Gente,
sempre visito minha mãe que mora bem longe, apesar de morarmos na mesma cidade, no Rio. Ela fica na janela do seu apto me vendo ir embora até eu sumir e dobrar a esquina. Toda semana estou lá. Quando vou embora, depois de pedir a bênção, caminho até o ponto do ônibus e dou meu primeiro aceno ainda no portão do prédio. Atravesso a rua e vou caminhando uns 300 metros até dobrar a esquina. Vou parando e olhando para sua janela (4º andar) e lá está ela com seus cabelos brancos e bonitos esperando para acenar. Sempre é assim a minha despedida.
Hoje foi um destes dias.
.Hoje foi um destes dias.
Hoje não pude deixar de lembrar da dor de um pai - o pedreiro que ontem ao acenar para seu filho único de 26 anos, como sempre fazia enquanto ele atravessava a passarela, sem imaginar que seria seu último balançar de braço com toda o significado que isto tem ao vê-lo despencar e ser atirado dentro do canal que levaria a sua vida.
Que dor, que tragédia!
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Neste momento pensei em minha mãe que já perdeu sua filha caçula, netos e genro de uma forma trágica e pedi ao Senhor que a poupe de ver isto novamente.
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Deus console e cuide deste pai e mãe que viam no Adriano de Oliveira (nome do jovem) um motivo de orgulho. Dizem todos da comunidade que ele era o orgulho dos seus pais que muito fizeram por ele e o único da família a ter um curso superior. A dor de ver um filho morrer enquanto sai para seu trabalho cotidiano, diante da rotina diária de acenar para seu querido é de doer o coração.
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Hoje acenando para minha mãe doeu meu coração por aquele pai. Não posso nada diante desta tragédia, mas escrevo isto lembrando que a vida é breve e que nos pequenos - ou nem tão pequenos - atos de braços, acenos e abraços, que estes sejam cheios de amor e ternura.
. Abraços para todos
westh ney rodrigues luz