1. Mantenha-se firme na Fé.
2. Procure ter um bom relacionamento com o pastor com quem você trabalha. Não se esqueça que ele é o líder espiritual da igreja.
3. Não esqueça que o ministério da música deve tentar ser significativo para todas as idades.
4. De uma maneira ou outra, procure dar mais ênfase na mensagem da música. A mensagem e de suma importância e a música, o instrumento que Deus para comunicar a mensagem.
5. Seja "adaptável." Vivemos num mundo de mudanças, mas no seu desejo de adaptar, não comprometa os seus ideais. Os americanos têm uma expressão - Quando jogar fora a água do banho, não jogue fora o nenê.
Bill Ichter é quase um brasileiro. Aliás, ele sempre foi conhecido como o mais brasileiro de todos os missionários, todos que o conheceram dizem a mesma coisa. Torcia pelo Vasco, time carioca de futebol, com camiseta e tudo, e ainda frequentava os jogos no Estádio do Maracanã com seus filhos.
No ano de 2019, Bill Ichter completou 70 anos de ministério dedicado à Cristo. Dia 09/10/08 perguntei-lhe por e-mail, o que trazia mais saudade ao seu coração de todas as suas realizações e criações aqui no Brasil. Respondeu-me assim:
- De tudo que Deus permitiu que fizesse e realizasse durante os meus 35 anos no Brasil, eu sinto mais a falta dos brasileiros, a sua camaradagem, o seu calor humano, as suas amizades. É a resposta que dou para todos que por aqui perguntam.
Foi compositor, arranjador, escritor, compilador e editor. Escreveu muitos livros, organizou clinicas de música, compôs hinos, trabalhou incessantemente organizando, ensinando e ensaiando coros nas igrejas, formando assim grandes corais para as Cruzadas de evangelização que grassavam pelo país. Na Cruzada Billy Graham, em 1974, Bill regeu lindamente um fantástico coro - uma multidão no Maracanã, Rio de Janeiro, RJ. Eu estava lá.
Em 1943, quando cursava Pré-Medicina na Faculdade, tem o encontro com Cristo, como seu Salvador pessoal. Foi para a guerra (Segunda Guerra Mundial) onde foi condecorado. Era um veterano e todos os anos na Convenção Batista Brasileira, por meio da CONFRATEX, dirigida pelo Pr. João Filson Soren (capelão na Itália na mesma guerra), fazia parte do desfile dos ex-combatentes brasileiros que serviram na Segunda Guerra. Entrava garbosamente, e com muito orgulho com a bandeira americana.
Fez o curso de Bacharel em Artes, com especialização em Música, na Universidade Batista de Louisiana e o mestrado em Música Sacra no Seminário Teológico Batista de Nova Orleans, em 1955. Estudou regência com maestros importantes no exterior e no Brasil, mesmo em meio suas atividades como missionário músico percorrendo o país. Estudou com os maestros Diogo Pacheco e Isaac Karabtchevsky e professor Rossini Tavares Lima (música folclórica). Fantástico ver a vontade do Bill em estudar a cultura do povo onde ele investiu sua vida.
Foi o pioneiro em muitas áreas da Música Sacra no Brasil quando aqui chegou com sua querida, meiga e doce Jerry Catron Ichter (casados em 1949), e dois filhos pequenos Alana e Alan. Seus filhos Nelson e Carlos nasceram no Rio, RJ, Brasil. Tem duas noras brasileiras e três netos nascidos também no Brasil. Tem neto nascido na Korea; uma neta nascida na Alemanha; quatro bisnetos nascidos na Itália, e duas bisnetas nascidas no Kenya. Isto é fantástico. Uma vida nas mãos do Senhor, onde a pátria é o mundo.
Começou lecionando música, em classe, para os alunos de Teologia com aulas de teoria musical e regência no STBSB/Seminário do Sul. O Curso de Música Sacra, onde muitos dos ministros de música foram formados desde 1963, sob a liderança do casal Sutton – Joan e Boyd, ainda não existia. Bill foi a semente do curso, que hoje abriga a FABAT/ Faculdade Batista do Rio de Janeiro, pois com ele e suas experiências em viagens pelo país ficaram evidenciadas as necessidades que tínhamos na área da música para formação de liderança musical no Brasil. Disse ele sobre esse tempo:
“Gostei das minhas aulas porque todos os alunos foram obrigados a estudar, e assim pude deixar sugestões para os futuros pastores."
