista do Sul dos EUA.
Viúva bem jovem - com apenas um mês de casada com Stanley Johnson -, conheceu no curso de mestrado em Música Sacra o doce e amado prof. John Boyd Sutton (já nos braços do Pai) com quem ficou casada por 53 anos. Em 1959 volta para nosso país como missionária, após três anos de trabalho com seu esposo na Carolina do Norte (Hendersonville). Filha de missionários, criada nas cercanias do STBSB, volta, em 1961 leciona música no STBSB e em 1963, junto com seu esposo iniciam o Curso de Música Sacra do Seminário do Sul. John Edwin (1954), Laura (1957) e Cecília (1960, nascida no Brasil), são os três filhos amados deste casal de /músicos/professores/missionários.
Edith Mulhond, no livro Notas Históricas do HCC (pág. 36) escreve: “Bem cedo revelou o seu talento musical. Desde os seis anos estudou piano, adicionando, depois, o violino. Em seu sermão oficial no VI Congresso Nacional da Associação dos Músicos Batistas do Brasil, realizado em Fortaleza, CE, D. Joana recordou a sua formação espiritual e musical. Realçou as suas experiências nos corais da sua igreja e escola, as capelas, os cultos, os orfeões. Sobretudo ela se lembrou dos hinos, que ajudaram a formar esta líder que mais tarde teria forte influência na música sacra brasileira”.
Após 20 anos abençoados no STBSB, em 1983, seguiu para outro campo missionário no Sul do Brasil, onde prof. Boyd dirigiu o Departamento de música da Convenção Batista do Rio Grande do Sul. Lá, profª Joana continuou sua produção musical como tradutora e assessora de Música da JUERP.
Muito cooperou com a AMBB – Associação de Músicos Batistas do Brasil e em 1987 foi designada pela CBB como a coordenadora do Projeto HCC – que não era só mais um hinário, mas um projeto com cinco volumes para o auxílio às Igrejas Batistas brasileiras para apoio e uso no Culto Cristão: Um Hinário com harmonização em vozes SCTB; um com Cifras para violão; um sem música e só com letra grandes; um facilitado com 80 hinos do HCC e com Notas Históricas sobre todos os hinos do HCC (autores, compositores, tradutores e arranjadores). Conviver com ela nas mesas lotadas de Hinários de diversos países e denominações, manuscritos, rascunhos, com sua disciplina, fé, perseverança e metodologia de trabalho foi uma pós-graduação para todos da Comissão do Projeto HCC. Nós, seus alunos (ex), sentíamos grande orgulho de sentar com a mestra em volta da mesa de trabalho. Como aprendemos! Em Janeiro de 1991, entregou à denominação batista brasileira (CBB) o Hinário para o Culto Cristão, sendo oradora oficial nesta mesma Assembleia (72º) sobre “Adoração, Oração e Ação”.
Em outubro de 1992, o amado casal missionário, nossos professores da década de 70 e 80 (para quem estudou no STBSB), após trabalhar, servindo durante 33 anos no Brasil, voltou à sua terra natal, onde em 1993, o Prof. Boyd assumiu o Ministério de Música da Igreja Batista de Shaw Creek. Lá em Hendersonville, Carolina do Norte, EUA continuaram a exercer com dignidade o que sempre fizeram neste nosso país – Servir. Após grande enfermidade, o Senhor Deus chamou para si, para seus braços nosso amado professor Boyd.
Joan Sutton – compositora/autora – e tradutora (músicas para coros e para o ensino de Canto) tem sido considerada por muitos estudiosos como dona de um vasto e importante patrimônio musical sacro no Brasil (e isto é comprovado no material que doou para a mesma Universidade que estudou, a Baylor University). Com todo seu material, - usado, criado e ensinado no Curso de Música do Seminário do Sul, no Rio de Janeiro – estão os manuscritos pessoais, partituras (arranjos musicais e composição), cantatas, papéis com anotações de aulas, materiais de ensino, coleções e outros itens por ela doado, foi então criado na Biblioteca da Universidade a Coleção de Música Sacra Brasileira. Esta homenagem que a Baylor University fez, nos EUA, foi no dia 28 de outubro de 2010, e na ocasião do jantar solene, o ex-missionário e pioneiro na Música Sacra no Brasil, – Bill Ichter – fez um discurso em homenagem à D. Joana, falando do Brasil. Perguntou Bill para D. Joana quanto tempo poderia dispor para falar e ela respondeu: “No máximo 5 minutos”. Impossível isto, mas esta é a Profª Joan - simples, humilde, direta e clara.
