quinta-feira, 1 de novembro de 2012

SOBRE O BELO, A ESTÉTICA E OS ALUNOS


Westh Ney Rodrigues Luz


Lendo recentemente um texto sobre  Estética e História da Arte veio logo á minha memória  dois casos que vivenciei.

O primeiro aconteceu no Metrô do Rio. Uma mulher me abordou quando lia o livro " Apreensão do Belo" de Meltzer e Williams. Perguntou-me se era sobre a prisão do Belo (o cantor). Fiquei sem ação e simplesmente respondi não. Não havia espaço para uma discussão filosófica dentro de um transporte coletivo, ainda mais quando ela pergunta isto bem alto. Os parâmetros culturais que ela trazia  não me trouxe tranquilidade para discutir ali o quê ou quem era o Belo em questão.

O segundo caso que me trouxe perplexidade foi ver em um Colégio tradicional e particular da Zona Sul do Rio de Janeiro – onde lecionei Educação artística – as professoras das turmas e as de arte sendo obrigadas pela direção retocarem as pinturas e os quadrinhos feitos pelas crianças. De maneira alguma estes objetos poderiam ser enviados aos pais, era a ordem da direção.. Desde cedo a Escola adestrando e formatando a criatividade, o olhar estético das crianças. A arte não é esta cópia do real, ela é além, é maior.  

O que é Estética e o que é Belo? Será que é algo que nos toca, nos faz bem só de olhar ou ouvir, que afeta  nosso senso estético desde a natureza, árvores, flores, animais, pessoas até criações artísticas?

Estética (em grego aisthetikós)  é a sensibilidade que temos para perceber as coisas. Uma obra de arte por mais perfeita ela ainda precisa de quem a observa, pois o artista a concebe, mas quem a vê o recria. Seres humanos são sensíveis ao apelo da beleza. Como se fosse um sentido subjetivo para apreciar, não simplesmente ver ou ouvir. O Belo é algo que consegue exprimir o que foi proposto naquela obra ou objeto. Por mais estranho que seja o objeto, ele cumpriu as regras que se propôs usar para chegar ao seu final e chega a alguém e este será impactado por esta arte ou este objeto e cada um fará a sua leitura. O feio seria o contrário - não atingiu o seu alvo. (SIGNORELLI,  2008, p. 15)

Immanuel Kant (1724-1804) afirma  que o Belo é  aquilo que agrada universalmente, ainda que não se possa justificá-lo intelectualmente. Para ele, o objeto é uma ocasião de prazer, cuja causa reside no  sujeito, em que aprecia ou está exposto a este encontro com a Arte. Sobre o Sublime em arte, este é mais do que pensar no Belo que é variável em cada época. Sempre tenho aplicado este conceito com meus alunos. O sublime é mais uma   potencialização do Belo, ligado ao sentimento, à expressão e não à racionalidade. 

Voltando ao conceito de Arte e de Belo, esta (arte)  alcançará o objetivo que aquele objeto estava proposto. Não é para ser a perfeita  representação da realidade mas ela, a arte, usará corretamente o que desejar com regra para ter o seu objeto do jeito que o imaginou. No quadro de  Honoré Daumier – Queremos Barrabás - , a arte tem ali como objeto a sociedade onde mesmo retratando a miséria, ali existe o Belo. (ARGAN, 1992, p.64)

Para que haja a percepção do significado do Belo é preciso ter uma experiência estética e então penso na Escola, na família e nas instituições que precisam proporcionar isto às pessoas, mais precisamente e prioritariamente às crianças.  

Será que o Belo que cada um percebe não está impregnado da sua cultura, será que nossa percepção é totalmente isenta ou foi formada? Olhando por outro ângulo é assustador imaginar que nós professores podemos influenciar o aluno. Não podemos impor nossa estética à outra pessoa, ao aluno, mas podemos abrir janelas para que conheçam obras de arte de qualquer forma (plástica, música, poesia...) 

No encontro com a história da Arte, conhecendo as características de cada período, e entendendo que nenhuma arte está solta no espaço mas,  que ela acontece no espaço social, na cultura de cada lugar onde ela nasceu,  nossos alunos expandirão seus horizontes e aprenderão a apreciar a Arte que agora conhecem pois foram apresentadas 

Quando de forma interdisciplinar a Arte , a História, o Português, a Música e outras áreas de conhecimento conseguirem um entrelaçamento recriando o ambiente social do período histórico e social que estiver em questão, teremos alcançado uma forma criativa e eficaz de ensino. 
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REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA 

ARGAN, Giulio Carlo. Arte Moderna. SP: Companhia das Letras, 1992.
INSTITUTO DE GESTÃO EDUCACIONAL SIGNORELLI. Guia de estudo em 
       ARTES, Estética e História da  Arte. RJ: SIGNORELLI, 2008.

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