Bill Icther, organizou e coordenou a música no Brasil por meio do Departamento de Música da Junta de Escolas Dominicais e Mocidade, que mais tarde ficou conhecido como Superintendência de Música da JUERP. Ali foram publicadas coletâneas para coros infantis, coros de jovens e coros mistos (SCTB, vozes femininas e masculinas) e que ainda são usadas no país. Publicou diversas cantatas sazonais. Publicou o oratório O Messias de Haendel, resultado do trabalho com uma comissão de notáveis tradutores e regentes.
Também publicou livros como o conhecido e amado – Se os hinos falassem (4 volumes). As lindas histórias dos hinos mais amados pelos batistas nos animavam e assim, o povo cantava com entendimento e alegria. Publicou um pequeno livro – Vultos da Música Sacra evangélica no Brasil – que trouxe uma contribuição à hinologia. Compilou o livro Música e seu uso nas igrejas, abordando vários temas pertinentes sobre o ministério musical, pois como realizava tantas clínicas pelo país, percebia a necessidade de um livro didático. Essas coleções e livros ainda hoje ajudam muitos líderes.
Contribuiu também escrevendo na coluna chamada Canto musical, no O Jornal Batista, onde escreveu durante 10 anos e isso foi de grande valor para a formação da liderança musical brasileira. Não tínhamos ainda uma revista especializada como temos hoje – a Revista Louvor - e muitos músicos recortavam aquelas colunas, catalogavam e guardavam como preciosidade, pois traziam conselhos e informações para uso no ministério. Fiz muito isso e tenho ainda alguns recortes. Nestes tempos de pioneirismo e formação ainda bem que tínhamos o Bill Ichter, que sozinho saía pelas igrejas promovendo clínicas de música, ensinando em várias áreas musicais e regendo grandes coros nas Cruzadas evangelísticas que tínhamos pelo Brasil – mais precisamente Maracanã e Maracanãzinho. Estive em algumas delas e vivenciei aqueles momentos preciosos de comunhão e unidade batista.
Como foi citado acima, foi professor de música no Seminário do Sul, no IBER e no antigo Curso de Obreiras no Colégio Batista, dirigiu a música da CBC – Convenção Batista Carioca, além de membro da Igreja Batista Itacuruçá. Sempre no Rio.
Escreveu muitos hinos para diversas campanhas das nossas juntas missionárias, mas não queria que seu nome aparecesse em demasia, pois eram hinos missionários e ele achava melhor um nome de autor brasileiro. Usou muitos pseudônimos – Nelson Mariante, Severino Parente, Jana Oliveira, Jason Oliveira, Carlos Leite, Alana Silva, Nala Silva, Jeremias Oliveira, Ronaldo Oliveira. Era uma época difícil, pois não tínhamos tantos compositores como hoje. Esses hinos estão publicados em muitos hinários de campanhas de evangelização e material de promoção missionária. No Hinário para o culto Cristão temos duas cooperações do Bill Ichter. Na harmonização do 603 – Minha pátria para Cristo (439 CC – Cantor Cristão) e na música do hino 526 – Cristo, a única esperança (581 CC - Cantor Cristão).
No livro Notas Históricas do HCC – Hinário para o Culto Cristão, podemos encontrar muitos dados interessantes sobre sua atuação nos arranjos e revisão das fontes do CC – Cantor Cristão, onde Bill Ichter foi o coordenador da comissão juntamente com a professora Joan Sutton e seus alunos do Seminário do Sul. Trabalharam arduamente nos detalhes e informações históricas necessárias. As notas estão inseridas nas histórias dos hinos 526 e 603 no livro Notas Históricas do HCC, escrito por Edith Mulholland.
Bill recebeu o Prêmio Arthur Lakschevitz em 1988, oferecido pela Associação dos Músicos Batistas do Brasil – AMBB. Também recebeu mais dois prêmios na área musical: o Hines Sims Award em 1980, pela Associação dos Músicos Batistas da Convenção Batista do Sul (EUA); e em 1990, o Distinguished Service Award oferecido pela Escola de Música do Seminário Teológico do Sudoeste de Fort Worth, Estado de Texas. Por serviços prestados ao Rio de Janeiro, recebeu em 1984 a medalha Cidadão Honorário do Estado do Rio de janeiro, além de medalhas militares.