D. Joana, como nós brasileiros a chamavam, era perfeita como tradutora - seu excelente dom -, e de uma simplicidade na escrita impressionante, além do seu conhecimento, bem, acho que por isto mesmo era assim. O interessante na vida da professora é que não guardava para si o que sabia, mas prodigamente repartia. Ela traduziu grandes obras como O Messias, de Handel; Elias e Cristus, de Mendelssohn; Réquiem, de Brahms, As Sete Últimas Palavras de Cristo na Cruz, de Dubois, Glória, de Poulenc e Oratório de Natal de Bach (1º cantata). Sua obra hinológica é vasta e está registrada em alguns hinários e também de forma avulsa.
Também traduziu cantatas de Natal como Eis! A estrela (Graham) e Um menino nos nasceu (Williams); de Páscoa - Pela manhã vem a alegria (Danner); Missionárias - Maior amor e Eu Vos Envio (Peterson) e Testemunho (Reynolds). Também cantata para adolescentes e jovens Escuta outra vez (Burroughs) e Boas novas (Oldenburg). Celebração de Buryl Red, fez um sucesso nos anos 70 como um dos primeiros musicais feitos pelo país. Elas são dos anos 70 e foram publicadas pela JUERP.
No HCC temos 52 contribuições entre poesias, metrificação, músicas e traduções (33). “E Habitou entre nós” (SCTB) e “Presente de Natal” (infantil) são duas cantatas publicadas pela JUERP. A “Trilogia da Vida”, dedicada ao Coro Jovem de Itacuruçá (Igreja batista no Rio) não foi publicada e entreguei os manuscritos que tinha em meus arquivos quando da homenagem em Baylor. Além da música vocal (coro, solo) ela escreveu para violino e piano. Aliás, lá na Coleção de Música Sacra Brasileira, em Baylor University, inaugurado por ela, estão todas as suas obras que valem uma busca minuciosa para registrarmos aqui no Brasil, para conhecimento dos alunos de hinologia.
Também traduziu cantatas de Natal como Eis! A estrela (Graham) e Um menino nos nasceu (Williams); de Páscoa - Pela manhã vem a alegria (Danner); Missionárias - Maior amor e Eu Vos Envio (Peterson) e Testemunho (Reynolds). Também cantata para adolescentes e jovens Escuta outra vez (Burroughs) e Boas novas (Oldenburg). Celebração de Buryl Red, fez um sucesso nos anos 70 como um dos primeiros musicais feitos pelo país. Elas são dos anos 70 e foram publicadas pela JUERP.
No HCC temos 52 contribuições entre poesias, metrificação, músicas e traduções (33). “E Habitou entre nós” (SCTB) e “Presente de Natal” (infantil) são duas cantatas publicadas pela JUERP. A “Trilogia da Vida”, dedicada ao Coro Jovem de Itacuruçá (Igreja batista no Rio) não foi publicada e entreguei os manuscritos que tinha em meus arquivos quando da homenagem em Baylor. Além da música vocal (coro, solo) ela escreveu para violino e piano. Aliás, lá na Coleção de Música Sacra Brasileira, em Baylor University, inaugurado por ela, estão todas as suas obras que valem uma busca minuciosa para registrarmos aqui no Brasil, para conhecimento dos alunos de hinologia.
