Meu pai nunca disse
o que eu deveria fazer ou ser,
nunca me deu conselhos,
ou censurou minhas
decisões afetivas,
profissionais ou
mesmo espirituais.
Nunca.
.
Enquanto caminhava com ele
pelas ruas cheias e claras
ou escuras e vazias
do centro do Rio,
ou no ônibus cheio
ou no carro
(ouvindo Nelson Gonçalves),
o meu pai só
ouvia,
ouvia,
ouvia...
.
Ele me escutava,
e eu via seu meio sorriso,
ou escutava suas raras gargalhadas,
ou apenas um "hum hum" com lábios cerrados
que sempre acreditei serem um "sim sim".
E eu falava,
falava,
falava muito...
Contava histórias,
quase sem respirar,
e sonhava,
sonhava,
sonhava...
.
Ele?
Escutava,
escutava,
escutava...
e sorria
com seus olhos
pequenos e pretos.
.
Hoje, ele não mais pode me ouvir, e
não sinto falta de falar com ele.
Já falei tudo.
Só sinto falta do seu silêncio
e também de beijar e
abraçar,
abraçar,
abraçar.
Bênção pai!
por Westh Ney Rodrigues Luz
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