Durante dez anos, antes de se aposentar, trabalhou na Junta de Missões Mundiais como redator da revista O campo é o mundo e também coordenando o trabalho pela Ásia, África e América do Norte, sendo um assessor dedicado do pr. Waldemiro Tymchak, o executivo da mesma junta acima mencionada.
Gostaria muito que todos os que chegam agora e estão se empenhando pela boa música e seu melhor uso na igreja, espalhados por esse Brasil, pudessem ler isso e entender que tudo que fazemos hoje, é fruto de quem veio antes e nos deixou esse legado. Nossos professores nos seminários brasileiros e os músicos líderes nas igrejas, aprenderam com professores, que aprenderam com estes pioneiros. O que será que vamos deixar para as futuras gerações?
Em agosto de 1990, ele e sua esposa, a querida e doce irmã Jerry, agora aposentados, voltaram para seu país de origem. Durante algum tempo serviram como “Missionários locais”, no Centro de Treinamento Missionário da Junta de Richmond.
Foi ministro para pessoas de terceira Idade, na Primeira Igreja Batista de Minden, Louisiana e dirigiu o coro desse grupo. Com o coro viajou, cantou em diversas reuniões levando também um conjunto de sinos e um pequeno conjunto de Dulcimers. Nessa igreja serviu como diácono, cantou em dois coros e dirigia a música congregacional quando convidado. Sobre esse ministério assim narrou:
“No início do meu ministério na igreja em Minden, comecei a telefonar para todos da terceira Idade, no dia do seu aniversário. Para os homens, somente uma palavra, mas para as mulheres, cantava "Parabéns pra você," em português. Mesmo aposentado da igreja agora, continuo esta pratica porque temos muitas senhoras viúvas, que moram sozinhas e aguardam ansiosamente este cântico”.
Ainda, na sua aposentadoria, nos EUA, Pr. Bill foi capelão do Hospital local por doze anos, onde visitava os enfermos diariamente. Orava com todos que iriam se submeter a cirurgias. E após seu serviço como capelão do Hospital, ainda serviu dois anos como capelão da polícia do estado de Louisiana, deixando essa função somente quando sua querida Jerry foi acometida do Mal de Alzheimer.
Minha vontade é narrar toda a saga desta família após Bill e Jerry. É linda a história. Impressionante como quase todos os netos estão envolvidos com missões em diversas partes do mundo. Os frutos de amor e compaixão desta linda família estão espalhados por três gerações.
UM POUCO SOBRE SEUS FILHOS:
1. Alana chegou com seus pais ao Brasil e já tinha seis anos. Estudou no Colégio Batista e Escola Americana, foi para seu país natal, América, e é formada em Sociologia. Ela e seu esposo, Ronald Greenwich, trabalharam 32 anos em Santa Catarina. Fizeram um excelente trabalho. Dirigiram a Casa de Amizade em Florianópolis, depois trabalharam na implantação de igrejas e vários projetos sociais em regiões menos favorecidas. Em cada igreja, Alana sempre atuou na área da música além das outras áreas. O casal tem quatro filhos: Jason, Jeremy, Jana e Joel e doze netos.
2. Alan chegou com seus pais e fez como sua irmã, como normalmente acontece com todos os nossos missionários, voltam e cursam universidade no país natal. O que é muito interessante com os filhos do Bill é que sempre acabam voltando para o Brasil e servem aqui por algum tempo ou por toda a vida. Alan e Barbara se casaram em 1981, ela brasileira e membro da PIB de Copacabana, igreja onde Bill congregou e serviu por muitos anos. Alan morou na Korea e hoje está em Dallas trabalhando com marketing. O casal tem dois filhos: William e Michael e dois netos.
3. Nelson, carioca, estudou no Colégio Batista, na Escola Americana do Rio e na Faculdade Batista Carioca. Após a ida do Bill para os EUA, aposentado, ele continuou no Brasil por alguns anos. Em 1998 migrou para os Estados Unidos com a família. Janilda estudou e lecionou no IBER e STBSB e a família dele hoje é ativa na Prestonwood Baptist Church, em Plano, Texas, EUA. Cantam no coro, Janilda é líder do ministério Mães Unidas em Oração, no Texas e professora da EBD na língua portuguesa e Nelson diretor da classe. É casado com Janilda há trinta e dois anos (32) e tem um filho – Philippe, casado com Lindsey.