No Curso de Música do Seminário do Sul, ela foi a nossa querida professora de coros graduados, hinologia, contraponto, harmonia, composição, arranjo, tradução, forma e análise, violino, piano, órgão e foi também uma conselheira, uma mentora de quase todos que estão espalhados por este país na Educação e no Ministério de música. Muito dela está nos nossos corações, marcas em cada um que teve o privilégio de estudar com ela. Sempre muito exigente, mas também muito competente. Os que não estudaram com ela, receberam dos que tiveram este privilégio, o jeito firme de encarar a obra de Deus, o desejo de fazer um trabalho, bem feito e correto, a amabilidade, o sorriso suave, o esmero em procurar a excelência em tudo. Uma americana de alma brasileira.
Gostaria de lembrar um hino (480 HCC) de protesto que fez em 1965 – Seguir a Cristo não é sacrifício – no primeiro período de férias nos EUA. Presente em grande assembléia ficava triste quando alguém ao abraçá-la dizia do sacrifício que sua família estava fazendo no campo missionário e em resposta, então ela compôs este hino em inglês e que foi traduzido em 1966. Foi o seu primeiro hino a ser publicado, entrando na Coletânea Vinde, Cantai (1980). Foi também o hino oficial da União Feminina Batista do Brasil em 1985. Diz ela: ”este hino expressa bem como sinto a chamada e a bênção suprema de obedecer a Deus. Gosto muito do estribilho.”
Não nos promete honras nem riquezas,mas ele diz: Convosco eu estarei.Seguir a Cristo não é sacrifício,
é triunfar com Deus, é ser feliz. (estrib. do hino 480)
Joan Sutton deixa entre nós a sua linda prole, sua especial família: Três filhos - John Edwin, Laura e Cecília. Cinco (5) netos, filhos do John Edwin: Leslie Sutton Lewis, Lora Lynn Sutton, John Ryan Sutton, Matthew William Sutton; e Samantha Lee Anne Floyd, filha da Laura. Deixa também dez (10) bisnetos: Alexis e Marcus Allison, Shelby, Peyton, e Annalynn Lewis, Madison, James, e William McSwain, e Ava e Grabriella Sutton. Em julho de 2013, aos 82 anos, casou com Reagan (Rick) Houston, e com este vieram também: uma filha Lynn Houston Baskett, duas netas: Heather e Holly Baskett; e um bisneto: Jameson Baskett.
Até 2014, Dona Joana (nós sempre a chamávamos assim) foi membro ativo dos Joy Singers – Cantores da Alegria - em Carolina Village, atuando na Capelania do Hospital e no Coro de Hendersonville. Seu filho John (Jes) Sutton escreveu: “... a vida dela é um exemplo do verdadeiro ministério de encorajamento. Ela tocou a vida de sua família, seus alunos, e amigos de uma tal forma que a influência dela vive através deles. A Deus seja a glória!”.
Os Cultos em Ação de Graças por sua vida foram realizados no dia 11/03/16 na Providence Baptist Church, Hendersonville e no dia 12/03/16 em Carolina Village, Hendersonville onde viveu por alguns anos e serviu ajudando e cantando no coro.
Gostaria que as gerações de hoje ou vindouras a tivessem conhecido, e por isso não quero perder a oportunidade de escrever e deixar registrada a minha gratidão e de tantos irmãos que conviveram com ela e que ainda hoje cantam seus hinos ou arranjos.
Ao Senhor seja a Glória e a honra por sua vida preciosa!
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Westh Ney Rodrigues Luz, profª da FABAT/ STBSB - Seminário Teológico Batista do Sul do Brasil, assessora da comissão executiva da AMBB, relatora da comissão de Assuntos, Base Bíblica e Organização do HCC e membro da Igreja Batista Itacuruçá, Rio ..............
REFERÊNCIAS:
. MULHOLLAND, Edith Brock. Notas históricas do Hinário para o Culto Cristão (HCC): Rio de Janeiro:
JUERP, 2001
. Hinário para o Culto Cristão. Rio de Janeiro: JUERP, 1991 p.vii (apresentação)
. Dados fornecidos pelos filhos John Sutton (Jes) e Laura Sutton Floyd e amigo Bill Ichter.