4. Carlos, carioca, estudou no Colégio Batista, na Escola Americana do Rio, formou-se em música, na Universidade Batista de Ouachita, com bacharelado em Educação Musical e no Seminário Teológico Batista do Sudoeste, com mestrado em Música. Casado com Shannon foram morar no Texas, onde estudou em Fort Worth. Foi ministro de música em Dallas, mas sentindo chamada de Deus para missões, vieram para o Brasil, pela mesma Junta que enviou os seus pais e irmã, a Alana. Foram trabalhar na Bahia, onde organizou o departamento de música da Convenção Batista da Bahia. Eu vi este seu trabalho, estava lá no acampamento da Convenção, como palestrante. O evento foi muito bom e é comentado até hoje entre os músicos baianos. Transferido para a Alemanha, usou da mesma estratégia: organizou os músicos batistas alemães, e ajudou a plantar uma igreja na Bavária. Após oito anos, voltaram para os Estados Unidos, para ser ministro de música da PIB de Nova Orleans onde ficaram até o furacão Katrina. Carlos foi um plantador de igrejas por treze anos no Brasil e na Alemanha liderando e realizando conferências e workshops. Atuou na faculdade de música da University of Central Arkansas e como especialista em música e adoração na Convenção Batista do Estado de Arkansas de 2006 a 2010. Foi ministro de música no Texas, Louisiana e Arkansas. Atualmente está na Tallowood Baptist Church, Houston, Texas, EUA como pastor de música e adoração. Interessante como o caçula do casal Ichter tem um ministério semelhante ao do seu pai – além do pioneirismo, sempre organizando e estruturando a música por onde passa. O casal tem 3 filhos: Leslyn, Christian e Daniela e dois netos.
OS NETOS DO BILL E JERRY: São 10 netos e 16 bisnetos.
Seus netos são ativos e muitos já estão no ministério.
⦁ Um foi missionário na Itália pela Junta de Richmond e com os Atletas de Cristo durante 15 anos.
⦁ Outro foi técnico de futebol (brasileiro) e professor de Espanhol, em uma escola cristã, em Nairobi, Kenya e hoje é missionário em um país muçulmano;
⦁ Uma trabalhou em um Centro de adoção e hoje, junto com seu marido e filhos, é missionária na Itália.
⦁ Um neto cursou seminário e participou de viagens missionárias para lugares como Índia, Korea, Equador, Canadá e Brasil e hoje tem doutorado em pedagogia e trabalha com jovens menos favorecidos.
⦁ Um foi militar e hoje atua no campo médico como dosimetrista.
⦁ Outro serve a Deus como missionário em outra vila africana na tradução da Bíblia para aquele povo que não tem acesso à Palavra de Deus.
⦁ Uma neta é professora de música em uma escola, onde tem recebido vários prêmios pela excelência em ensino.
⦁ Outro é ministro de música na igreja New Life, em Conway, Arkansas.
⦁ Outra neta se forma na Baylor University, em 2020 em música.
⦁ Outro neto, trabalha na área financeira em Dallas.
Que vida abençoada, a do querido Bill Ichter.Trabalhou muito, investiu sua vida no Reino de Deus, fez muitos amigos, muitos discípulos, deixou saudade por onde andou e não perdeu a sua família. Deus seja louvado por ele e por toda a sua descendência. Graças Senhor por Jerry e Bill, pelo coração de servos submissos e pelo amor e carinho para o nosso povo brasileiro. Ao nosso Deus e Pai amado a glória e a honra para sempre.
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Westh Ney Rodrigues Luz – Ministra de música, profª do Seminário do Sul (STBSB/FABAT), membro da Igreja Batista Itacuruçá, redatora da Revista de música Louvor e regente dos Coros feminino Cantares e masculino do Seminário do Sul/FABAT.
Bibliografia consultada:
• Mulholland, Edith – Notas históricas do HCC. Rio de Janeiro: JUERP, 2001
• Correspondência por e-mail, em outubro de 2008, entre Bill Ichter e autora do artigo.
• Correspondência por e-mail com seus filhos Alana Ichter Greenwich e Carlos Ichter e com sua nora Janilda Ichter.
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